RESUMO
O artigo tem por objetivo analisar a raiz heideggeriana do tratamento da história no jovem Derrida. Juntamente à sua análise do problema genético em Husserl, Derrida constrói sua discussão crítica da razão histórica referindo-se ao problema da historicidade originária em "Ser e Tempo". São conhecidos os seus estudos dos anos 1970 em matéria de Heidegger, em torno do problema do tempo e da diferença (em "Ousia et grammé" e no ensaio sobre "La différance", por exemplo), porém, uma nova e mais explícita evidência sobre esta relação primária com Heidegger em torno do problema histórico é oferecida pelo curso que Derrida ministrou na École Normale Supérieure de Paris no período 1964-1965, sob o título "Heidegger: a questão do Ser e da História". Nesse curso, que acaba de ser publicado, Derrida discute a questão linguística associando-a ao problema heideggeriano da contaminação ineludível entre narração e fundação. No texto que segue, pretende-se analisar os termos de tal herança heideggeriana e, ao mesmo tempo, destacar as questões críticas que emergem desse curso e detalham a distância entre o jovem Derrida e Heidegger.
Palavras-chave:
Historicidade; Heidegger; Derrida; narração; ficção