Acessibilidade / Reportar erro

Doenças cardiovasculares e uso de antipsicóticos na esquizofrenia: uma revisão

Cardiovascular diseases and use of antipsychotics in schizophrenia: a review

RESUMO

Objetivo

Realizar uma revisão de escopo a respeito dos efeitos adversos cardiovasculares e metabólicos associados ao uso de antipsicóticos em pessoas com o diagnóstico de esquizofrenia.

Métodos

Foi realizada uma revisão de escopo utilizando-se da base de dados PubMed, com descritores MeSH relacionados às doenças cardiovasculares e antipsicóticos. Foram encontrados 976 artigos, os quais foram filtrados por títulos, seguidos dos resumos e, na sequência, lidos na íntegra. Ao final, foram selecionados 71 artigos para a análise.

Resultados

O uso de antipsicóticos típicos e atípicos para tratamento da esquizofrenia associa-se a alterações glicêmicas e lipídicas, síndrome metabólica, hipertensão, ganho de peso e morbidade cardiovascular. Os estudos evidenciaram a existência de subdiagnóstico e subtratamento de doenças crônicas nessa população. A mortalidade por doença cardiovascular demonstrou aumento considerável nos pacientes em tratamento com agentes antipsicóticos, em comparação com a população geral.

Conclusão

Alguns fatores dos antipsicóticos, ainda não completamente determinados na psicofarmacologia, vêm se mostrando relacionados a maior risco de distúrbios metabólicos, comportamentais e intrínsecos às pessoas diagnosticadas com esquizofrenia, os quais podem agravar o curso clínico de tais doenças. Reconhece-se a necessidade de aprimorar o acompanhamento e o diagnóstico de doenças cardiovasculares e metabólicas entre pessoas com diagnóstico de esquizofrenia em tratamento com antipsicóticos típicos e atípicos.

Doenças cardiovasculares; esquizofrenia; antipsicóticos

ABSTRACT

Objective

To perform a scoping review of cardiovascular and metabolic adverse effects associated with the use of antipsychotics in people diagnosed with schizophrenia.

Methods

A scoping review was conducted based on the PubMed database containing MeSH descriptors related to cardiovascular diseases and antipsychotics. At first moment, 976 articles were found, which were filtered by titles, followed by abstracts, and then fully read. In the end 71 articles were selected for the analysis.

Results

The use of typical and atypical antipsychotics for the treatment of schizophrenia is associated with glycemic and lipid abnormalities, metabolic syndrome, hypertension, obesity/weight gain, and cardiovascular morbidities. The literature showed underdiagnosis and undertreatment of chronic diseases in this population. Mortality from cardiovascular disease showed a considerable increase in patients under treatment with antipsychotic agents, compared to the general population.

Conclusion

Factors, still not entirely determined, in the psychopharmacology of antipsychotics have been shown to be related to an increased risk of metabolic, behavioral and intrinsic disorders in people diagnosed with schizophrenia, which may worsen the clinical course of such illnesses. It is recognized that there is a need to improve the monitoring and diagnosis of cardiovascular and metabolic diseases among people diagnosed with schizophrenia on treatment with typical and atypical antipsychotics.

Cardiovascular diseases; schizophrenia; antipsychotics agents

INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a esquizofrenia é um transtorno mental grave, a qual afeta cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo. Está entre 1 das 10 doenças mais incapacitantes e é a terceira causa de perda da qualidade de vida entre os 15 e 44 anos, considerando-se todas as enfermidades11. World Health Organization. The world health report 2007: a safer future: global public health security in the 21st century: overview. 2007. p. 1-24. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/69698/WHR07_overview_eng.pdf? sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 5 abr. 2021
https://apps.who.int/iris/bitstream/hand...
. Em recente revisão do Global Burden of Disease Study sobre o impacto mundial da doença, a taxa de prevalência padronizada por idade foi de 0,28%, sem diferenças significativas entre os sexos22. Charlson FJ, Ferrari AJ, Santomauro DF, Diminic S, Stockings E, Scott JG, et al. Global epidemiology and burden of schizophrenia: Findings from the global burden of disease study 2016. Schizophr Bull. 2018;44:1195-203.. Homens e mulheres apresentam, no entanto, diferentes idades de início, expressão dos sintomas, curso da doença e resposta ao tratamento33. Aleman A, Kahn RS, Selten JP. Sex differences in the risk of schizophrenia: Evidence from meta-analysis. Arch Gen Psychiatry. 2003;60:565-71.. A incidência está próxima de 1,5 novo caso para cada 10.000 pessoas anualmente44. McGrath J, Saha S, Chant D, Welham J. Schizophrenia: A concise overview of incidence, prevalence, and mortality. Epidemiol Rev. 2008;30:67-76.. O início normalmente ocorre durante a adolescência; início na infância e na idade avançada, acima de 45 anos, é raro.

De acordo com a 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10)55. Iacoponi E. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10 – Diretrizes Diagnósticas e de Tratamento para Transtornos Mentais em Cuidados Primários. Braz. J. Psychiatry. 1999;21:132., trata- se de uma psicopatologia complexa caracterizada por distorções de pensamento, autopercepção e realidade externa, incluindo eco, imposição, disseminação ou roubo do pensamento, com percepções delirantes de controle e influência, alucinações auditivas, distúrbios do pensamento e sintomas negativos. De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), para o diagnóstico, o paciente deve relatar a presença de pelo menos dois sintomas, como delírios, alucinações, fala ou comportamento desorganizado e sintomas negativos, por um espaço significativo de tempo durante o período de um mês66. .American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5®). Disponível em: https://www.psychiatry.org/psychiatrists/practice/dsm. Acesso em: 15 abr. 2021.
https://www.psychiatry.org/psychiatrists...
.

Segundo a teoria dopaminérgica da esquizofrenia, os sintomas positivos da psicose – delírios, alucinações, incoerência do pensamento, alterações afetivas e psicomotoras – partem de hiperestimulação da atividade de dopamina em receptores D2. Por outro lado, os sintomas negativos, definidos como embotamento afetivo, alogia, abulia-apatia e anedonia, seriam decorrentes de redução na ativação de receptores dopaminérgicos no córtex pré-frontal77. Moreira FA, Guimarães FS. Mechanisms of antipsychotic medications: Dopaminergic hypotheses. Ribeirão Preto: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2007. p. 63-71.. Assim, a função dos medicamentos antipsicóticos seria reduzir a atividade dopaminérgica no núcleo accumbens, para atenuar os sintomas positivos, ao passo em que deve intensificá-la no córtex pré-frontal, a fim de atenuar os sintomas negativos77. Moreira FA, Guimarães FS. Mechanisms of antipsychotic medications: Dopaminergic hypotheses. Ribeirão Preto: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2007. p. 63-71..

Contudo, são observados efeitos colaterais importantes com o uso crônico da medicação, incluindo alterações motoras, tais como bradicinesia e acatisia88. Alves CRR, Silva MTA. A esquizofrenia e seu tratamento farmacológico. Estud Psicol. 2001;18:12-22.. Os antipsicóticos também são conhecidos por favorecerem anormalidades metabólicas, com destaque para obesidade, diabetes e dislipidemia, que aumentam o risco de doenças cardiovasculares, incluindo doença cardíaca coronariana e doença cerebrovascular, associadas ao aumento da morbimortalidade99. Newcomer JW. Comparing the safety and efficacy of atypical antipsychotics in psychiatric patients with comorbid medical illnesses. J Clin Psychiatry. 2009;70 Suppl 3:30-6..

Os distúrbios metabólicos são prevalentes em pessoas com esquizofrenia tratadas com antipsicóticos, principalmente com os atípicos, e são subdiagnosticados e subtratados1010. Elkis H, Gama C, Suplicy H, Tambascia M, Bressan R, Lyra R, et al. Consenso Brasileiro sobre antipsicóticos de segunda geração e distúrbios metabólicos. Rev Bras Psiquiatr. 2008;30(1):77-85.. Diante desse cenário, indivíduos com esquizofrenia morrem 10 a 25 anos mais cedo do que a população em geral, principalmente de doença cardiovascular (DCV) prematura1111. Bresee LC, Majumdar SR, Patten SB, Johnson JA. Utilization of general and specialized cardiac care by people with schizophrenia. Psychiatric Serv. 2012;63:237-42.. A razão para esse aumento da mortalidade pode envolver vulnerabilidade intrínseca, fatores de estilo de vida e efeitos iatrogênicos de medicamentos antipsicóticos1212. de Hert M, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study of diabetes and other metabolic disorders in patients with schizophrenia treated with antipsychotic drugs. I. Methodology. Int J Methods Psychiatr Res. 2010;19(4):195-210..

O ganho de peso clinicamente relevante ocorre com frequência com o uso de antipsicóticos e estabilizadores de humor. Antipsicóticos atípicos como a clozapina e a olanzapina também estão associados a maior incidência de diabetes mellitus e dislipidemia, seja pelo ganho de peso, seja pela ação deletéria direta no metabolismo da glicose1313. da Fonseca D, Fourneret P. Very early onset schizophrenia. Encephale. 2018;44:S8-11..

Como agravante, pacientes com doenças mentais graves tendem a ter acesso reduzido a cuidados de saúde e tratamento para comorbidades, em comparação com a população em geral. Assim, pessoas com esquizofrenia demandam rastreamento e monitoramento cuidadoso acerca dos efeitos colaterais cardiometabólicos ou mesmo de outros fatores de risco relacionados à medicação e à doença1414. Newcomer JW, Lieberman JA. Comparing safety and tolerability of antipsychotic treatment. J Clin Psychiatry. 2007;68:e07.. Em face do acima exposto, o objetivo deste estudo é realizar uma revisão de escopo a respeito dos efeitos adversos cardiovasculares e metabólicos associados a terapia antipsicótica nos pacientes diagnosticados com esquizofrenia.

MÉTODOS

Realizou-se uma revisão da literatura acadêmica indexada em bases de dados internacionais, de acordo com a metodologia scoping review. O estudo de escopo objetiva mapear os principais conceitos que apoiam determinada área de conhecimento, examinar a extensão, alcance e natureza da investigação, sumarizar e divulgar os dados da investigação e identificar as lacunas de pesquisas existentes1515. Arksey H, L O’Malley. Scoping studies: towards a methodological framework. Int J Soc Res Methodol. 2005;8(1):19-32..

Para construção da pergunta de pesquisa, utilizou-se a estratégia Population, Concept and Context (PCC) para uma revisão de escopo1616. The Joanna Briggs Institute. The Joanna Briggs Institute Reviewers’ Manual 2015 Methodology for JBI Scoping Reviews; 2015. Disponível em: https://nursing.lsuhsc.edu/JBI/docs/ReviewersManuals/Scoping-.pdf. Acesso em: 1 jun. 2021.
https://nursing.lsuhsc.edu/JBI/docs/Revi...
. A população de estudo é constituída por pessoas diagnosticadas com esquizofrenia; o conceito, tratamento com antipsicóticos e o contexto, a saúde cardiovascular. Assim, a revisão partiu da seguinte pergunta de pesquisa: Qual é a relação entre o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e o uso de antipsicóticos nas pessoas diagnosticadas com esquizofrenia?

A partir da pergunta de pesquisa, foram definidos os descritores em saúde no DECS e MeSH, sendo realizada a busca na base de dados internacional, a leitura de títulos, a leitura de resumos e a leitura na íntegra, a análise crítica dos resultados e a discussão.

As informações foram coletadas na base de dados PubMed, da base de dados MEDLINE, da National Library of Medicine, e incorporadas no software Mendeley. Utilizaram-se as palavras-chave “arrhythmias, cardiac”, “ischaemia”, “heart diseases”, “cardiac disorders”, “cardiovascular diseases”, “schizophrenia”, “schizophrenia spectrum and other psychotic disorders”, “paranoid schizophrenia”, “schizophrenia, disorganized”, “dementia praecox”, “risk factors” e suas derivações.

Os critérios de inclusão dos artigos foram: idioma de publicação em português, inglês ou espanhol; envolvimento de participantes diagnosticados com esquizofrenia sob tratamento ou não com fármaco antipsicótico; contextualização e interesse em repercussão cardiovascular e saúde metabólica do paciente.

A busca foi realizada com artigos até o dia 12 de agosto de 2020 e retornou 976 artigos. Na sequência, após leitura dos títulos e resumos, 678 foram excluídos por não apresentarem elementos que atendessem ao objetivo desta revisão. Os 297 que permaneceram na seleção foram lidos na íntegra; desses, 226 foram excluídos e 71 foram selecionados.

Os critérios de exclusão foram: título e/ou resumo com pouca ou nenhuma associação com o objetivo e a população do estudo; texto completo que não abordou de forma substancial os efeitos cardiovasculares e/ou metabólicos associados ao uso de antipsicóticos ou que não adequou o desfecho à população com diagnóstico de esquizofrenia, especificamente; comparação com terapias farmacológicas diferentes de antipsicótico típico ou atípico; textos classificados como revisões literárias ou publicações não acadêmicas; texto completo indisponível. A figura 1 apresenta, como base na recomendação Prisma, o fluxograma do processo de seleção das publicações desta revisão.

Figura 1
Diagrama PRISMA adaptado para a Scoping Review.

A revisão seguiu o Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) Checklist1717. Tricco AC, Lillie E, Zarin W, O’Brien KK, Colquhoun H, Levac D, et al. PRISMA extension for scoping reviews (PRISMA-ScR): Checklist and explanation. Ann Intern Med. 2018;169(7):467-73..

RESULTADOS

No presente estudo, todos os artigos analisados foram publicados no idioma inglês e em periódicos da área médica e da epidemiologia. A maioria dos estudos é originária dos Estados Unidos1818. Kelly DL, Wehring HJ, Linthicum J, Feldman S, McMahon RP, Love RC, et al. Cardiac-related findings at autopsy in people with severe mental illness treated with clozapine or risperidone. Schizophr Res. 2009;107:134-8.

19. Miller DD, McEvoy JP, Davis SM, Caroff SN, Saltz BL, Chakos MH, et al. Clinical correlates of tardive dyskinesia in schizophrenia: baseline data from the CATIE schizophrenia trial. Schizophr Res. 2005;80:33-43.

20. Nemani KL, Greene MC, Ulloa M, Vincenzi B, Copeland PM, Al-Khadari S, et al. Clozapine, Diabetes Mellitus, Cardiovascular Risk and Mortality: Results of a 21-Year Naturalistic Study in Patients with Schizophrenia and Schizoaffective Disorder. Clin Schizophr Relat Psychoses. 2019 Winter;12(4):168-76.

21. Chen Y, Bobo W v, Watts K, Jayathilake K, Tang T, Meltzer HY. Comparative effectiveness of switching antipsychotic drug treatment to aripiprazole or ziprasidone for improving metabolic profile and atherogenic dyslipidemia: a 12-month, prospective, open-label study. J Psychopharmacol. 2012;26:1201-10.

22. Stolz PA, Wehring HJ, Liu F, Love RC, Ellis M, DiPaula BA, et al. Effects of Cigarette Smoking and Clozapine Treatment on 20-Year All-Cause & Cardiovascular Mortality in Schizophrenia. Psychiatr Q. 2019;90:351-9.

23. Schwartz E, Charlotte M, Slade E, Medoff D, Li L, Dixon L, et al. Gender differences in antipsychotics prescribed to veterans with serious mental illness. Gen Hosp Psychiatry. 2015;37:347-51.

24. Correll CU, Kane JM, Manu P. Identification of high-risk coronary heart disease patients receiving atypical antipsychotics: single low-density lipoprotein cholesterol threshold or complex national standard? J Clin Psychiatry. 2008;69:578-83.

25. Walker AM, Lanza LL, Arellano F, Rothman KJ. Mortality in current and former users of clozapine. Epidemiology. 1997;8:671-7.

26. Kim SH, Ivanova O, Abbasi FA, Lamendola CA, Reaven GM, Glick ID. Metabolic impact of switching antipsychotic therapy to aripiprazole after weight gain: a pilot study. J Clin Psychopharmacol. 2007;27:365-8.

27. Enger C, Weatherby L, Reynolds RF, Glasser DB, Walker AM. Serious cardiovascular events and mortality among patients with schizophrenia. J Nerv Ment Dis. 2004;192:19-27.

28. Setoguchi S, Wang PS, Alan Brookhart M, Canning CF, Kaci L, Schneeweiss S. Potential causes of higher mortality in elderly users of conventional and atypical antipsychotic medications. J Am Geriatr Soc. 2008;56:1644-50.

29. Correll CU, Harris J, Figen V, Kane JM, Manu P. Antipsychotic drug administration does not correlate with prolonged rate-corrected QT interval in children and adolescents: results from a nested case-control study. J Child Adolesc Psychopharmacol. 2011;21:365-8.

30. Daumit GL, Goff DC, Meyer JM, Davis VG, Nasrallah HA, McEvoy JP, et al. Antipsychotic effects on estimated 10-year coronary heart disease risk in the CATIE schizophrenia study. Schizophr Res. 2008;105:175-87.

31. Taylor LG, Panucci G, Mosholder AD, Toh S, Huang TY. Antipsychotic Use and Stroke: A Retrospective Comparative Study in a Non-Elderly Population. J Clin Psychiatry. 2019;80.

32. Meyer JM. Antipsychotics and metabolics in the post-CATIE era. Curr Top Behav Neurosci. 2010;4:23-42.

33. Straus SM, Bleumink GS, Dieleman JP, van der Lei J, ’t Jong GW, Kingma JH, et al. Antipsychotics and the risk of sudden cardiac death. Arch Intern Med. 2004;164:1293-7.

34. Ray WA, Chung CP, Murray KT, Hall K, Stein CM. Atypical antipsychotic drugs and the risk of sudden cardiac death. N Engl J Med. 2009;360:225-35.

35. Kelly DL, McMahon RP, Liu F, Love RC, Wehring HJ, Shim JC, et al. Cardiovascular disease mortality in patients with chronic schizophrenia treated with clozapine: a retrospective cohort study. J Clin Psychiatry. 2010;71:304-11.

36. Ciranni MA, Kearney TE, Olson KR. Comparing acute toxicity of first- and second- generation antipsychotic drugs: a 10-year, retrospective cohort study. J Clin Psychiatry. 2009;70:122-9.

37. Jerrell JM, McIntyre RS, Tripathi A. Incidence and costs of cardiometabolic conditions in patients with schizophrenia treated with antipsychotic medications. Clinical schizophrenia & related psychoses. 2010 and lost opportunities. Schizophr Res. 2007;92:103-7.
-3838. Correll CU, Harris JL, Pantaleon Moya RA, Frederickson AM, Kane JM, Manu P. Low-density lipoprotein cholesterol in patients treated with atypical antipsychotics: missed targets and lost opportunities. Schizophr Res. 2007;92:103-7, da China3939. Chung KH, Chen PH, Kuo CJ, Tsai SY, Huang SH, Wu WC. Risk factors for early circulatory mortality in patients with schizophrenia. Psychiatry Res. 2018;267:7-11.

40. Yang CY, Lo SC, Peng YC. Prevalence and Predictors of Metabolic Syndrome in People With Schizophrenia in Inpatient Rehabilitation Wards. Biol Res Nurs. 2016;18:558-66.

41. Chen PH, Tsai SY, Kuo CJ, Chung KH, Huang SH, Chen CC. Physiological characteristics of patients with schizophrenia prematurely dying from circulatory diseases. Asia Pac Psychiatry. 2016;8:199-205.

42. Huang TL, Chen JF. Serum lipid profiles and schizophrenia: effects of conventional or atypical antipsychotic drugs in Taiwan. Schizophr Res. 2005;80:55-9.

43. Wang J, Liu Y, Zhu W, Zhang F, Zhou Z. Olanzapine-induced weight gain plays a key role in the potential cardiovascular risk: evidence from heart rate variability analysis. Sci Rep. 2014;4:7394.

44. Wu CS, Lin CC, Chang CM, Wu KY, Liang HY, Huang YW, et al. Antipsychotic treatment and the occurrence of venous thromboembolism: a 10-year nationwide registry study. J Clin Psychiatry . 2013;74:918-24.

45. Wen F, Tan J. Effects of phenothiazine drugs on serum levels of apolipoproteins and lipoproteins in schizophrenic subjects. Acta Pharmacol Sin. 2003;24:1001-5.
-4646. Lin HC, Chen YH, Lee HC, Lin HC. Increased risk of acute myocardial infarction after acute episode of schizophrenia: 6 year follow-up study. Aust N Z J Psychiatry. 2010;44:273-9., da Espanha4747. Bobes J, Arango C, Aranda P, Carmena R, Garcia-Garcia M, Rejas J. Cardiovascular and metabolic risk in outpatients with schizoaffective disorder treated with antipsychotics: results from the CLAMORS study. Eur Psychiatry. 2012;27:267-74.

48. Bernardo M, Cañas F, Banegas JR, Casademont J, Riesgo Y, Varela C. Prevalence and awareness of cardiovascular risk factors in patients with schizophrenia: a cross-sectional study in a low cardiovascular disease risk geographical area. Eur Psychiatry. 2009;24:431-41.

49. Sanchez-Martinez V, Romero-Rubio D, Abad-Perez MJ, Descalzo-Cabades MA, Alonso-Gutierrez S, Salazar-Fraile J, et al. Metabolic Syndrome and Cardiovascular Risk in People Treated with Long-Acting Injectable Antipsychotics. Endocr Metab Immune Disord Drug Targets. 2018;18:379-87.

50. Castillo-Sánchez M, Fàbregas-Escurriola M, Bergè-Baquero D, Fernández- SanMartín M, Goday-Arno A. Screening of cardiovascular risk factors in patients with schizophrenia and patients treated with antipsychotic drugs: are we equally exhaustive as with the general population? Clin Exp Hypertens. 2017;39:441-7.

51. Arango C, Bobes J, Aranda P, Carmena R, Garcia-Garcia M, Rejas J. A comparison of schizophrenia outpatients treated with antipsychotics with and without metabolic syndrome: findings from the CLAMORS study. Schizophr Res. 2008;104:1-12.

52. Darbà J, Kaskens L, Aranda P, Arango C, Bobes J, Carmena R, et al. A simulation model to estimate 10-year risk of coronary heart disease events in patients with schizophrenia spectrum disorders treated with second-generation antipsychotic drugs. Ann Clin Psychiatry. 2013;25:17-26.

53. Berrocal-Izquierdo N, Bioque M, Bernardo M. Is cerebrovascular disease a silent condition in patients with chronic schizophrenia-related disorders? Int Clin Psychopharmacol. 2017;32:80-6.
-5454. Castillo-Sánchez M, Fàbregas-Escurriola M, Bergè-Baquero D, Fernández-San Martín M, Boreu QF, Goday-Arno A. Risk of underdiagnosis of hypertension in schizophrenia patients. Clin Exp Hypertens. 2018;40:167-74., da Austrália5555. Sweeting J, Duflou J, Semsarian C. Postmortem analysis of cardiovascular deaths in schizophrenia: a 10-year review. Schizophr Res. 2013;150:398-403.

56. Lappin JM, Wijaya M, Watkins A, Morell R, Teasdale S, Lederman O, et al. Cardio- metabolic risk and its management in a cohort of clozapine-treated outpatients. Schizophr Res. 2018;199:367-73.

57. Morell R, Curtis J, Watkins A, Poole J, Fibbins H, Rossimel E, et al. Cardio- metabolic risk in individuals prescribed long-acting injectable antipsychotic medication. Psychiatry Res. 2019;281:112606.
-5858. Nenke MA, Hahn LA, Thompson CH, Liu D, Galletly CA. Psychosis and cardiovascular disease: is diet the missing link? Schizophr Res. 2015;161:465-70. e da Inglaterra5959. Osborn D, Marston L, Nazareth I, King MB, Petersen I, Walters K. Relative risks of cardiovascular disease in people prescribed olanzapine, risperidone and quetiapine. Schizophr Res. 2017;183:116-23.

60. Castillo-Sánchez M, Fàbregas-Escurriola M, Bergè-Baquero D, Foguet-Boreu Q, Fernández-San Martín MI, Goday-Arno A. Schizophrenia, antipsychotic drugs and cardiovascular risk: Descriptive study in primary care. Eur Psychiatry. 2015;30:535-41.

61. Pérez-Piñar M, Mathur R, Foguet Q, Ayis S, Robson J, Ayerbe L. Cardiovascular risk factors among patients with schizophrenia, bipolar, depressive, anxiety, and personality disorders. Eur Psychiatry. 2016;35:8-15.

62. Thanacoody RH, Daly AK, Reilly JG, Ferrier IN, Thomas SH. Factors affecting drug concentrations and QT interval during thioridazine therapy. Clin Pharmacol Ther. 2007;82:555-65.

63. Gaughran F, Stahl D, Stringer D, Hopkins D, Atakan Z, Greenwood K, et al. Effect of lifestyle, medication and ethnicity on cardiometabolic risk in the year following the first episode of psychosis: prospective cohort study. Br J Psychiatry. 2019;215:712-9.
-6464. Pérez-Iglesias R, Martínez-García O, Pardo-Garcia G, Amado JA, Garcia-Unzueta MT, Tabares-Seisdedos R, et al. Course of weight gain and metabolic abnormalities in first treated episode of psychosis: the first year is a critical period for development of cardiovascular risk factors. Int J Neuropsychopharmacol. 2014;17:41-51.. Os principais achados são em relação a alterações glicêmicas e lipídicas, síndrome metabólica, hipertensão, obesidade/ganho de peso e morbidade cardiovascular e serão detalhados em tópicos.

Alterações glicêmicas

Os distúrbios glicêmicos associados ao tratamento foram relatados em três estudos, e as prevalências variaram de 27% a 31%, sem diferenças marcantes nas frequências entre os grupos de antipsicóticos típicos e atípicos1212. de Hert M, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study of diabetes and other metabolic disorders in patients with schizophrenia treated with antipsychotic drugs. I. Methodology. Int J Methods Psychiatr Res. 2010;19(4):195-210.,5858. Nenke MA, Hahn LA, Thompson CH, Liu D, Galletly CA. Psychosis and cardiovascular disease: is diet the missing link? Schizophr Res. 2015;161:465-70.,6565. Falissard B, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study: frequency of metabolic disorders in patients with schizophrenia. Focus on first and second generation and level of risk of antipsychotic drugs. Int Clin Psychopharmacol. 2011;26:291-302.. Dois estudos encontraram que pessoas tratadas por esquizofrenia apresentaram taxas mais altas de diabetes de início recente que a população em geral2727. Enger C, Weatherby L, Reynolds RF, Glasser DB, Walker AM. Serious cardiovascular events and mortality among patients with schizophrenia. J Nerv Ment Dis. 2004;192:19-27.,6666. Mulerova T, Ogarkov M, Uchasova E, Voevoda M, Barbarash O. A comparison of the genetic and clinical risk factors for arterial hypertension between indigenous and non-indigenous people of the Shoria Mountain Region. Clin Exp Hypertens. 2018;40:324-31..

Estudo envolvendo 689 indivíduos em tratamento com antipsicóticos encontrou que o diabetes foi diagnosticado em 16% das mulheres e 11% dos homens com esquizofrenia, e apenas em 3% dos controles6767. Goff DC, Sullivan LM, McEvoy JP, Meyer JM, Nasrallah HA, Daumit GL, et al. A comparison of ten-year cardiac risk estimates in schizophrenia patients from the CATIE study and matched controls. Schizophr Res. 2005;80:45-53.. Da mesma forma, em comparação com a população em geral e com homens com esquizofrenia, as mulheres com esquizofrenia apresentaram taxas mais altas de obesidade, que favorece o desenvolvimento de diabetes5858. Nenke MA, Hahn LA, Thompson CH, Liu D, Galletly CA. Psychosis and cardiovascular disease: is diet the missing link? Schizophr Res. 2015;161:465-70.,6565. Falissard B, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study: frequency of metabolic disorders in patients with schizophrenia. Focus on first and second generation and level of risk of antipsychotic drugs. Int Clin Psychopharmacol. 2011;26:291-302..

Indivíduos em uso de clozapina tiveram maior percentual de diagnóstico de diabetes5858. Nenke MA, Hahn LA, Thompson CH, Liu D, Galletly CA. Psychosis and cardiovascular disease: is diet the missing link? Schizophr Res. 2015;161:465-70.,6868. Bressington D, Mui J, Tse ML, Gray R, Cheung EFC, Chien WT. Cardiometabolic health, prescribed antipsychotics and health-related quality of life in people with schizophrenia-spectrum disorders: a cross-sectional study. BMC Psychiatry. 2016;16:411.. Em um dos estudos, 42% dos pacientes foram diagnosticados com diabetes, em comparação com a prevalência nacional de 13,7% em uma faixa etária semelhante5858. Nenke MA, Hahn LA, Thompson CH, Liu D, Galletly CA. Psychosis and cardiovascular disease: is diet the missing link? Schizophr Res. 2015;161:465-70.. Por outro lado, dois estudos relacionam o uso de olanzapina com maior deterioração no estado metabólico e desenvolvimento de diabetes depois de seis meses5858. Nenke MA, Hahn LA, Thompson CH, Liu D, Galletly CA. Psychosis and cardiovascular disease: is diet the missing link? Schizophr Res. 2015;161:465-70.,6969. Kisely S, Cox M, Campbell LA, Cooke C, Gardner D. An epidemiologic study of psychotropic medication and obesity-related chronic illnesses in older psychiatric patients. Can J Psychiatry. 2009;54:269-74.. A incidência pode ser associada a maior frequência e posologia2727. Enger C, Weatherby L, Reynolds RF, Glasser DB, Walker AM. Serious cardiovascular events and mortality among patients with schizophrenia. J Nerv Ment Dis. 2004;192:19-27.,5252. Darbà J, Kaskens L, Aranda P, Arango C, Bobes J, Carmena R, et al. A simulation model to estimate 10-year risk of coronary heart disease events in patients with schizophrenia spectrum disorders treated with second-generation antipsychotic drugs. Ann Clin Psychiatry. 2013;25:17-26..

Um estudo dos Estados Unidos comparou os riscos de morbidade e mortalidade cardiovascular em 1.920 pessoas com esquizofrenia que usam medicamentos antipsicóticos típicos e atípicos com os riscos em 9.600 indivíduos sem esquizofrenia. Aqueles em uso regular dos antipsicóticos – seja típicos, atípicos ou ambos – tiveram três vezes mais chance de desenvolver diabetes, em comparação com aqueles em uso menos frequente 2727. Enger C, Weatherby L, Reynolds RF, Glasser DB, Walker AM. Serious cardiovascular events and mortality among patients with schizophrenia. J Nerv Ment Dis. 2004;192:19-27..

Em um estudo realizado em unidades de internação psiquiátrica de curta permanência na Espanha, 5% dos pacientes apresentavam diabetes, mas apenas 60% deles estavam diagnosticados e sob tratamento. As evidências disponíveis indicam que fatores de risco cardiovascular, como diabetes, podem resultar em altos índices de morbimortalidade4848. Bernardo M, Cañas F, Banegas JR, Casademont J, Riesgo Y, Varela C. Prevalence and awareness of cardiovascular risk factors in patients with schizophrenia: a cross-sectional study in a low cardiovascular disease risk geographical area. Eur Psychiatry. 2009;24:431-41..

Dislipidemia

Cinco estudos relacionaram o uso de antipsicóticos para tratamento de esquizofrenia com alterações lipídicas3838. Correll CU, Harris JL, Pantaleon Moya RA, Frederickson AM, Kane JM, Manu P. Low-density lipoprotein cholesterol in patients treated with atypical antipsychotics: missed targets and lost opportunities. Schizophr Res. 2007;92:103-7,4242. Huang TL, Chen JF. Serum lipid profiles and schizophrenia: effects of conventional or atypical antipsychotic drugs in Taiwan. Schizophr Res. 2005;80:55-9.,4545. Wen F, Tan J. Effects of phenothiazine drugs on serum levels of apolipoproteins and lipoproteins in schizophrenic subjects. Acta Pharmacol Sin. 2003;24:1001-5.,7070. Hussein O, Izikson L, Bathish Y, Dabur E, Hanna A, Zidan J. Anti-atherogenic properties of high-density lipoproteins in psychiatric patients before and after two months of atypical anti-psychotic therapy. J Psychopharmacol. 2015;29:1262-70.,7171. Lahti M, Tiihonen J, Wildgust H, Beary M, Hodgson R, Kajantie E, et al. Cardiovascular morbidity, mortality and pharmacotherapy in patients with schizophrenia. Psychol Med. 2012;42:2275-85.. O uso de antipsicóticos atípicos foi identificado como principal responsável por alterações lipídicas em três estudos3838. Correll CU, Harris JL, Pantaleon Moya RA, Frederickson AM, Kane JM, Manu P. Low-density lipoprotein cholesterol in patients treated with atypical antipsychotics: missed targets and lost opportunities. Schizophr Res. 2007;92:103-7,4242. Huang TL, Chen JF. Serum lipid profiles and schizophrenia: effects of conventional or atypical antipsychotic drugs in Taiwan. Schizophr Res. 2005;80:55-9.,7070. Hussein O, Izikson L, Bathish Y, Dabur E, Hanna A, Zidan J. Anti-atherogenic properties of high-density lipoproteins in psychiatric patients before and after two months of atypical anti-psychotic therapy. J Psychopharmacol. 2015;29:1262-70.. Em menor proporção, dois estudos apontam que antipsicóticos típicos também estão associados a alterações lipídicas4545. Wen F, Tan J. Effects of phenothiazine drugs on serum levels of apolipoproteins and lipoproteins in schizophrenic subjects. Acta Pharmacol Sin. 2003;24:1001-5.,7171. Lahti M, Tiihonen J, Wildgust H, Beary M, Hodgson R, Kajantie E, et al. Cardiovascular morbidity, mortality and pharmacotherapy in patients with schizophrenia. Psychol Med. 2012;42:2275-85.. Um estudo abordou a fisiopatologia da doença como colaborativa ao risco aumentado de doenças cardiovasculares, tendo em vista as taxas reduzidas de lipoproteínas de alta densidade (high density lipoproteins ou HDL) e aumentadas de lipoproteínas de baixa densidade (low density lipoproteins ou LDL) nesse grupo, em comparação aos não esquizofrênicos4242. Huang TL, Chen JF. Serum lipid profiles and schizophrenia: effects of conventional or atypical antipsychotic drugs in Taiwan. Schizophr Res. 2005;80:55-9..

Quanto ao uso de antipsicóticos para o tratamento, quatro estudos relacionaram a ingestão do medicamento com maior incidência de distúrbios metabólicos sanguíneo-lipídicos1212. de Hert M, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study of diabetes and other metabolic disorders in patients with schizophrenia treated with antipsychotic drugs. I. Methodology. Int J Methods Psychiatr Res. 2010;19(4):195-210.,3737. Jerrell JM, McIntyre RS, Tripathi A. Incidence and costs of cardiometabolic conditions in patients with schizophrenia treated with antipsychotic medications. Clinical schizophrenia & related psychoses. 2010 and lost opportunities. Schizophr Res. 2007;92:103-7.,4545. Wen F, Tan J. Effects of phenothiazine drugs on serum levels of apolipoproteins and lipoproteins in schizophrenic subjects. Acta Pharmacol Sin. 2003;24:1001-5.,7272. Lin ST, Chen CC, Tsang HY, Lee CS, Yang P, Cheng KD, et al. Association between antipsychotic use and risk of acute myocardial infarction: a nationwide case-crossover study. Circulation. 2014;130:235-43., e um relacionou essa condição ao uso crônico de antipsicóticos fenotiazínicos – classificados como típicos4545. Wen F, Tan J. Effects of phenothiazine drugs on serum levels of apolipoproteins and lipoproteins in schizophrenic subjects. Acta Pharmacol Sin. 2003;24:1001-5.. Outra pesquisa apontou o uso de antipsicótico atípico associado ao aumento dos distúrbios metabólicos com apenas dois meses de uso7070. Hussein O, Izikson L, Bathish Y, Dabur E, Hanna A, Zidan J. Anti-atherogenic properties of high-density lipoproteins in psychiatric patients before and after two months of atypical anti-psychotic therapy. J Psychopharmacol. 2015;29:1262-70..

Outros pontos abordados foram as reduzidas intervenções que visam diminuir os riscos cardiovasculares por meio de mudanças de estilo de vida, apesar do conhecimento de tais condições por parte dos psiquiatras3838. Correll CU, Harris JL, Pantaleon Moya RA, Frederickson AM, Kane JM, Manu P. Low-density lipoprotein cholesterol in patients treated with atypical antipsychotics: missed targets and lost opportunities. Schizophr Res. 2007;92:103-7,7171. Lahti M, Tiihonen J, Wildgust H, Beary M, Hodgson R, Kajantie E, et al. Cardiovascular morbidity, mortality and pharmacotherapy in patients with schizophrenia. Psychol Med. 2012;42:2275-85.. Isso sugere que os pacientes com esquizofrenia têm morbimortalidade cardiovascular acentuada, mas podem receber tratamento mais precário para suas doenças somáticas7171. Lahti M, Tiihonen J, Wildgust H, Beary M, Hodgson R, Kajantie E, et al. Cardiovascular morbidity, mortality and pharmacotherapy in patients with schizophrenia. Psychol Med. 2012;42:2275-85..

Síndrome metabólica

Em nove estudos, a síndrome metabólica foi associada ao uso de antipsicóticos em indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia2626. Kim SH, Ivanova O, Abbasi FA, Lamendola CA, Reaven GM, Glick ID. Metabolic impact of switching antipsychotic therapy to aripiprazole after weight gain: a pilot study. J Clin Psychopharmacol. 2007;27:365-8.,4949. Sanchez-Martinez V, Romero-Rubio D, Abad-Perez MJ, Descalzo-Cabades MA, Alonso-Gutierrez S, Salazar-Fraile J, et al. Metabolic Syndrome and Cardiovascular Risk in People Treated with Long-Acting Injectable Antipsychotics. Endocr Metab Immune Disord Drug Targets. 2018;18:379-87.,5151. Arango C, Bobes J, Aranda P, Carmena R, Garcia-Garcia M, Rejas J. A comparison of schizophrenia outpatients treated with antipsychotics with and without metabolic syndrome: findings from the CLAMORS study. Schizophr Res. 2008;104:1-12.,5656. Lappin JM, Wijaya M, Watkins A, Morell R, Teasdale S, Lederman O, et al. Cardio- metabolic risk and its management in a cohort of clozapine-treated outpatients. Schizophr Res. 2018;199:367-73.,5757. Morell R, Curtis J, Watkins A, Poole J, Fibbins H, Rossimel E, et al. Cardio- metabolic risk in individuals prescribed long-acting injectable antipsychotic medication. Psychiatry Res. 2019;281:112606.,6363. Gaughran F, Stahl D, Stringer D, Hopkins D, Atakan Z, Greenwood K, et al. Effect of lifestyle, medication and ethnicity on cardiometabolic risk in the year following the first episode of psychosis: prospective cohort study. Br J Psychiatry. 2019;215:712-9.,6868. Bressington D, Mui J, Tse ML, Gray R, Cheung EFC, Chien WT. Cardiometabolic health, prescribed antipsychotics and health-related quality of life in people with schizophrenia-spectrum disorders: a cross-sectional study. BMC Psychiatry. 2016;16:411.,7373. de Hert M, Mittoux A, He Y, Peuskens J. Metabolic parameters in the short- and long-term treatment of schizophrenia with sertindole or risperidone. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2011;261:231-9.,7474. Alméras N, Després JP, Villeneuve J, Demers MF, Roy MA, Cadrin C, et al. Development of an atherogenic metabolic risk factor profile associated with the use of atypical antipsychotics. J Clin Psychiatry. 2004;65:557-64.. Dois estudos abordaram os antipsicóticos injetáveis de longa ação com maior prevalência4949. Sanchez-Martinez V, Romero-Rubio D, Abad-Perez MJ, Descalzo-Cabades MA, Alonso-Gutierrez S, Salazar-Fraile J, et al. Metabolic Syndrome and Cardiovascular Risk in People Treated with Long-Acting Injectable Antipsychotics. Endocr Metab Immune Disord Drug Targets. 2018;18:379-87., e aqueles com menos de 35 anos apresentaram 2,5 vezes maior chance5757. Morell R, Curtis J, Watkins A, Poole J, Fibbins H, Rossimel E, et al. Cardio- metabolic risk in individuals prescribed long-acting injectable antipsychotic medication. Psychiatry Res. 2019;281:112606.. O tratamento com antipsicóticos típicos e atípicos por mais de 12 semanas foi fator de risco para maior prevalência, com íntima relação de piora de saúde cardiovascular5151. Arango C, Bobes J, Aranda P, Carmena R, Garcia-Garcia M, Rejas J. A comparison of schizophrenia outpatients treated with antipsychotics with and without metabolic syndrome: findings from the CLAMORS study. Schizophr Res. 2008;104:1-12..

Entre os antipsicóticos atípicos ou de segunda geração utilizados para o tratamento, a olanzapina apresentou perfil metabólico mais deteriorado, em comparação à risperidona7474. Alméras N, Després JP, Villeneuve J, Demers MF, Roy MA, Cadrin C, et al. Development of an atherogenic metabolic risk factor profile associated with the use of atypical antipsychotics. J Clin Psychiatry. 2004;65:557-64., enquanto o sertindol apresentou taxas de incidência e prevalência de síndrome metabólica ligeiramente inferiores à apresentadas pela risperidona7373. de Hert M, Mittoux A, He Y, Peuskens J. Metabolic parameters in the short- and long-term treatment of schizophrenia with sertindole or risperidone. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2011;261:231-9.. Já a clozapina foi associada tanto a maiores fatores de risco cardiovascular – como tabagismo, sedentarismo, sobrepeso e hipertensão – quanto a maiores taxas de polifarmácia ou doses dos fármacos5656. Lappin JM, Wijaya M, Watkins A, Morell R, Teasdale S, Lederman O, et al. Cardio- metabolic risk and its management in a cohort of clozapine-treated outpatients. Schizophr Res. 2018;199:367-73.,6868. Bressington D, Mui J, Tse ML, Gray R, Cheung EFC, Chien WT. Cardiometabolic health, prescribed antipsychotics and health-related quality of life in people with schizophrenia-spectrum disorders: a cross-sectional study. BMC Psychiatry. 2016;16:411..

Hipertensão arterial sistêmica (HAS)

Oito artigos associaram a HAS com os fármacos utilizados para o tratamento da esquizofrenia3232. Meyer JM. Antipsychotics and metabolics in the post-CATIE era. Curr Top Behav Neurosci. 2010;4:23-42.,3737. Jerrell JM, McIntyre RS, Tripathi A. Incidence and costs of cardiometabolic conditions in patients with schizophrenia treated with antipsychotic medications. Clinical schizophrenia & related psychoses. 2010 and lost opportunities. Schizophr Res. 2007;92:103-7.,4848. Bernardo M, Cañas F, Banegas JR, Casademont J, Riesgo Y, Varela C. Prevalence and awareness of cardiovascular risk factors in patients with schizophrenia: a cross-sectional study in a low cardiovascular disease risk geographical area. Eur Psychiatry. 2009;24:431-41.,5050. Castillo-Sánchez M, Fàbregas-Escurriola M, Bergè-Baquero D, Fernández- SanMartín M, Goday-Arno A. Screening of cardiovascular risk factors in patients with schizophrenia and patients treated with antipsychotic drugs: are we equally exhaustive as with the general population? Clin Exp Hypertens. 2017;39:441-7.,6565. Falissard B, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study: frequency of metabolic disorders in patients with schizophrenia. Focus on first and second generation and level of risk of antipsychotic drugs. Int Clin Psychopharmacol. 2011;26:291-302.,6767. Goff DC, Sullivan LM, McEvoy JP, Meyer JM, Nasrallah HA, Daumit GL, et al. A comparison of ten-year cardiac risk estimates in schizophrenia patients from the CATIE study and matched controls. Schizophr Res. 2005;80:45-53.,6969. Kisely S, Cox M, Campbell LA, Cooke C, Gardner D. An epidemiologic study of psychotropic medication and obesity-related chronic illnesses in older psychiatric patients. Can J Psychiatry. 2009;54:269-74.,7575. Woo YS, Kim W, Chae JH, Yoon BH, Bahk WM. Blood pressure changes during clozapine or olanzapine treatment in Korean schizophrenic patients. World J Biol Psychiatry. 2009;10:420-5.. A maior prevalência de HAS foi evidenciada por um estudo, assim como os menores índices de HDL-colesterol – fator protetivo às doenças cardiometabólicas6767. Goff DC, Sullivan LM, McEvoy JP, Meyer JM, Nasrallah HA, Daumit GL, et al. A comparison of ten-year cardiac risk estimates in schizophrenia patients from the CATIE study and matched controls. Schizophr Res. 2005;80:45-53.. Também foi apontada maior prevalência da doença com o uso dos antipsicóticos típicos ou de primeira geração6565. Falissard B, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study: frequency of metabolic disorders in patients with schizophrenia. Focus on first and second generation and level of risk of antipsychotic drugs. Int Clin Psychopharmacol. 2011;26:291-302.

Entre os fármacos disponíveis, as piores taxas de incidência de pressão arterial elevada e HAS diagnosticada foram encontradas na prescrição de ziprasidona, quando comparada a outros antipsicóticos típicos bloqueadores de receptores de dopamina D2, a exemplo do haloperidol3737. Jerrell JM, McIntyre RS, Tripathi A. Incidence and costs of cardiometabolic conditions in patients with schizophrenia treated with antipsychotic medications. Clinical schizophrenia & related psychoses. 2010 and lost opportunities. Schizophr Res. 2007;92:103-7.,6969. Kisely S, Cox M, Campbell LA, Cooke C, Gardner D. An epidemiologic study of psychotropic medication and obesity-related chronic illnesses in older psychiatric patients. Can J Psychiatry. 2009;54:269-74.. A clozapina foi citada com maior associação ao aumento da pressão arterial, quando comparada à olanzapina6868. Bressington D, Mui J, Tse ML, Gray R, Cheung EFC, Chien WT. Cardiometabolic health, prescribed antipsychotics and health-related quality of life in people with schizophrenia-spectrum disorders: a cross-sectional study. BMC Psychiatry. 2016;16:411..

Contudo, apesar dos índices aumentados de HAS em pacientes sob uso de fármacos antipsicóticos, um estudo apontou efeitos mínimos do medicamento sobre a pressão sanguínea, quando comparado a outros parâmetros metabólicos e fatores de risco intrínsecos3232. Meyer JM. Antipsychotics and metabolics in the post-CATIE era. Curr Top Behav Neurosci. 2010;4:23-42..

Obesidade/ganho de peso

A obesidade e o ganho de peso foram abordados em oito estudos2626. Kim SH, Ivanova O, Abbasi FA, Lamendola CA, Reaven GM, Glick ID. Metabolic impact of switching antipsychotic therapy to aripiprazole after weight gain: a pilot study. J Clin Psychopharmacol. 2007;27:365-8.,5555. Sweeting J, Duflou J, Semsarian C. Postmortem analysis of cardiovascular deaths in schizophrenia: a 10-year review. Schizophr Res. 2013;150:398-403.,6464. Pérez-Iglesias R, Martínez-García O, Pardo-Garcia G, Amado JA, Garcia-Unzueta MT, Tabares-Seisdedos R, et al. Course of weight gain and metabolic abnormalities in first treated episode of psychosis: the first year is a critical period for development of cardiovascular risk factors. Int J Neuropsychopharmacol. 2014;17:41-51.,6565. Falissard B, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study: frequency of metabolic disorders in patients with schizophrenia. Focus on first and second generation and level of risk of antipsychotic drugs. Int Clin Psychopharmacol. 2011;26:291-302.,7373. de Hert M, Mittoux A, He Y, Peuskens J. Metabolic parameters in the short- and long-term treatment of schizophrenia with sertindole or risperidone. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2011;261:231-9.,7676. Simpson MM, Goetz RR, Devlin MJ, Walsh BT. Weight Gain and Antipsychotic Medication: Differences Between Antipsychotic-Free and Treatment Periods. J Clin Psychiatry . 2001;62(9):694-700.

77. Lett TAP, Wallace TJM, Chowdhury NI, Tiwari AK, Kennedy JL, Müller DJ. Pharmacogenetics of antipsychotic-induced weight gain: review and clinical implications. Mol Psychiatry. 2012;17:242-66.
-7878. Dieset I, Hope S, Ueland T, Bjella T, Agartz I, Melle I, et al. Cardiovascular risk factors during second generation antipsychotic treatment are associated with increased C-reactive protein. Schizophr Res. 2012;140:169-74.. Foi apontada a associação com resposta inflamatória específica relacionada a ganho de peso e hiperglicemia induzida pelo uso de antipsicóticos atípicos7878. Dieset I, Hope S, Ueland T, Bjella T, Agartz I, Melle I, et al. Cardiovascular risk factors during second generation antipsychotic treatment are associated with increased C-reactive protein. Schizophr Res. 2012;140:169-74.. Os fármacos pertencentes a essa classificação foram relacionados a maior ganho de peso médio, índice de massa corporal (IMC) e circunferência da cintura5555. Sweeting J, Duflou J, Semsarian C. Postmortem analysis of cardiovascular deaths in schizophrenia: a 10-year review. Schizophr Res. 2013;150:398-403.,7676. Simpson MM, Goetz RR, Devlin MJ, Walsh BT. Weight Gain and Antipsychotic Medication: Differences Between Antipsychotic-Free and Treatment Periods. J Clin Psychiatry . 2001;62(9):694-700., especialmente em mulheres6565. Falissard B, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study: frequency of metabolic disorders in patients with schizophrenia. Focus on first and second generation and level of risk of antipsychotic drugs. Int Clin Psychopharmacol. 2011;26:291-302..

Os medicamentos atípicos mais citados para repercussões em excesso de peso foram: sertindol, risperidona, clozapina e olanzapina6464. Pérez-Iglesias R, Martínez-García O, Pardo-Garcia G, Amado JA, Garcia-Unzueta MT, Tabares-Seisdedos R, et al. Course of weight gain and metabolic abnormalities in first treated episode of psychosis: the first year is a critical period for development of cardiovascular risk factors. Int J Neuropsychopharmacol. 2014;17:41-51.,7373. de Hert M, Mittoux A, He Y, Peuskens J. Metabolic parameters in the short- and long-term treatment of schizophrenia with sertindole or risperidone. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2011;261:231-9.,7676. Simpson MM, Goetz RR, Devlin MJ, Walsh BT. Weight Gain and Antipsychotic Medication: Differences Between Antipsychotic-Free and Treatment Periods. J Clin Psychiatry . 2001;62(9):694-700.,7777. Lett TAP, Wallace TJM, Chowdhury NI, Tiwari AK, Kennedy JL, Müller DJ. Pharmacogenetics of antipsychotic-induced weight gain: review and clinical implications. Mol Psychiatry. 2012;17:242-66.. Esses dois últimos com maior ganho de peso envolvido. Entre os antipsicóticos típicos citados com similar repercussão, estavam o haloperidol e a clorpromazina6464. Pérez-Iglesias R, Martínez-García O, Pardo-Garcia G, Amado JA, Garcia-Unzueta MT, Tabares-Seisdedos R, et al. Course of weight gain and metabolic abnormalities in first treated episode of psychosis: the first year is a critical period for development of cardiovascular risk factors. Int J Neuropsychopharmacol. 2014;17:41-51.,7777. Lett TAP, Wallace TJM, Chowdhury NI, Tiwari AK, Kennedy JL, Müller DJ. Pharmacogenetics of antipsychotic-induced weight gain: review and clinical implications. Mol Psychiatry. 2012;17:242-66..

Um estudo apontou a indicação de substituição do antipsicótico atípico prévio por medicamento com baixo potencial de ganho de peso, denominado aripiprazol, para os pacientes que apresentaram ganho excessivo, contudo essa substituição, além de menos efetiva para o controle dos sintomas psicóticos, não altera as anormalidades metabólicas resultantes do ganho de peso anterior2626. Kim SH, Ivanova O, Abbasi FA, Lamendola CA, Reaven GM, Glick ID. Metabolic impact of switching antipsychotic therapy to aripiprazole after weight gain: a pilot study. J Clin Psychopharmacol. 2007;27:365-8..

Morbidade cerebrovascular

É relatada maior morbidade cerebrovascular entre pacientes com esquizofrenia3131. Taylor LG, Panucci G, Mosholder AD, Toh S, Huang TY. Antipsychotic Use and Stroke: A Retrospective Comparative Study in a Non-Elderly Population. J Clin Psychiatry. 2019;80.,3636. Ciranni MA, Kearney TE, Olson KR. Comparing acute toxicity of first- and second- generation antipsychotic drugs: a 10-year, retrospective cohort study. J Clin Psychiatry. 2009;70:122-9.,5353. Berrocal-Izquierdo N, Bioque M, Bernardo M. Is cerebrovascular disease a silent condition in patients with chronic schizophrenia-related disorders? Int Clin Psychopharmacol. 2017;32:80-6.,7171. Lahti M, Tiihonen J, Wildgust H, Beary M, Hodgson R, Kajantie E, et al. Cardiovascular morbidity, mortality and pharmacotherapy in patients with schizophrenia. Psychol Med. 2012;42:2275-85.,7979. Chen WY, Chen LY, Liu HC, Wu CS, Yang SY, Pan CH, et al. Antipsychotic medications and stroke in schizophrenia: A case-crossover study. PloS one. 2017;12:e0179424.. Houve aumento de quatro vezes o risco de desenvolver acidente vascular encefálico (AVE) em pacientes com esquizofrenia em relação ao grupo controle, pareado por idade e sexo5353. Berrocal-Izquierdo N, Bioque M, Bernardo M. Is cerebrovascular disease a silent condition in patients with chronic schizophrenia-related disorders? Int Clin Psychopharmacol. 2017;32:80-6.. Mulheres têm riscos de mortalidade e hospitalização por AVE aumentados, enquanto para os homens há aumento de mortalidade por doença coronariana7171. Lahti M, Tiihonen J, Wildgust H, Beary M, Hodgson R, Kajantie E, et al. Cardiovascular morbidity, mortality and pharmacotherapy in patients with schizophrenia. Psychol Med. 2012;42:2275-85..

Três estudos encontraram que os antipsicóticos atípicos apresentaram maiores relações com AVE do que os típicos3636. Ciranni MA, Kearney TE, Olson KR. Comparing acute toxicity of first- and second- generation antipsychotic drugs: a 10-year, retrospective cohort study. J Clin Psychiatry. 2009;70:122-9.,5353. Berrocal-Izquierdo N, Bioque M, Bernardo M. Is cerebrovascular disease a silent condition in patients with chronic schizophrenia-related disorders? Int Clin Psychopharmacol. 2017;32:80-6.,7979. Chen WY, Chen LY, Liu HC, Wu CS, Yang SY, Pan CH, et al. Antipsychotic medications and stroke in schizophrenia: A case-crossover study. PloS one. 2017;12:e0179424.. Embora os sintomas neuromusculares apareçam com menos frequência com antipsicóticos atípicos, em comparação com os típicos, as taxas relativamente maiores de depressão do sistema nervoso central associadas à sobredosagem de antipsicóticos atípicos podem ser mais perigosas3636. Ciranni MA, Kearney TE, Olson KR. Comparing acute toxicity of first- and second- generation antipsychotic drugs: a 10-year, retrospective cohort study. J Clin Psychiatry. 2009;70:122-9..

Outro estudo de coorte, com 31.976 pacientes de Taiwan, encontrou que qualquer uso agudo em todos os antipsicóticos atípicos foi associado a um aumento de 45% do risco de AVE (depois de ajustados fatores de confusão), especialmente em pacientes em uso de quetiapina ou zotepina7979. Chen WY, Chen LY, Liu HC, Wu CS, Yang SY, Pan CH, et al. Antipsychotic medications and stroke in schizophrenia: A case-crossover study. PloS one. 2017;12:e0179424.. O mesmo estudo também encontrou que o uso de qualquer antipsicótico de segunda geração foi associado ao AVE isquêmico, mas não ao hemorrágico7979. Chen WY, Chen LY, Liu HC, Wu CS, Yang SY, Pan CH, et al. Antipsychotic medications and stroke in schizophrenia: A case-crossover study. PloS one. 2017;12:e0179424..

Repercussões cardíacas

A respeito das repercussões cardíacas, têm-se, primeiramente, as alterações eletrocardiográficas decorrentes do uso de antipsicóticos. Dois estudos apontaram a dispersão QTc significativamente aumentada nos pacientes em uso de antipsicóticos típicos e atípicos, quando comparado ao grupo controle2929. Correll CU, Harris J, Figen V, Kane JM, Manu P. Antipsychotic drug administration does not correlate with prolonged rate-corrected QT interval in children and adolescents: results from a nested case-control study. J Child Adolesc Psychopharmacol. 2011;21:365-8.,8080. Kitayama H, Kiuchi K, Nejima J, Katoh T, Takano T, Hayakawa H. Long-term treatment with antipsychotic drugs in conventional doses prolonged QTc dispersion, but did not increase ventricular tachyarrhythmias in patients with schizophrenia in the absence of cardiac disease. Eur J Clin Pharmacol. 1999;55:259-62.. No entanto, um dos estudos relaciona a dispersão à obesidade induzida pelo antipsicótico2929. Correll CU, Harris J, Figen V, Kane JM, Manu P. Antipsychotic drug administration does not correlate with prolonged rate-corrected QT interval in children and adolescents: results from a nested case-control study. J Child Adolesc Psychopharmacol. 2011;21:365-8.. Não foi apontada maior incidência de taquiarritmias ventriculares2929. Correll CU, Harris J, Figen V, Kane JM, Manu P. Antipsychotic drug administration does not correlate with prolonged rate-corrected QT interval in children and adolescents: results from a nested case-control study. J Child Adolesc Psychopharmacol. 2011;21:365-8.,8080. Kitayama H, Kiuchi K, Nejima J, Katoh T, Takano T, Hayakawa H. Long-term treatment with antipsychotic drugs in conventional doses prolonged QTc dispersion, but did not increase ventricular tachyarrhythmias in patients with schizophrenia in the absence of cardiac disease. Eur J Clin Pharmacol. 1999;55:259-62..

Outro estudo considerou o uso de fenotiazídicos de baixa potência – clorpromazina, decanoato de flupentixol e decanoato de flufenazina – como risco para maior incidência de torsades de pointes8181. Chong SA, Mythily, Lum A, Goh HY, Chan YH. Prolonged QTc intervals in medicated patients with schizophrenia. Hum Psychopharmacol. 2003;18:647-9.. Entre os fármacos abordados, a olanzapina não foi relacionada com impacto adicional em relação à variabilidade QT8282. Bär KJ, Koschke M, Berger S, Schulz S, Tancer M, Voss A, et al. Influence of olanzapine on QT variability and complexity measures of heart rate in patients with schizophrenia. J Clin Psychopharmacol. 2008;28:694-8.. Contudo, esse medicamento foi relacionado à diminuição da função vagal cardíaca, o que pode ter influência no aumento da mortalidade cardíaca8282. Bär KJ, Koschke M, Berger S, Schulz S, Tancer M, Voss A, et al. Influence of olanzapine on QT variability and complexity measures of heart rate in patients with schizophrenia. J Clin Psychopharmacol. 2008;28:694-8..

Tangente às repercussões cardíacas fora do intervalo QT, tem-se os antipsicóticos não atípicos como principais responsáveis por aumento de mortalidade cardiovascular e hospitalização em decorrência de infarto agudo do miocárdio (IAM), arritmias ventriculares, parada cardíaca e morte súbita2727. Enger C, Weatherby L, Reynolds RF, Glasser DB, Walker AM. Serious cardiovascular events and mortality among patients with schizophrenia. J Nerv Ment Dis. 2004;192:19-27.,2828. Setoguchi S, Wang PS, Alan Brookhart M, Canning CF, Kaci L, Schneeweiss S. Potential causes of higher mortality in elderly users of conventional and atypical antipsychotic medications. J Am Geriatr Soc. 2008;56:1644-50.,3333. Straus SM, Bleumink GS, Dieleman JP, van der Lei J, ’t Jong GW, Kingma JH, et al. Antipsychotics and the risk of sudden cardiac death. Arch Intern Med. 2004;164:1293-7.,4646. Lin HC, Chen YH, Lee HC, Lin HC. Increased risk of acute myocardial infarction after acute episode of schizophrenia: 6 year follow-up study. Aust N Z J Psychiatry. 2010;44:273-9.,7272. Lin ST, Chen CC, Tsang HY, Lee CS, Yang P, Cheng KD, et al. Association between antipsychotic use and risk of acute myocardial infarction: a nationwide case-crossover study. Circulation. 2014;130:235-43.,8383. Ray WA, Meredith S, Thapa PB, Meador KG, Hall K, Murray KT. Antipsychotics and the risk of sudden cardiac death. Arch Gen Psychiatry. 2001;58:1161-7.,8484. Liperoti R, Gambassi G, Lapane KL, Chiang C, Pedone C, Mor V, et al. Conventional and atypical antipsychotics and the risk of hospitalization for ventricular arrhythmias or cardiac arrest. Arch Intern Med. 2005;165:696-701.. Além disso, doses mais altas dos antipsicóticos também são responsáveis por maiores taxas dos achados anteriores3434. Ray WA, Chung CP, Murray KT, Hall K, Stein CM. Atypical antipsychotic drugs and the risk of sudden cardiac death. N Engl J Med. 2009;360:225-35.,7272. Lin ST, Chen CC, Tsang HY, Lee CS, Yang P, Cheng KD, et al. Association between antipsychotic use and risk of acute myocardial infarction: a nationwide case-crossover study. Circulation. 2014;130:235-43.. Entre os fármacos levantados, a clozapina apresentou maior taxa de miocardite induzida no primeiro mês de tratamento dos internados8585. Elif Anıl Yağcıoğlu A, Ertuğrul A, Karakaşlı AA, Ağaoğlu E, Ak S, Karahan S, et al. A comparative study of detection of myocarditis induced by clozapine: With and without cardiac monitoring. Psychiatry Res. 2019;279:90-7. e maior risco de morte súbita com os medicamentos à base de butirofenona, sendo o haloperidol o seu representante mais conhecido3333. Straus SM, Bleumink GS, Dieleman JP, van der Lei J, ’t Jong GW, Kingma JH, et al. Antipsychotics and the risk of sudden cardiac death. Arch Intern Med. 2004;164:1293-7..

Além dos efeitos unicamente cardíacos, estudos também correlacionaram o uso do antipsicótico com maior incidência de doença arterial coronariana (DAC), responsável por grande número de hospitalizações, morbidade e mortalidade, em especial nas mulheres7171. Lahti M, Tiihonen J, Wildgust H, Beary M, Hodgson R, Kajantie E, et al. Cardiovascular morbidity, mortality and pharmacotherapy in patients with schizophrenia. Psychol Med. 2012;42:2275-85.. Essa relação envolve intimamente o medicamento de escolha; a olanzapina e a quetiapina foram associadas ao aumento do risco de desenvolvimento de doença cardíaca coronariana em 10 anos, ao passo que perfenazina, risperidona e ziprasidona apresentaram importante redução desse mesmo risco3030. Daumit GL, Goff DC, Meyer JM, Davis VG, Nasrallah HA, McEvoy JP, et al. Antipsychotic effects on estimated 10-year coronary heart disease risk in the CATIE schizophrenia study. Schizophr Res. 2008;105:175-87.,4343. Wang J, Liu Y, Zhu W, Zhang F, Zhou Z. Olanzapine-induced weight gain plays a key role in the potential cardiovascular risk: evidence from heart rate variability analysis. Sci Rep. 2014;4:7394..

Repercussões vasculares

Em relação às alterações vasculares decorrentes do estado pró-coagulante e pró-inflamatório que promovem o tromboembolismo venoso (TEV), três estudos apontaram os fármacos antipsicóticos como predisponentes à TEV, principalmente os atípicos4444. Wu CS, Lin CC, Chang CM, Wu KY, Liang HY, Huang YW, et al. Antipsychotic treatment and the occurrence of venous thromboembolism: a 10-year nationwide registry study. J Clin Psychiatry . 2013;74:918-24.,8686. Parker C, Coupland C, Hippisley-Cox J. Antipsychotic drugs and risk of venous thromboembolism: nested case-control study. BMJ. 2010;341:c4245.,8787. Semiz M, Yücel H, Kavakçı O, Yıldırım O, Zorlu A, Yılmaz MB, et al. Atypical antipsychotic use is an independent predictor for the increased mean platelet volume in patients with schizophrenia: A preliminary study. J Res Med Sci. 2013;18:561-6.. Outro estudo apontou que, embora não se tenha identificado um perfil de alta inflamação e fatores pró-coagulantes em pacientes tratados com antipsicóticos típicos e atípicos, alterações vasculares que favorecem repercussões vasculares podem estar relacionadas a hábitos de vida inadequados, elevado IMC e sedentarismo8888. Carrizo E, Fernández V, Quintero J, Connell L, Rodríguez Z, Mosquera M, et al. Coagulation and inflammation markers during atypical or typical antipsychotic treatment in schizophrenia patients and drug-free first-degree relatives. Schizophr Res. 2008;103:83-93..

Tabela 1
Características dos artigos incluídos no estudo

DISCUSSÃO

Está estabelecido na literatura que os antipsicóticos de primeira e segunda geração são eficazes no tratamento da esquizofrenia. Contudo, é de extrema relevância avaliar os dados disponíveis referentes à segurança em seu uso. Os riscos cardiometabólicos associados aos antipsicóticos no tratamento da esquizofrenia foram investigados no presente estudo de revisão. Nos 71 artigos selecionados acerca das repercussões cardiovasculares em pessoas diagnosticadas com esquizofrenia, foram encontradas importantes diferenças entre antipsicóticos típicos e atípicos.

Referente aos possíveis efeitos colaterais do uso crônico de neurolépticos, destaca-se, primeiramente, a classe dos antipsicóticos típicos, com seus conhecidos efeitos extrapiramidais, tais quais transtornos do movimento e discinesia tardia8989. Alves Frederico W, Oga S, de Lourdes Rabelo Pequeno M, Fumi Taniguchi S. Efeitos extrapiramidais como consequência de tratamento com neurolépticos. Einstein (São Paulo). 2008;6(1):51-5.,9090. Kane JM. Extrapyramidal side effects are unacceptable. Eur Neuropsychopharmacol. 2001;11 Suppl 4:S397-403.. Essas manifestações motoras ocorrem devido à alta afinidade do fármaco por receptores D2 de dopamina no sistema nervoso central, principalmente quando ocupam majoritariamente os receptores da via nigroestriatal. Também são citados efeitos neuroendócrinos decorrentes do bloqueio de receptores dopaminérgicos na via tuberoinfundibular, como hiperprolactinemia, galactorreia, ginecomastia e amenorreia. Apesar da proeminente afinidade dopaminérgica, os antipsicóticos típicos também apresentam menores efeitos cardiometabólicos relacionados aos receptores serotoninérgicos, assim como os atípicos9191. Schisler V. Farmacoterapia no tratamento da esquizofrenia [Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia)]. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso; 2017..

Já no que tange aos antipsicóticos atípicos, esses efeitos extrapiramidais estão significativamente reduzidos por conta da menor afinidade com os receptores dopaminérgicos. No entanto, decorrente da maior afinidade para receptores serotoninérgicos e noradrenérgicos, suas repercussões cardiometabólicas estão mais evidenciadas9191. Schisler V. Farmacoterapia no tratamento da esquizofrenia [Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia)]. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso; 2017.,9292. Alexandra D, Albano S. Esquizofrenia-Patologia e Terapêutica [Dissertação de Mestrado (Ciências Farmacêuticas)]. Faro, Portugal: Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade do Algarve; 2012, a exemplo de miocardite, ganho de peso e indução de diabetes mellitus9393. Wannmacher L. Antipsicóticos atípicos: mais eficazes, mais seguros? 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/HSE_URM_APS_1104.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
,9494. Ferreira R. antipsicóticos de segunda geração no tratamento da esquizofrenia. São Paulo: Centro de Pós-Graduação Oswaldo Cruz; 2007. Todas essas condições de aumento de peso, resistência insulínica e hiperlipidemia podem ser associadas, em parte, ao aumento do apetite desencadeado pela farmacodinâmica desses antipsicóticos9191. Schisler V. Farmacoterapia no tratamento da esquizofrenia [Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia)]. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso; 2017..

Os achados dessa pesquisa corroboram e convalidam os elevados índices de distúrbios metabólicos encontrados em outros estudos1010. Elkis H, Gama C, Suplicy H, Tambascia M, Bressan R, Lyra R, et al. Consenso Brasileiro sobre antipsicóticos de segunda geração e distúrbios metabólicos. Rev Bras Psiquiatr. 2008;30(1):77-85.,9595. National Institute for Health and Care Excellence. Psychosis and schizophrenia in adults: prevention and management Clinical guideline. 2014. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg178. Acesso em: 27 maio 2021.
https://www.nice.org.uk/guidance/cg178...
-9696. American Psychiatric Association. The American Psychiatric Association Practice Guideline for the Treatment of Patients With Schizophrenia. American Psychiatric Association Publishing; 2020.entre usuários de antipsicóticos típicos e atípicos. Na literatura recente, a obesidade é descrita em aproximadamente 50% dos pacientes, a síndrome metabólica é relatada em até 40%, a intolerância à glicose, em 25% e o diabetes, em 15% dos indivíduos com esquizofrenia9797. Annamalai A, Tek C. An overview of diabetes management in schizophrenia patients: Office based strategies for primary care practitioners and endocrinologists. Int J Endocrinol. 2015;2015..

Em consonância com outros estudos, as manifestações cardíacas associadas aos antipsicóticos apontam aumento do risco de eventos adversos como arritmia, IAM e mortalidade em pacientes esquizofrênicos9898. da Silva AAS, Ribeiro MVMR, de Sousa-Rodrigues CF, Barbosa FT. Association between antipsychotics and cardiovascular adverse events: A systematic review. Rev Assoc Med Bras (1992). 2017;63(3):261-7.. Tem-se o prolongamento do intervalo QT como importante alteração decorrente do uso de antipsicótico, tanto atípico quanto típico. Apesar do desconhecimento quanto à fisiopatologia, sabe-se que essa alteração está relacionada ao bloqueio dos canais de potássio no miocárdio, o que resulta no prolongamento da repolarização ventricular. Tal mecanismo também pode ser responsável pela deflagração de torsades de pointes, arritmias e morte súbita9999. Barcelos AC, Mota Trein A, Santos Sousa G, Fleury Neto L, Baldaçara L. Efeitos cardiotóxicos resultantes da interação da risperidona com diuréticos tiazídicos. J Bras Psiquiatr. 2014;63(4):379-83,100100. Freitas SVS. Cardiotoxicidade induzida por fármacos: experiência profissionalizante na vertente de farmácia comunitária, hospitalar e investigação [Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas]. Covilhã: Universidade da Beira Interior; 2005. A literatura evidencia risco aumentado para torsades de pointes na prescrição de antipsicóticos típicos, a qual associa maior deflagração ao uso de haloperidol, principalmente100100. Freitas SVS. Cardiotoxicidade induzida por fármacos: experiência profissionalizante na vertente de farmácia comunitária, hospitalar e investigação [Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas]. Covilhã: Universidade da Beira Interior; 2005. Contudo, o maior risco de torsades de pointes não se relaciona diretamente ao maior risco de prolongamento QT, portanto tem-se que os antipsicóticos atípicos provocam prolongamentos com maior frequência, em especial a ziprasidona e a risperidona9999. Barcelos AC, Mota Trein A, Santos Sousa G, Fleury Neto L, Baldaçara L. Efeitos cardiotóxicos resultantes da interação da risperidona com diuréticos tiazídicos. J Bras Psiquiatr. 2014;63(4):379-83,100100. Freitas SVS. Cardiotoxicidade induzida por fármacos: experiência profissionalizante na vertente de farmácia comunitária, hospitalar e investigação [Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas]. Covilhã: Universidade da Beira Interior; 2005. Ademais, a morte súbita pode se relacionar a níveis séricos reduzidos de magnésio (Mg), favorecendo disfunções morfológicas e funcionais do coração. Considerando que esse é um distúrbio frequente entre pessoas com esquizofrenia e que antipsicóticos potencialmente afetam a frequência cardíaca, esses fatores associados podem contribuir para a mortalidade nesse grupo101101. Scorza FA, de Albuquerque M, Arida RM, Cysneiros RM. Serum levels of magnesium in sudden cardiac deaths among people with schizophrenia: Hit or miss? Arq Neuro-Psiquiatr. 2012;70:814-6..

Em relação aos pacientes em tratamento com antipsicóticos atípicos, quando comparado aos típicos, o presente estudo observou risco aumentado de eventos cardiovasculares e morte secundária a maior incidência de doenças5656. Lappin JM, Wijaya M, Watkins A, Morell R, Teasdale S, Lederman O, et al. Cardio- metabolic risk and its management in a cohort of clozapine-treated outpatients. Schizophr Res. 2018;199:367-73.. Entretanto, a mortalidade geral foi menor durante o uso de antipsicóticos atípicos do que durante os períodos de não uso, especialmente em esquizofrênicos graves, ao diminuir as taxas de suicídio2525. Walker AM, Lanza LL, Arellano F, Rothman KJ. Mortality in current and former users of clozapine. Epidemiology. 1997;8:671-7.. Esse dado ganha relevância, uma vez que, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, cerca de 4% a 10% das pessoas com esquizofrenia morrem por suicídio, com taxas mais altas entre os homens no curso inicial do transtorno9696. American Psychiatric Association. The American Psychiatric Association Practice Guideline for the Treatment of Patients With Schizophrenia. American Psychiatric Association Publishing; 2020..

Em linhas gerais, repercussões metabólicas, como dislipidemia, são achados frequentes entre pacientes em tratamento com antipsicóticos atípicos102102. de Cerqueira Filho EA, Arandas FDS, de Oliveira IR, de Sena EP. Dislipidemias e antipsicóticos atípicos. J Bras Psiquiatr. 2006;55:296-307.. Ao comparar dois desses medicamentos, o risco de mortalidade por DCV em adultos com esquizofrenia não difere entre a clozapina e a risperidona, mas esses fármacos apresentam diferenças nos perfis de risco para ganho de peso e efeitos colaterais metabólicos, maior com a clozapina3535. Kelly DL, McMahon RP, Liu F, Love RC, Wehring HJ, Shim JC, et al. Cardiovascular disease mortality in patients with chronic schizophrenia treated with clozapine: a retrospective cohort study. J Clin Psychiatry. 2010;71:304-11.,103103. Leitão-Azevedo CL, Guimarães LR, de Abreu MGB, Gama CS, Lobato MI, Belmonte-de-Abreu PS. Increased dyslipidemia in schizophrenic outpatients using new generation antipsychotics. Rev Bras Psiquiatr. 2006;28:301-4.. Além disso, a quetiapina revelou menor relação de causa de prolongamento do intervalo QTc, seguida de olanzapina e risperidona. No entanto, a risperidona tem apresentado maior risco de ocorrência de eventos adversos cerebrovasculares em pacientes idosos, principalmente naqueles com comorbidade demencial do tipo vascular ou doença de Alzheimer. Portanto, esse medicamento deve ser evitado nesses grupos104104. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Risperidona: risco maior de ocorrência de eventos adversos cerebrovasculares em pacientes idosos com demência do tipo vascular ou diagnóstico misto em comparação com os pacientes com demência do tipo Alzheimer. Agência Canadense (Health Canada); 2015.

Ademais, a partir dos estudos analisados, é possível inferir que pessoas com esquizofrenia apresentam prevalência duas a três vezes maior de diabetes, de síndrome metabólica e de morbidade cardiovascular. Muitos estudos também estabeleceram uma relação positiva entre o desenvolvimento de hipertensão em indivíduos com IMC mais elevado. A razão para esse aumento da prevalência pode envolver vulnerabilidade intrínseca, fatores de estilo de vida e efeitos iatrogênicos de medicamentos antipsicóticos6565. Falissard B, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study: frequency of metabolic disorders in patients with schizophrenia. Focus on first and second generation and level of risk of antipsychotic drugs. Int Clin Psychopharmacol. 2011;26:291-302.. Além disso, as taxas de obesidade e desregulação glicêmica apresentam maiores crescimentos nos primeiros 12 meses do diagnóstico, constituindo-se em um ponto crucial de prevenção de risco cardiovascular. Nesse sentido, a Associação Americana de Psiquiatria preconiza a aferição da glicemia de jejum ou hemoglobina glicada quatro meses após o início de novo tratamento e pelo menos anualmente para rastreamento9696. American Psychiatric Association. The American Psychiatric Association Practice Guideline for the Treatment of Patients With Schizophrenia. American Psychiatric Association Publishing; 2020..

Também foram identificados fatores alimentares relacionados aos distúrbios metabólicos: ingestão deficiente de frutas e leguminosas, excesso de sódio e alimentação rica em lipídeos8888. Carrizo E, Fernández V, Quintero J, Connell L, Rodríguez Z, Mosquera M, et al. Coagulation and inflammation markers during atypical or typical antipsychotic treatment in schizophrenia patients and drug-free first-degree relatives. Schizophr Res. 2008;103:83-93.,105105. Ussher M, Doshi R, Sampuran A, West R. Cardiovascular risk factors in patients with schizophrenia receiving continuous medical care. Community Ment Health J. 2011;47:688-93.. Esses achados vão ao encontro daqueles apontados pelo National Institute of Health and Care Excellence (NICE)9595. National Institute for Health and Care Excellence. Psychosis and schizophrenia in adults: prevention and management Clinical guideline. 2014. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg178. Acesso em: 27 maio 2021.
https://www.nice.org.uk/guidance/cg178...
, o qual atesta que pessoas com psicose ou esquizofrenia, especialmente em uso de antipsicóticos, devem receber um programa combinado de alimentação saudável e atividade física, uma vez que tais indivíduos apresentam predisposição aos comportamentos de risco. Assim, há a recomendação de monitoramento rotineiro do peso e dos indicadores cardiovasculares e metabólicos de morbidade, tais como glicemia em jejum, circunferência da cintura, pressão arterial, hemoglobina glicada e perfil lipídico. O acompanhamento acurado do perfil lipídico se justifica, uma vez que pessoas em tratamento para esquizofrenia apresentam taxas aproximadamente duas vezes maiores em relação às da população geral. Essa taxa elevada resulta em uma redução próxima a 20% na expectativa de vida de pessoas com esquizofrenia106106. Leitão-Azevedo CL, Guimarães LR, Lobato MI, Belmonte-De-Abreu P. Weight gain and metabolic disorders in schizophrenia. Rev Psiq Clin. 2007;34:184-8..

Além disso, destaca-se a alta prevalência de tabagismo nessa população, cuja média encontrada é de 60%, a qual varia de 13% a 83%107107. Oliveira M de, Furegato F. Esquizofrenia e dependência de tabaco: uma revisão integrativa. Enfermería Global. 2012;25:404-25.. Acredita-se que a nicotina amenize os sintomas negativos por aumento da atividade dopaminérgica no córtex frontal107107. Oliveira M de, Furegato F. Esquizofrenia e dependência de tabaco: uma revisão integrativa. Enfermería Global. 2012;25:404-25.,108108. Araújo AJ de, Menezes AMB, Dórea AJPS, Torres BS, Viegas CA de A, Silva CAR da, et al. Diretrizes para Cessação do Tabagismo. J Bras Pneumol. 2004;30:S1-76.. Contudo, o tabagismo representa fator de risco para o desenvolvimento e piora de diversas manifestações cardiovasculares e metabólicas. Ademais, há indícios de que o tabagismo interfira na farmacodinâmica dos antipsicóticos, principalmente da olanzapina e da clozapina, exigindo maiores doses e concentrações para o controle sintomático do paciente9595. National Institute for Health and Care Excellence. Psychosis and schizophrenia in adults: prevention and management Clinical guideline. 2014. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg178. Acesso em: 27 maio 2021.
https://www.nice.org.uk/guidance/cg178...
,107107. Oliveira M de, Furegato F. Esquizofrenia e dependência de tabaco: uma revisão integrativa. Enfermería Global. 2012;25:404-25.,108108. Araújo AJ de, Menezes AMB, Dórea AJPS, Torres BS, Viegas CA de A, Silva CAR da, et al. Diretrizes para Cessação do Tabagismo. J Bras Pneumol. 2004;30:S1-76.. Assim, os efeitos colaterais se intensificam à medida que a dose é aumentada.

Os estudos analisados mostram que as alterações metabólicas são prevalentes em pessoas com esquizofrenia tratadas com antipsicóticos, sejam típicos ou atípicos. Entretanto, tais comorbidades apresentam-se subdiagnosticadas e subtratadas nessa população. Esses achados sugerem que pessoas com esquizofrenia têm morbimortalidade exacerbada, contudo recebem tratamento precarizado para suas doenças somáticas5454. Castillo-Sánchez M, Fàbregas-Escurriola M, Bergè-Baquero D, Fernández-San Martín M, Boreu QF, Goday-Arno A. Risk of underdiagnosis of hypertension in schizophrenia patients. Clin Exp Hypertens. 2018;40:167-74.,6363. Gaughran F, Stahl D, Stringer D, Hopkins D, Atakan Z, Greenwood K, et al. Effect of lifestyle, medication and ethnicity on cardiometabolic risk in the year following the first episode of psychosis: prospective cohort study. Br J Psychiatry. 2019;215:712-9., apesar das recomendações internacionais, que preconizam ao menos uma monitorização ao ano, com anamnese detalhada para agravos cardiovasculares, diabetes, ganho de peso e doenças respiratórias, comuns no paciente esquizofrênico9595. National Institute for Health and Care Excellence. Psychosis and schizophrenia in adults: prevention and management Clinical guideline. 2014. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg178. Acesso em: 27 maio 2021.
https://www.nice.org.uk/guidance/cg178...
.

Tal condição pode ser analisada por diversos vieses; entre eles, encontram-se resquícios do modelo biomédico de Claude Bernard, cujo adoecimento seria resultado de um agente etiopatogênico apenas, ou seja, ao transpor para o médico psiquiatra, este poderia estar focado, unicamente, no transtorno mental do paciente, sem atentar às individualidades dele109109. Puttini RF, Pereira Junior A, Oliveira LR de. Modelos explicativos em saúde coletiva: abordagem biopsicossocial e auto-organização. Physis. 2010;20(3):753-67.. O profissional especializado tende a se restringir aos cuidados referentes à sua área de atuação. Assim, a pessoa é reduzida e simplificada a um portador de uma doença e sua abordagem é direcionada a essa patologia. Isso se deve à deficiência na formação dos profissionais para manejar a subjetividade dos pacientes e, também, ao sentimento de impossibilidade de intervenção concreta mediante o enfrentamento de adversidades biopsicossociais110110. Barros RS de, Botazzo C. Subjetividade e clínica na atenção básica: narrativas, histórias de vida e realidade social. Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(11):4337-48..

Além disso, está bem estabelecido que o antipsicótico é o fármaco de escolha para tratamento da esquizofrenia, mas o seu uso contínuo pode levar a repercussões indesejadas na saúde do paciente. O cuidado ampliado pode minimizar essas repercussões, pois, na medicina centrada na pessoa, a estratégia de assistência não foca exclusivamente no controle dos sintomas da doença esquizofrenia111111. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União; 2017.. Assim, reforça-se a importância das tecnologias leves, que abarcam a escuta, o vínculo e o acolhimento, visando não apenas à adesão ao tratamento, mas também ao desenvolvimento de autonomia e inclusão social112112. Tanaka OY, Ribeiro EL. Ações de saúde mental na atenção básica: caminho para ampliação da integralidade da atenção. Ciênc Saúde Coletiva. 2009;14(2):477-86..

Nesse sentido, ressalta-se a importância dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para o acompanhamento de pessoas diagnosticadas com esquizofrenia. Tais unidades surgem na década de 1970, com o advento da Reforma Psiquiátrica no Brasil, quando há mudança de paradigma do modelo asilar, com o foco na psicopatologia e no manicômio, para o modo psicossocial, com o olhar para o sujeito em sofrimento113113. Nasi C, Schneider JF. O Centro de Atenção Psicossocial no cotidiano dos seus usuários. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(5):1157-63.. Os CAPS realizam o acolhimento universal e diário a pacientes psiquiátricos, promovendo o desenvolvimento da autonomia dos usuários, reintegrando-os à vida social e à convivência familiar114114. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento como lugares da atenção psicossocial nos territórios: orientações para elaboração de projetos de construção, reforma e ampliação de CAPS e de UA. 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_atencao_psicossocial_unidades_acolhimento.pdf. Acesso em: 2 set. 2021.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaco...
. Nesse sentido, os usuários do CAPS são incentivados a se envolver com o seu tratamento para sentirem-se corresponsabilizados com o plano terapêutico, o que promove maior adesão e autonomia dos pacientes113113. Nasi C, Schneider JF. O Centro de Atenção Psicossocial no cotidiano dos seus usuários. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(5):1157-63.. Além disso, o serviço realiza o agenciamento e encaminhamento de casos, visitas domiciliares e atividades comunitárias114114. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento como lugares da atenção psicossocial nos territórios: orientações para elaboração de projetos de construção, reforma e ampliação de CAPS e de UA. 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_atencao_psicossocial_unidades_acolhimento.pdf. Acesso em: 2 set. 2021.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaco...
. Assim, os CAPS funcionam como um complexo de produção de ações de cuidado feitas em rede, com abrangência além dos seus limites físicos, interagindo com outras instituições e serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), funcionando como um dos principais dispositivos de desinstitucionalização114114. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento como lugares da atenção psicossocial nos territórios: orientações para elaboração de projetos de construção, reforma e ampliação de CAPS e de UA. 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_atencao_psicossocial_unidades_acolhimento.pdf. Acesso em: 2 set. 2021.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaco...
.

Por outro lado, também pode ser levantado o desafio da fisiopatologia da doença e sua repercussão na qualidade de vida do paciente. A manifestação dos sintomas negativos e positivos tende a interferir na motivação diária da pessoa, tornando-a indisposta ou incapaz de seguir recomendações gerais e inespecíficas, como prática de exercício físico mínimo para a saúde cardiovascular ou alimentação equilibrada.

Por fim, cabe ressaltar a crescente preocupação com o uso por tempo indeterminado dos antipsicóticos. A exposição contínua e cumulativa dos neurolépticos nesses indivíduos tem revelado não somente alterações cardiovasculares e metabólicas, mas também aumento da mortalidade e perda da substância cinzenta do córtex cerebral. Assim, o guideline9595. National Institute for Health and Care Excellence. Psychosis and schizophrenia in adults: prevention and management Clinical guideline. 2014. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg178. Acesso em: 27 maio 2021.
https://www.nice.org.uk/guidance/cg178...
britânico de esquizofrenia e psicose ressalta a importância de estimular novas pesquisas, a fim de identificar protocolos de descontinuação e redução escalonada do medicamento antipsicótico quando necessário a longo prazo e, assim, evitar efeitos colaterais ou agravantes do medicamento em questão, porém sem possibilitar retorno sintomático da psicopatologia que estava em remissão9595. National Institute for Health and Care Excellence. Psychosis and schizophrenia in adults: prevention and management Clinical guideline. 2014. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg178. Acesso em: 27 maio 2021.
https://www.nice.org.uk/guidance/cg178...
.

À luz do exposto, nota-se, portanto, a alta prevalência de comorbidades cardiovasculares e metabólicas do indivíduo com esquizofrenia em terapia antipsicótica. Percebe-se, ainda, a elevada prevalência de comportamentos e hábitos de vida que se classificam como fator de risco para as comorbidades, agravando o estado de saúde já debilitado pela doença e pelos aspectos farmacológicos da terapêutica medicamentosa.

Os achados deste estudo respondem à pergunta científica proposta, a qual diz respeito à relação da saúde cardiovascular do grupo de estudo em questão em uso de antipsicóticos. Assim, verifica-se a urgência no desenvolvimento de psicofármacos com eficácia comprovada e um perfil de segurança mais aceitável no tratamento da esquizofrenia. Além disso, é fundamental implementar um protocolo de atendimento multiprofissional minucioso, de acompanhamento rotineiro e seguindo a lógica da medicina centrada na pessoa, a fim de rastrear e tratar morbidades correlacionadas ao medicamento escolhido ou a fisiopatologia da doença em questão e, assim, otimizar a sobrevida e reduzir os índices de morbimortalidade desse grupo.

Entre as limitações do estudo, encontram-se a grande quantidade de artigos incluídos em primeira busca, o que resultou em inúmeras exclusões e pode ter ocasionado perda de material relevante no final da seleção. Além disso, a temática referente à farmacodinâmica dos antipsicóticos e seus respectivos receptores envolvidos está consolidada na literatura, porém os mecanismos envolvidos nas repercussões cardiometabólicas adversas não estão completamente elucidados. Isso acarreta conhecimento do possível desfecho, contudo sem compreender os meios que levam a ele.

CONCLUSÃO

A partir da revisão, constatou-se que o uso de agentes antipsicóticos foi associado a um risco aumentado de eventos adversos cardiovasculares e metabólicos (ganho de peso, diabetes, dislipidemia, síndrome metabólica e eventos cardíacos) em pessoas diagnosticadas com esquizofrenia. No entanto, questiona-se sobre a relação dos eventos intrínsecos a fisiopatologia da doença e hábitos de vida dos pacientes com o desenvolvimento de tais distúrbios. Assim, a questão permanece até que novos estudos com desenho de pesquisa apropriado e amostra suficiente lancem luz sobre o assunto, para que se possa compreender, de fato, todos os entremeios e, assim, amenizar as repercussões patológicas.

Ademais, cabe ressaltar que os profissionais de saúde que cuidam de pessoas com esquizofrenia devem estar atentos à saúde física delas, não apenas aos sinais e sintomas relacionados à doença. Acompanhar marcadores antropométricos e sanguíneos relacionados à doença cardíaca e metabólica é uma estratégia que pode reduzir ou diagnosticar precocemente essas alterações. A abordagem da subjetividade do paciente deve ser realizada concomitantemente, vislumbrando compreender a vivência do indivíduo com sua doença. Assim, os profissionais devem adotar uma postura de receber, escutar e tratar de forma qualificada e humanizada o paciente e suas demandas. Dessa forma, será possível abordar o cuidado às pessoas com esquizofrenia em sua integralidade.

AGRADECIMENTOS

Sabrina Leal Pscheidt agradece à Pró-reitoria de Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina (PROEX/UFSC) pela bolsa concedida por meio do Programa de Bolsas de Extensão – PROBOLSAS 2020 (Edital 5/2019/PROEX).

Heloísa Nunes Zardeto agradece ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq – Brasil) pela bolsa recebida por meio do Programa Institucional de Iniciação Científica e Tecnológica da UFSC (PIICT) (Edital PROPESQ 01/2020).

REFERÊNCIAS

  • 1
    World Health Organization. The world health report 2007: a safer future: global public health security in the 21st century: overview. 2007. p. 1-24. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/69698/WHR07_overview_eng.pdf? sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 5 abr. 2021
    » https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/69698/WHR07_overview_eng.pdf? sequence=1&isAllowed=y
  • 2
    Charlson FJ, Ferrari AJ, Santomauro DF, Diminic S, Stockings E, Scott JG, et al. Global epidemiology and burden of schizophrenia: Findings from the global burden of disease study 2016. Schizophr Bull. 2018;44:1195-203.
  • 3
    Aleman A, Kahn RS, Selten JP. Sex differences in the risk of schizophrenia: Evidence from meta-analysis. Arch Gen Psychiatry. 2003;60:565-71.
  • 4
    McGrath J, Saha S, Chant D, Welham J. Schizophrenia: A concise overview of incidence, prevalence, and mortality. Epidemiol Rev. 2008;30:67-76.
  • 5
    Iacoponi E. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10 – Diretrizes Diagnósticas e de Tratamento para Transtornos Mentais em Cuidados Primários. Braz. J. Psychiatry. 1999;21:132.
  • 6
    .American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5®). Disponível em: https://www.psychiatry.org/psychiatrists/practice/dsm Acesso em: 15 abr. 2021.
    » https://www.psychiatry.org/psychiatrists/practice/dsm
  • 7
    Moreira FA, Guimarães FS. Mechanisms of antipsychotic medications: Dopaminergic hypotheses. Ribeirão Preto: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2007. p. 63-71.
  • 8
    Alves CRR, Silva MTA. A esquizofrenia e seu tratamento farmacológico. Estud Psicol. 2001;18:12-22.
  • 9
    Newcomer JW. Comparing the safety and efficacy of atypical antipsychotics in psychiatric patients with comorbid medical illnesses. J Clin Psychiatry. 2009;70 Suppl 3:30-6.
  • 10
    Elkis H, Gama C, Suplicy H, Tambascia M, Bressan R, Lyra R, et al. Consenso Brasileiro sobre antipsicóticos de segunda geração e distúrbios metabólicos. Rev Bras Psiquiatr. 2008;30(1):77-85.
  • 11
    Bresee LC, Majumdar SR, Patten SB, Johnson JA. Utilization of general and specialized cardiac care by people with schizophrenia. Psychiatric Serv. 2012;63:237-42.
  • 12
    de Hert M, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study of diabetes and other metabolic disorders in patients with schizophrenia treated with antipsychotic drugs. I. Methodology. Int J Methods Psychiatr Res. 2010;19(4):195-210.
  • 13
    da Fonseca D, Fourneret P. Very early onset schizophrenia. Encephale. 2018;44:S8-11.
  • 14
    Newcomer JW, Lieberman JA. Comparing safety and tolerability of antipsychotic treatment. J Clin Psychiatry. 2007;68:e07.
  • 15
    Arksey H, L O’Malley. Scoping studies: towards a methodological framework. Int J Soc Res Methodol. 2005;8(1):19-32.
  • 16
    The Joanna Briggs Institute. The Joanna Briggs Institute Reviewers’ Manual 2015 Methodology for JBI Scoping Reviews; 2015. Disponível em: https://nursing.lsuhsc.edu/JBI/docs/ReviewersManuals/Scoping-.pdf Acesso em: 1 jun. 2021.
    » https://nursing.lsuhsc.edu/JBI/docs/ReviewersManuals/Scoping-.pdf
  • 17
    Tricco AC, Lillie E, Zarin W, O’Brien KK, Colquhoun H, Levac D, et al. PRISMA extension for scoping reviews (PRISMA-ScR): Checklist and explanation. Ann Intern Med. 2018;169(7):467-73.
  • 18
    Kelly DL, Wehring HJ, Linthicum J, Feldman S, McMahon RP, Love RC, et al. Cardiac-related findings at autopsy in people with severe mental illness treated with clozapine or risperidone. Schizophr Res. 2009;107:134-8.
  • 19
    Miller DD, McEvoy JP, Davis SM, Caroff SN, Saltz BL, Chakos MH, et al. Clinical correlates of tardive dyskinesia in schizophrenia: baseline data from the CATIE schizophrenia trial. Schizophr Res. 2005;80:33-43.
  • 20
    Nemani KL, Greene MC, Ulloa M, Vincenzi B, Copeland PM, Al-Khadari S, et al. Clozapine, Diabetes Mellitus, Cardiovascular Risk and Mortality: Results of a 21-Year Naturalistic Study in Patients with Schizophrenia and Schizoaffective Disorder. Clin Schizophr Relat Psychoses. 2019 Winter;12(4):168-76.
  • 21
    Chen Y, Bobo W v, Watts K, Jayathilake K, Tang T, Meltzer HY. Comparative effectiveness of switching antipsychotic drug treatment to aripiprazole or ziprasidone for improving metabolic profile and atherogenic dyslipidemia: a 12-month, prospective, open-label study. J Psychopharmacol. 2012;26:1201-10.
  • 22
    Stolz PA, Wehring HJ, Liu F, Love RC, Ellis M, DiPaula BA, et al. Effects of Cigarette Smoking and Clozapine Treatment on 20-Year All-Cause & Cardiovascular Mortality in Schizophrenia. Psychiatr Q. 2019;90:351-9.
  • 23
    Schwartz E, Charlotte M, Slade E, Medoff D, Li L, Dixon L, et al. Gender differences in antipsychotics prescribed to veterans with serious mental illness. Gen Hosp Psychiatry. 2015;37:347-51.
  • 24
    Correll CU, Kane JM, Manu P. Identification of high-risk coronary heart disease patients receiving atypical antipsychotics: single low-density lipoprotein cholesterol threshold or complex national standard? J Clin Psychiatry. 2008;69:578-83.
  • 25
    Walker AM, Lanza LL, Arellano F, Rothman KJ. Mortality in current and former users of clozapine. Epidemiology. 1997;8:671-7.
  • 26
    Kim SH, Ivanova O, Abbasi FA, Lamendola CA, Reaven GM, Glick ID. Metabolic impact of switching antipsychotic therapy to aripiprazole after weight gain: a pilot study. J Clin Psychopharmacol. 2007;27:365-8.
  • 27
    Enger C, Weatherby L, Reynolds RF, Glasser DB, Walker AM. Serious cardiovascular events and mortality among patients with schizophrenia. J Nerv Ment Dis. 2004;192:19-27.
  • 28
    Setoguchi S, Wang PS, Alan Brookhart M, Canning CF, Kaci L, Schneeweiss S. Potential causes of higher mortality in elderly users of conventional and atypical antipsychotic medications. J Am Geriatr Soc. 2008;56:1644-50.
  • 29
    Correll CU, Harris J, Figen V, Kane JM, Manu P. Antipsychotic drug administration does not correlate with prolonged rate-corrected QT interval in children and adolescents: results from a nested case-control study. J Child Adolesc Psychopharmacol. 2011;21:365-8.
  • 30
    Daumit GL, Goff DC, Meyer JM, Davis VG, Nasrallah HA, McEvoy JP, et al. Antipsychotic effects on estimated 10-year coronary heart disease risk in the CATIE schizophrenia study. Schizophr Res. 2008;105:175-87.
  • 31
    Taylor LG, Panucci G, Mosholder AD, Toh S, Huang TY. Antipsychotic Use and Stroke: A Retrospective Comparative Study in a Non-Elderly Population. J Clin Psychiatry. 2019;80.
  • 32
    Meyer JM. Antipsychotics and metabolics in the post-CATIE era. Curr Top Behav Neurosci. 2010;4:23-42.
  • 33
    Straus SM, Bleumink GS, Dieleman JP, van der Lei J, ’t Jong GW, Kingma JH, et al. Antipsychotics and the risk of sudden cardiac death. Arch Intern Med. 2004;164:1293-7.
  • 34
    Ray WA, Chung CP, Murray KT, Hall K, Stein CM. Atypical antipsychotic drugs and the risk of sudden cardiac death. N Engl J Med. 2009;360:225-35.
  • 35
    Kelly DL, McMahon RP, Liu F, Love RC, Wehring HJ, Shim JC, et al. Cardiovascular disease mortality in patients with chronic schizophrenia treated with clozapine: a retrospective cohort study. J Clin Psychiatry. 2010;71:304-11.
  • 36
    Ciranni MA, Kearney TE, Olson KR. Comparing acute toxicity of first- and second- generation antipsychotic drugs: a 10-year, retrospective cohort study. J Clin Psychiatry. 2009;70:122-9.
  • 37
    Jerrell JM, McIntyre RS, Tripathi A. Incidence and costs of cardiometabolic conditions in patients with schizophrenia treated with antipsychotic medications. Clinical schizophrenia & related psychoses. 2010 and lost opportunities. Schizophr Res. 2007;92:103-7.
  • 38
    Correll CU, Harris JL, Pantaleon Moya RA, Frederickson AM, Kane JM, Manu P. Low-density lipoprotein cholesterol in patients treated with atypical antipsychotics: missed targets and lost opportunities. Schizophr Res. 2007;92:103-7
  • 39
    Chung KH, Chen PH, Kuo CJ, Tsai SY, Huang SH, Wu WC. Risk factors for early circulatory mortality in patients with schizophrenia. Psychiatry Res. 2018;267:7-11.
  • 40
    Yang CY, Lo SC, Peng YC. Prevalence and Predictors of Metabolic Syndrome in People With Schizophrenia in Inpatient Rehabilitation Wards. Biol Res Nurs. 2016;18:558-66.
  • 41
    Chen PH, Tsai SY, Kuo CJ, Chung KH, Huang SH, Chen CC. Physiological characteristics of patients with schizophrenia prematurely dying from circulatory diseases. Asia Pac Psychiatry. 2016;8:199-205.
  • 42
    Huang TL, Chen JF. Serum lipid profiles and schizophrenia: effects of conventional or atypical antipsychotic drugs in Taiwan. Schizophr Res. 2005;80:55-9.
  • 43
    Wang J, Liu Y, Zhu W, Zhang F, Zhou Z. Olanzapine-induced weight gain plays a key role in the potential cardiovascular risk: evidence from heart rate variability analysis. Sci Rep. 2014;4:7394.
  • 44
    Wu CS, Lin CC, Chang CM, Wu KY, Liang HY, Huang YW, et al. Antipsychotic treatment and the occurrence of venous thromboembolism: a 10-year nationwide registry study. J Clin Psychiatry . 2013;74:918-24.
  • 45
    Wen F, Tan J. Effects of phenothiazine drugs on serum levels of apolipoproteins and lipoproteins in schizophrenic subjects. Acta Pharmacol Sin. 2003;24:1001-5.
  • 46
    Lin HC, Chen YH, Lee HC, Lin HC. Increased risk of acute myocardial infarction after acute episode of schizophrenia: 6 year follow-up study. Aust N Z J Psychiatry. 2010;44:273-9.
  • 47
    Bobes J, Arango C, Aranda P, Carmena R, Garcia-Garcia M, Rejas J. Cardiovascular and metabolic risk in outpatients with schizoaffective disorder treated with antipsychotics: results from the CLAMORS study. Eur Psychiatry. 2012;27:267-74.
  • 48
    Bernardo M, Cañas F, Banegas JR, Casademont J, Riesgo Y, Varela C. Prevalence and awareness of cardiovascular risk factors in patients with schizophrenia: a cross-sectional study in a low cardiovascular disease risk geographical area. Eur Psychiatry. 2009;24:431-41.
  • 49
    Sanchez-Martinez V, Romero-Rubio D, Abad-Perez MJ, Descalzo-Cabades MA, Alonso-Gutierrez S, Salazar-Fraile J, et al. Metabolic Syndrome and Cardiovascular Risk in People Treated with Long-Acting Injectable Antipsychotics. Endocr Metab Immune Disord Drug Targets. 2018;18:379-87.
  • 50
    Castillo-Sánchez M, Fàbregas-Escurriola M, Bergè-Baquero D, Fernández- SanMartín M, Goday-Arno A. Screening of cardiovascular risk factors in patients with schizophrenia and patients treated with antipsychotic drugs: are we equally exhaustive as with the general population? Clin Exp Hypertens. 2017;39:441-7.
  • 51
    Arango C, Bobes J, Aranda P, Carmena R, Garcia-Garcia M, Rejas J. A comparison of schizophrenia outpatients treated with antipsychotics with and without metabolic syndrome: findings from the CLAMORS study. Schizophr Res. 2008;104:1-12.
  • 52
    Darbà J, Kaskens L, Aranda P, Arango C, Bobes J, Carmena R, et al. A simulation model to estimate 10-year risk of coronary heart disease events in patients with schizophrenia spectrum disorders treated with second-generation antipsychotic drugs. Ann Clin Psychiatry. 2013;25:17-26.
  • 53
    Berrocal-Izquierdo N, Bioque M, Bernardo M. Is cerebrovascular disease a silent condition in patients with chronic schizophrenia-related disorders? Int Clin Psychopharmacol. 2017;32:80-6.
  • 54
    Castillo-Sánchez M, Fàbregas-Escurriola M, Bergè-Baquero D, Fernández-San Martín M, Boreu QF, Goday-Arno A. Risk of underdiagnosis of hypertension in schizophrenia patients. Clin Exp Hypertens. 2018;40:167-74.
  • 55
    Sweeting J, Duflou J, Semsarian C. Postmortem analysis of cardiovascular deaths in schizophrenia: a 10-year review. Schizophr Res. 2013;150:398-403.
  • 56
    Lappin JM, Wijaya M, Watkins A, Morell R, Teasdale S, Lederman O, et al. Cardio- metabolic risk and its management in a cohort of clozapine-treated outpatients. Schizophr Res. 2018;199:367-73.
  • 57
    Morell R, Curtis J, Watkins A, Poole J, Fibbins H, Rossimel E, et al. Cardio- metabolic risk in individuals prescribed long-acting injectable antipsychotic medication. Psychiatry Res. 2019;281:112606.
  • 58
    Nenke MA, Hahn LA, Thompson CH, Liu D, Galletly CA. Psychosis and cardiovascular disease: is diet the missing link? Schizophr Res. 2015;161:465-70.
  • 59
    Osborn D, Marston L, Nazareth I, King MB, Petersen I, Walters K. Relative risks of cardiovascular disease in people prescribed olanzapine, risperidone and quetiapine. Schizophr Res. 2017;183:116-23.
  • 60
    Castillo-Sánchez M, Fàbregas-Escurriola M, Bergè-Baquero D, Foguet-Boreu Q, Fernández-San Martín MI, Goday-Arno A. Schizophrenia, antipsychotic drugs and cardiovascular risk: Descriptive study in primary care. Eur Psychiatry. 2015;30:535-41.
  • 61
    Pérez-Piñar M, Mathur R, Foguet Q, Ayis S, Robson J, Ayerbe L. Cardiovascular risk factors among patients with schizophrenia, bipolar, depressive, anxiety, and personality disorders. Eur Psychiatry. 2016;35:8-15.
  • 62
    Thanacoody RH, Daly AK, Reilly JG, Ferrier IN, Thomas SH. Factors affecting drug concentrations and QT interval during thioridazine therapy. Clin Pharmacol Ther. 2007;82:555-65.
  • 63
    Gaughran F, Stahl D, Stringer D, Hopkins D, Atakan Z, Greenwood K, et al. Effect of lifestyle, medication and ethnicity on cardiometabolic risk in the year following the first episode of psychosis: prospective cohort study. Br J Psychiatry. 2019;215:712-9.
  • 64
    Pérez-Iglesias R, Martínez-García O, Pardo-Garcia G, Amado JA, Garcia-Unzueta MT, Tabares-Seisdedos R, et al. Course of weight gain and metabolic abnormalities in first treated episode of psychosis: the first year is a critical period for development of cardiovascular risk factors. Int J Neuropsychopharmacol. 2014;17:41-51.
  • 65
    Falissard B, Mauri M, Shaw K, Wetterling T, Doble A, Giudicelli A, et al. The METEOR study: frequency of metabolic disorders in patients with schizophrenia. Focus on first and second generation and level of risk of antipsychotic drugs. Int Clin Psychopharmacol. 2011;26:291-302.
  • 66
    Mulerova T, Ogarkov M, Uchasova E, Voevoda M, Barbarash O. A comparison of the genetic and clinical risk factors for arterial hypertension between indigenous and non-indigenous people of the Shoria Mountain Region. Clin Exp Hypertens. 2018;40:324-31.
  • 67
    Goff DC, Sullivan LM, McEvoy JP, Meyer JM, Nasrallah HA, Daumit GL, et al. A comparison of ten-year cardiac risk estimates in schizophrenia patients from the CATIE study and matched controls. Schizophr Res. 2005;80:45-53.
  • 68
    Bressington D, Mui J, Tse ML, Gray R, Cheung EFC, Chien WT. Cardiometabolic health, prescribed antipsychotics and health-related quality of life in people with schizophrenia-spectrum disorders: a cross-sectional study. BMC Psychiatry. 2016;16:411.
  • 69
    Kisely S, Cox M, Campbell LA, Cooke C, Gardner D. An epidemiologic study of psychotropic medication and obesity-related chronic illnesses in older psychiatric patients. Can J Psychiatry. 2009;54:269-74.
  • 70
    Hussein O, Izikson L, Bathish Y, Dabur E, Hanna A, Zidan J. Anti-atherogenic properties of high-density lipoproteins in psychiatric patients before and after two months of atypical anti-psychotic therapy. J Psychopharmacol. 2015;29:1262-70.
  • 71
    Lahti M, Tiihonen J, Wildgust H, Beary M, Hodgson R, Kajantie E, et al. Cardiovascular morbidity, mortality and pharmacotherapy in patients with schizophrenia. Psychol Med. 2012;42:2275-85.
  • 72
    Lin ST, Chen CC, Tsang HY, Lee CS, Yang P, Cheng KD, et al. Association between antipsychotic use and risk of acute myocardial infarction: a nationwide case-crossover study. Circulation. 2014;130:235-43.
  • 73
    de Hert M, Mittoux A, He Y, Peuskens J. Metabolic parameters in the short- and long-term treatment of schizophrenia with sertindole or risperidone. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2011;261:231-9.
  • 74
    Alméras N, Després JP, Villeneuve J, Demers MF, Roy MA, Cadrin C, et al. Development of an atherogenic metabolic risk factor profile associated with the use of atypical antipsychotics. J Clin Psychiatry. 2004;65:557-64.
  • 75
    Woo YS, Kim W, Chae JH, Yoon BH, Bahk WM. Blood pressure changes during clozapine or olanzapine treatment in Korean schizophrenic patients. World J Biol Psychiatry. 2009;10:420-5.
  • 76
    Simpson MM, Goetz RR, Devlin MJ, Walsh BT. Weight Gain and Antipsychotic Medication: Differences Between Antipsychotic-Free and Treatment Periods. J Clin Psychiatry . 2001;62(9):694-700.
  • 77
    Lett TAP, Wallace TJM, Chowdhury NI, Tiwari AK, Kennedy JL, Müller DJ. Pharmacogenetics of antipsychotic-induced weight gain: review and clinical implications. Mol Psychiatry. 2012;17:242-66.
  • 78
    Dieset I, Hope S, Ueland T, Bjella T, Agartz I, Melle I, et al. Cardiovascular risk factors during second generation antipsychotic treatment are associated with increased C-reactive protein. Schizophr Res. 2012;140:169-74.
  • 79
    Chen WY, Chen LY, Liu HC, Wu CS, Yang SY, Pan CH, et al. Antipsychotic medications and stroke in schizophrenia: A case-crossover study. PloS one. 2017;12:e0179424.
  • 80
    Kitayama H, Kiuchi K, Nejima J, Katoh T, Takano T, Hayakawa H. Long-term treatment with antipsychotic drugs in conventional doses prolonged QTc dispersion, but did not increase ventricular tachyarrhythmias in patients with schizophrenia in the absence of cardiac disease. Eur J Clin Pharmacol. 1999;55:259-62.
  • 81
    Chong SA, Mythily, Lum A, Goh HY, Chan YH. Prolonged QTc intervals in medicated patients with schizophrenia. Hum Psychopharmacol. 2003;18:647-9.
  • 82
    Bär KJ, Koschke M, Berger S, Schulz S, Tancer M, Voss A, et al. Influence of olanzapine on QT variability and complexity measures of heart rate in patients with schizophrenia. J Clin Psychopharmacol. 2008;28:694-8.
  • 83
    Ray WA, Meredith S, Thapa PB, Meador KG, Hall K, Murray KT. Antipsychotics and the risk of sudden cardiac death. Arch Gen Psychiatry. 2001;58:1161-7.
  • 84
    Liperoti R, Gambassi G, Lapane KL, Chiang C, Pedone C, Mor V, et al. Conventional and atypical antipsychotics and the risk of hospitalization for ventricular arrhythmias or cardiac arrest. Arch Intern Med. 2005;165:696-701.
  • 85
    Elif Anıl Yağcıoğlu A, Ertuğrul A, Karakaşlı AA, Ağaoğlu E, Ak S, Karahan S, et al. A comparative study of detection of myocarditis induced by clozapine: With and without cardiac monitoring. Psychiatry Res. 2019;279:90-7.
  • 86
    Parker C, Coupland C, Hippisley-Cox J. Antipsychotic drugs and risk of venous thromboembolism: nested case-control study. BMJ. 2010;341:c4245.
  • 87
    Semiz M, Yücel H, Kavakçı O, Yıldırım O, Zorlu A, Yılmaz MB, et al. Atypical antipsychotic use is an independent predictor for the increased mean platelet volume in patients with schizophrenia: A preliminary study. J Res Med Sci. 2013;18:561-6.
  • 88
    Carrizo E, Fernández V, Quintero J, Connell L, Rodríguez Z, Mosquera M, et al. Coagulation and inflammation markers during atypical or typical antipsychotic treatment in schizophrenia patients and drug-free first-degree relatives. Schizophr Res. 2008;103:83-93.
  • 89
    Alves Frederico W, Oga S, de Lourdes Rabelo Pequeno M, Fumi Taniguchi S. Efeitos extrapiramidais como consequência de tratamento com neurolépticos. Einstein (São Paulo). 2008;6(1):51-5.
  • 90
    Kane JM. Extrapyramidal side effects are unacceptable. Eur Neuropsychopharmacol. 2001;11 Suppl 4:S397-403.
  • 91
    Schisler V. Farmacoterapia no tratamento da esquizofrenia [Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia)]. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso; 2017.
  • 92
    Alexandra D, Albano S. Esquizofrenia-Patologia e Terapêutica [Dissertação de Mestrado (Ciências Farmacêuticas)]. Faro, Portugal: Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade do Algarve; 2012
  • 93
    Wannmacher L. Antipsicóticos atípicos: mais eficazes, mais seguros? 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/HSE_URM_APS_1104.pdf Acesso em: 12 jun. 2021.
    » http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/HSE_URM_APS_1104.pdf
  • 94
    Ferreira R. antipsicóticos de segunda geração no tratamento da esquizofrenia. São Paulo: Centro de Pós-Graduação Oswaldo Cruz; 2007
  • 95
    National Institute for Health and Care Excellence. Psychosis and schizophrenia in adults: prevention and management Clinical guideline. 2014. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg178 Acesso em: 27 maio 2021.
    » https://www.nice.org.uk/guidance/cg178
  • 96
    American Psychiatric Association. The American Psychiatric Association Practice Guideline for the Treatment of Patients With Schizophrenia. American Psychiatric Association Publishing; 2020.
  • 97
    Annamalai A, Tek C. An overview of diabetes management in schizophrenia patients: Office based strategies for primary care practitioners and endocrinologists. Int J Endocrinol. 2015;2015.
  • 98
    da Silva AAS, Ribeiro MVMR, de Sousa-Rodrigues CF, Barbosa FT. Association between antipsychotics and cardiovascular adverse events: A systematic review. Rev Assoc Med Bras (1992). 2017;63(3):261-7.
  • 99
    Barcelos AC, Mota Trein A, Santos Sousa G, Fleury Neto L, Baldaçara L. Efeitos cardiotóxicos resultantes da interação da risperidona com diuréticos tiazídicos. J Bras Psiquiatr. 2014;63(4):379-83
  • 100
    Freitas SVS. Cardiotoxicidade induzida por fármacos: experiência profissionalizante na vertente de farmácia comunitária, hospitalar e investigação [Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas]. Covilhã: Universidade da Beira Interior; 2005
  • 101
    Scorza FA, de Albuquerque M, Arida RM, Cysneiros RM. Serum levels of magnesium in sudden cardiac deaths among people with schizophrenia: Hit or miss? Arq Neuro-Psiquiatr. 2012;70:814-6.
  • 102
    de Cerqueira Filho EA, Arandas FDS, de Oliveira IR, de Sena EP. Dislipidemias e antipsicóticos atípicos. J Bras Psiquiatr. 2006;55:296-307.
  • 103
    Leitão-Azevedo CL, Guimarães LR, de Abreu MGB, Gama CS, Lobato MI, Belmonte-de-Abreu PS. Increased dyslipidemia in schizophrenic outpatients using new generation antipsychotics. Rev Bras Psiquiatr. 2006;28:301-4.
  • 104
    Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Risperidona: risco maior de ocorrência de eventos adversos cerebrovasculares em pacientes idosos com demência do tipo vascular ou diagnóstico misto em comparação com os pacientes com demência do tipo Alzheimer. Agência Canadense (Health Canada); 2015
  • 105
    Ussher M, Doshi R, Sampuran A, West R. Cardiovascular risk factors in patients with schizophrenia receiving continuous medical care. Community Ment Health J. 2011;47:688-93.
  • 106
    Leitão-Azevedo CL, Guimarães LR, Lobato MI, Belmonte-De-Abreu P. Weight gain and metabolic disorders in schizophrenia. Rev Psiq Clin. 2007;34:184-8.
  • 107
    Oliveira M de, Furegato F. Esquizofrenia e dependência de tabaco: uma revisão integrativa. Enfermería Global. 2012;25:404-25.
  • 108
    Araújo AJ de, Menezes AMB, Dórea AJPS, Torres BS, Viegas CA de A, Silva CAR da, et al. Diretrizes para Cessação do Tabagismo. J Bras Pneumol. 2004;30:S1-76.
  • 109
    Puttini RF, Pereira Junior A, Oliveira LR de. Modelos explicativos em saúde coletiva: abordagem biopsicossocial e auto-organização. Physis. 2010;20(3):753-67.
  • 110
    Barros RS de, Botazzo C. Subjetividade e clínica na atenção básica: narrativas, histórias de vida e realidade social. Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(11):4337-48.
  • 111
    Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União; 2017.
  • 112
    Tanaka OY, Ribeiro EL. Ações de saúde mental na atenção básica: caminho para ampliação da integralidade da atenção. Ciênc Saúde Coletiva. 2009;14(2):477-86.
  • 113
    Nasi C, Schneider JF. O Centro de Atenção Psicossocial no cotidiano dos seus usuários. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(5):1157-63.
  • 114
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento como lugares da atenção psicossocial nos territórios: orientações para elaboração de projetos de construção, reforma e ampliação de CAPS e de UA. 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_atencao_psicossocial_unidades_acolhimento.pdf Acesso em: 2 set. 2021.
    » https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_atencao_psicossocial_unidades_acolhimento.pdf
  • 115
    Torniainen M, Tanskanen A. Antipsychotic Treatment and Mortality in Schizophrenia. Schizophr Bull. 2015;41(3):656-63.
  • 116
    Shen H, Wu D, Wang S. Atypical Antipsychotic Administration in Schizophrenic Patients Leads to Elevated Lipoprotein‐Associated Phospholipase A2 Levels and Increased Cardiovascular Risk: A Retrospective Cohort Study. Basic Clin Pharmacol Toxicol. 2018;123(6):756-65.
  • 117
    Barak Y, Baruch Y. Cardiac and cerebrovascular morbidity and mortality associated with antipsychotic medications in elderly psychiatric inpatients. Am J Geriatr Psychiatry. 2007;15(4):354-6.
  • 118
    Pillinger T, Osimo EF. Cardiac structure and function in patients with schizophrenia taking antipsychotic drugs: an MRI study. Transl Psychiatry. 2019;9(1):163.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Jul 2022
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2022

Histórico

  • Recebido
    21 Jun 2021
  • Aceito
    14 Fev 2022
Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro Av. Venceslau Brás, 71 Fundos, 22295-140 Rio de Janeiro - RJ Brasil, Tel./Fax: (55 21) 3873-5510 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: editora@ipub.ufrj.br