Resumo
O artigo aborda, em três etapas, os processos atuais de cooptação da street art e sua transformação em complemento estético e acrítico ao processo de urbanização neoliberal, focando na sua relação, não resolvida, da arte com o seu próprio sítio. Primeiro, através de uma perambulação imersiva na complexidade dum sítio específico. Segundo, através do engajamento crítico com a forma e a política da street art contemporânea. Terceiro, através duma especulação estratégica sobre a relação entre as noções de arte, de urbano e de sítio. O impasse atual da street art, argumenta-se, depende paradoxalmente de sua incapacidade de se tornar plenamente urbana. Uma street art com especificidade urbana não é uma superfície decorativa nem uma interrupção encantadora dos processos dramáticos de urbanização: ela é um campo de forças que torna esses processos visíveis, experimentáveis e, portanto, questionáveis. As obras “olímpicas” de JR e Kobra no Rio de Janeiro e a performance iconoclasta de Blu em Berlim são usadas para ilustrar e complementar o argumento.
Palavras-chave:
street art; crítica institucional; urbanização; Porto Maravilha.