Gestão do absenteísmo na Atenção Primária em cidade brasileira de médio porte

Sob a ótica do absenteísmo, este artigo descreve e analisa o processo de agendamento e atendimento de consultas médicas para o município de Ribeirão Preto, SP, Brasil. A partir dos mapas dos processos de agendamento e atendimento na Atenção Primária à Saúde (APS), foram realizadas entrevistas com coordenações da Secretaria Municipal de Saúde e gerentes de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF). Em uma abordagem qualitativa, foram identificadas as características, peculiaridades e possibilidades de estruturação no agendamento e atendimento à população. Os resultados são apresentados de modo analítico nos seguintes tópicos temáticos: gestão da agenda, acolhimento, tecnologias de informação e comunicação, modelo de unidade, pronto atendimento, infraestrutura e recursos humanos. Os resultados deste trabalho poderão auxiliar gestores municipais em processos de avaliação e melhoria contínua na rede de APS.

Gestão em saúde; Acesso aos serviços de saúde; Atenção Primária; Consultas médicas; Absenteísmo

TÓPICO	REFLEXOS NO ABSENTEÍSMO	REFLEXOS NA APS
Gestão da agenda	Redução: Configuração intensiva da agenda Disponibilização de indicadores Agendamento na coleta de exames ou na assistência farmacêutica Agendamento com avaliação de risco Aumento: Períodos longos de agendamento Agendamento via aplicativo	Agendamento via aplicativo otimiza o acesso, mas não se associa à responsabilização do paciente. Momento de chegada do paciente (hora da consulta, início do turno ou início da hora) associa-se ao atendimento humanizado e qualidade do trabalho na unidade.
Acolhimento	Redução: Adoção de protocolo de avaliação de risco Gestão intensiva das vagas de acolhimento Aumento: Superdimensionamento de vagas de acolhimento	Acolhimento associa-se à equidade. Acolhimento exige disponibilidade de recursos humanos. Direcionamento do paciente à equipe ou profissional associa-se à efetividade.
TIC	Redução: Envio de mensagens por aplicativo ou WhatsApp no reagendamento Confirmação de consultas e exames Aumento: Qualidade de informações cadastrais	Qualidade de informações cadastrais associa-se ao sucesso no reagendamento/confirmação. Ações comunicacionais exigem recursos humanos e infraestrutura e se mostraram pouco eficientes. Aplicativo favorece o acesso e evita deslocamento do paciente à unidade, porém, não se associa à equidade, por não estabelecer prioridade no atendimento; não se associa à responsabilização e não é operacional na ESF ou quando o agendamento ocorre mediante avaliação de risco. Dificuldades de comunicação com população vulnerável, idosa ou sem acesso às TIC. Retrabalho devido à duplicidade de informações em sistemas.
Modelo de unidade e pronto atendimento	Absenteísmo não se associa ao modelo de unidade Absenteísmo não se associa ao horário de funcionamento da unidade	UBS orientam-se ao atendimento por especialidades, com característica reativa: paciente “provoca” a consulta. USF possuem atendimento generalista e, no município, orientam-se prioritariamente a populações com maior vulnerabilidade. UBS abrangem maior quantitativo populacional, enquanto USF são reguladas por parâmetros da PNAB. Mudanças na PNAB comprometem efetividade. Apoio do NASF associou-se à alta resolubilidade no atendimento. UPA possuem potencial para desorganizar APS e comprometer integralidade e continuidade.
Recursos humanos e infraestrutura	Redução: Manutenção de equipes completas Aumento: Reformas prediais sem plano de contingência para atendimento	Problemas associados a recursos humanos incluem a sobrecarga de jornada e dificuldades nas substituições e reposições do quadro.

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[1] Conflito de interesse

Os autores não têm conflito de interesse a declarar.