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Epilepsia do lobo temporal com esclerose hipocampal unilateral e início ictal contralateral no registro de superfície: relato de quatro pacientes com "burned-out hippocampus

RESUMO OBJETIVOS: Pacientes com epilepsia do lobo temporal (ELT) e esclerose hipocampal (EH) unilateral acentuada podem apresentar início ictal contralateral à EH no registro com eletrodos de superfície. Esta situação foi recentemente chamada de "burned-out hippocampus", que pode corresponder a uma entidade rara. Nesse estudo, nós relatamos os casos de quatro pacientes com EH unilateral marcada e início ictal contralateral à EH nas crises registradas com eletrodos de escalpo. Nós discutimos a importância desses casos na avaliação pré-cirúrgica de pacientes com ELT, bem como as possíveis estratégias utilizadas na avaliação desses pacientes. PACIENTES E MÉTODOS: Nós revisamos os dados de todos os pacientes com ELT submetidos a avaliação pré-cirúrgica, que incluiu ressonância magnética (RM) de encéfalo de alta definição e monitorização prolongada com vídeo-eletroencefalograma (vídeo-EEG) com eletrodos de superfície, em um período de 3 anos (2002-2004). Procuramos por pacientes que apresentaram apenas crises com início ictal contralateral ao lado da EH. RESULTADOS: Quatro pacientes preencheram os critérios acima. Dois desses pacientes foram submetidos a monitorização semi-invasiva com eletrodos de forame oval (FO), que mostraram crises com origem no lobo temporal com o hipocampo atrófico, confirmando assim a falsa lateralização no EEG com os eletrodos de superfície. Esses pacientes foram submetidos a tratamento cirúrgico e apresentaram prognóstico pós-operatório favorável com relação ao controle das crises. CONCLUSÃO: "Burned-out hippocampus" pode não ser tão raro quanto se acreditava antes. Mais estudos serão necessários antes que seja possível afirmar que pacientes com EH unilateral e crises com início ictal contralateral à EH no registro com eletrodos de superfície podem ser operados sem confirmação da zona epileptogência através de monitorização invasiva. Nesses pacientes, a monitorização semi-invasiva com eletrodos de FO pode ser uma alternativa.

epilepsia do lobo temporal; esclerose hipocampal; falsa lateralização; forame oval


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