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A VEROSSIMILHANÇA É MUITA VEZ TODA VERDADE: UMA ANÁLISE DO FANTÁSTICO EM "UMA VISITA DE ALCIBÍADES"

VERISIMILITUDE IS OFTEN ALL TRUTH: AN ANALYSIS OF THE FANTASTIC IN "A VISIT FROM ALCIBIADES"

Resumo

No início dos anos 1880, a ficção de Machado de Assis encena uma mistura entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, quer seja pela presença de narrador e autor defuntos, quer pela criação de personagens outrora mortos. Tais procedimentos têm sido entendidos como: um vínculo com a tradição menipeia do diálogo dos mortos; uma forma de afronta ao leitor; o desdobramento do eu em autoconsciência analítica; a galhofa às teorias e ideias da época como o espiritismo, entre outros pontos de vista interpretativos e analíticos. Neste artigo, propõe-se que o insólito encontro entre um desembargador no Rio de Janeiro do Império e o belo homem grego, morto em 404 a.C., pode ser lido como um procedimento retórico que cria a paródia dos discursos aceitos como plausíveis naquela sociedade em que o conto foi publicado. Ao mesmo tempo, a narrativa em si, a carta que descreve um encontro insólito, une a pragmática de um desembargador ao aparentemente inexplicável, que se utiliza do modo fantástico para a solução de um problema intrincado: a presença de um corpo morto em um quarto de vestir.

Palavras-chave:
Machado de Assis; retórica do fantástico; verossimilhança; modo fantástico; homossexualidade

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