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Cidade de Deus em 360º

City of God in 360º

Ciudad de Dios en 360º

Resumo

Neste artigo, o filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, é o disparador de uma reflexão sobre a barbárie nas periferias brasileiras. Capturado em sua trama narrativa, o espectador de classe média é incitado a deslocar-se de uma posição passiva, na medida em que é enlaçado na violência que o filme denuncia. Do ponto de vista metodológico, esta análise fílmica consiste em uma pesquisa psicanalítica sustentada no modo como Freud escuta uma obra visual em O Moisés de Michelangelo. Nesse sentido, um elemento formal da composição de Cidade de Deus - uma panorâmica de 360º - parece aludir ao genocídio da juventude negra do país. A partir de uma leitura psicanalítica, sugerimos que esse circuito de repetição indica o filicídio na cultura: o extermínio de novas gerações orquestrado por estruturas de poder com o intuito de sustentar posições de gozo. No circuito mortífero em que são tragados jovens negros brasileiros de periferia, trata-se de descrever o que se repete, regularmente, mas também as possibilidades de inscrição de uma diferença.

Palavras-chave:
psicanálise; cinema; repetição; filicídio; cultura

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