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A produção simultânea de masculinidades hegemônicas e subalternas* * Trabalho traduzido por Andréa Fachel Leal. Este trabalho foi originalmente apresentado no Seminário Masculinidades y Equidad de Genero en América Latina, FLACSO, Santiago, Chile, Junho de 1998. Uma versão em espanhol deste texto será publicada no livro com o mesmo título, organizado por Teresa Valdes e com o suporte de FLACSO e UNFPA, Santiago, Chile, 1998.

Resumo

Meu ponto de partida é o argumento de Andre Gunder Frank, que, em seus estudos clássicos sobre América Latina, apontou que o desenvolvimento e o subdesenvolvimento não eram estágios pelos quais todos os países passavam, mas que havia uma relação entre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento, em que o desenvolvimento de alguns países implicava o subdesenvolvimento deliberado e específico de outros. Neste sentido, a criação da metrópole implicava simultaneamente a criação da periferia. Assim como no caso do desenvolvimento económico, este processo ocorre também com gênero, no que diz respeito à construção histórica dos significados de masculinidade. À medida que o ideal hegemônico de masculinidade se estabelece, este é criado por oposição a um feixe de “outros”, cuja masculinidade foi problematizada e desvalorizada. O hegemônico e o subalterno emergem em mútua e desigual interação, em uma ordem social e econômica com uma demarcação prévia distorcida de gênero (gendered ). Neste trabalho, localizo a emergência histórica da versão hegemônica de masculinidade nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, do século XVIII até o presente. Descrevo as formas pelas quais o “self-made-man” superou e desacreditou outras versões de masculinidade – a de homens negros, imigrantes, homossexuais, velhos, homens de classe alta, homens de classe trabalhadora –, bem como a mulher, na medida em que este se transformava na forma dominante de sucesso com um bias de gênero na arena pública. Descrevo a versão hegemônica de masculinidade – o capitalista globalizado que, em cada país, assiste CNN em hotéis de luxo, fala por telefone celular, usa gravatas poderosas e faz refeições com o poder – como um descendente direto do comerciante do século XVIII.

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