Resumo
Cuidar de um filho com Síndrome Congênita de Zika (SCZ) implica numa reelaboração de estratégias de mobilidade de famílias inteiras num novo contexto epidêmico. O trabalho descreve três domínios de cuidados, - relacional, de atendimento, de conhecimento - formados em torno da criança afetada por SCZ, por mães, instituições de atendimento e pesquisadores, respectivamente. A pesquisa foi realizada através de observação e participação durante itinerários terapêuticos e entrevistas feitas por uma equipe de antropólogos num projeto do edital nacional (CNPq/CAPES/DECIT) Combate ao Zika entre 2016 e 2020. Aborda etnograficamente a prática e negociação de relações de poder vividas nos diferentes domínios por mães com crianças com SCZ a partir da experiência de três mulheres em Pernambuco. Foca em cuidados e mobilidade em mudanças residenciais, deslocamentos cotidianos e reorganização de redes de relações com pessoas próximas. Mostra que as mães utilizam relações familiares para enfrentar impedimentos nos serviços de atendimento, valorizar as suas próprias ações, e para favorecer sua inserção em associações que favorecem a politização da maternidade na luta para direitos nestes contextos.
Palavras Chaves:
Zika; relacões familiares; mobilidade; poder; acesso a direitos