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Do ponto de vista do “crime”: notas de um trabalho de campo com “ladrões”* * As três primeiras partes deste artigo foram apresentadas na Universidade Federal do Ceará, em 2010, graças ao convite da Profa. Jânia Perla Diógenes de Aquino e do Prof. Leonardo Damasceno de Sá para participação na mesa-redondaÉtica, segredo e risco na pesquisa etnográfica de temas “perigosos”, durante o II Seminário Internacional Violência e Conflitos Sociais: Práticas de Extermínio. A quarta parte desenvolvi durante a disciplina Debates Antropológicos Contemporâneos – Leituras de Wagner e Strathern, ministrada pelo Prof. Geraldo Andrello (PPGAS-UFSCar), a quem agradeço pelos comentários. A última parte foi desenvolvida recentemente. Meus agradecimentos se estendem ao meu orientador, Prof. Jorge Vilella (PPGAS-UFSCar), a Karina Biondi (pós-doutoranda do PPGAS-Unicamp) e a Messias Basques (doutorando do PPGAS-Museu Nacional/UFRJ), que fizeram leituras atentas da versão final deste artigo. Pude incorporar uma série de sugestões feitas por eles, embora outras tantas eu tenha negligenciado. Portanto desresponsabilizo-os por eventuais críticas que eu possa receber. Faço uso das aspas tanto para marcar os termos e formulações de meus interlocutores quanto para indicar a citação de autores (nesse caso, seguido da referência bibliográfica). O uso do itálico fica reservado para ênfases textuais e conceituais.

From the crime’s point of view: notes from a fieldwork with “ladrões”

Resumo

Neste artigo trato de negociações que marcaram a minha pesquisa com “ladrões”. Argumento que o plano de relações que as sustentam, denominado “crime” por eles, consiste em três agenciamentos: 1) uma preocupação obstinada com a pergunta “o que é o certo?”; 2) um “movimento” coletivo de considerações variáveis a respeito de quem “está pelo certo”; 3) um processo ininterrupto de (re)definições de “aliados”/“inimigos”. Sob tal plano de relações, a pesquisa se tornou viável todas as vezes em que fui classificado como alguém dos “direitos humanos”. Indicando um forte ceticismo quanto à possibilidade de a “opressão carcerária” ser combatida pelo “sistema” e absolutamente indiferente a qualquer intenção universalista, essa noção bem pode ser utilizada para classificar “aliados” conjunturais (pesquisadores, Pastoral Carcerária), mas seu aspecto provocativo consiste no fato de que ela também pode ser usada, conforme apresento em dois casos etnográficos, para refletir não a alteridade, mas os próprios esforços dos “comandos” prisionais.

Palavras-chave
“comandos” prisionais; “direitos humanos”; etnografia; reversibilidade

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