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Trabalhar e adoecer: análise da licença psiquiátrica entre profissionais de saúde do trabalho hospitalar

Resumo

O artigo apresenta os resultados de uma investigação que tem como foco a análise dos afastamentos médico-psiquiátricos, após um diagnóstico de ansiedade e/ou depressão, entre profissionais de saúde (enfermeiros e assistentes sociais), funcionários de hospitais públicos. O enfoque teórico é a psicossociologia, disciplina que articula experiências subjetivas e relações sociais. O método das “histórias de vida profissional” permite analisar as histórias e o advento da licença psiquiátrica. A análise das narrativas dos profissionais sobre o evento das licenças psiquiátricas permitiu compreender o sofrimento psíquico e o adoecimento mental no trabalho hospitalar, considerando a articulação de seis dimensões socioclínicas: (1) a fragilidade psicossocial; (2) a hierarquia no trabalho hospitalar; (3) a perda do ato-poder sobre o trabalho; (4) o sofrimento ético-político; (5) a tentativa de regulação do sofrimento; e (6) a religação a uma nova condição de trabalhador. O trabalho era um organizador de vida e espaço significativo de inserção social; advindo o acontecimento da licença, surgem outros organizadores da existência, e novas construções de sentido para o trabalho são produzidas. A licença produz uma ruptura em que nada mais se apresenta como antes, pois os profissionais ressignificam sua vida e sua condição de trabalhador.

Palavras-chave:
licença médico-psiquiátrica; trabalho hospitalar; saúde mental; psicossociologia

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