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Editorial

Editorial

Chegamos ao fim do ano de 2011, com a perspectiva de novos rumos das políticas editoriais no campo das ciências humanas e, especificamente, no heterogêneo campo da psicologia. Fractal: Revista de Psicologia tem alguns princípios, que são reflexo de discussões articuladas em distintos fóruns, sejam em eventos nacionais e internacionais de psicologia, associações de psicologia ou mesmo em intercâmbios entre programas de pós-graduação. Os princípios de Fractal são o de garantir publicização de pesquisas em estudos da subjetividade sem sucumbir ao primado do puro e simples produtivismo e sem adotar saídas imediatistas em torno da dificuldade de manutenção de rotina editorial de periódicos. Apostamos em saídas referendadas em reflexão sobre o sentido dos periódicos, sua função no campo do conhecimento e na formação de leitores e, por fim, também apostamos na consolidação de campos investigativos críticos e renovadores.

Nossa rotina em 2012 se iniciará com a importante tarefa de atualização do status de artigos submetidos ao nosso periódico, de maneira a agilizar o processo de avaliação de manuscritos e de resposta aos autores. Além disso, visaremos o fortalecimento do diálogo com os consultores ad hoc, de forma a permitir maior agilidade e clareza durante a avaliação de manuscritos. Estamos empenhados em reduzir o tempo de manutenção de um artigo em nossa plataforma e iniciaremos 2012 com importantes metas, sem perder de vista a nossa política editorial e nossas apostas éticas, sem perder de vista a nossa alegria e a força de nosso trabalho em equipe. Sérgio Sant'Ana, Antônio Júnior, Marco Aurélio, Carla Nathália, Luana Marques e Ellen Ribeiro são os grandes parceiros de nossa empreitada, destacando-se, como sempre, o trabalho primoroso, artesanal e que jamais perde a ternura de Sérgio Sant'Ana. No número atual de Fractal: Revista de Psicologia, contamos com os seguintes artigos: Las políticas para la infância e el enfoque de derechos en America Latina: algunas reflexiones sobre su abordaje teórico de Valeria Llobet, da Universidad Nacional de San Martín, que se volta a compreensão de políticas desenvolvidas em torno da infância no contexto argentino. Logo após, temos o artigo Violência e vulnerabilidades: os jovens e as notícias de jornal de Carolina Salomão Correa e Solange Jobim e Souza, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, que trata do modo como jovens de determinados contextos do Rio de Janeiro lidam e se posicionam em relação às notícias de jornal que os enfocam como vulneráveis. A seguir, temos o artigo Medicina e Hospital de Alcindo Antônio Ferla e outros da Universidade Federal do Pará, que se reporta aos estudos de Michel Foucault sobre a relação entre a medicina e o hospital. No artigo procura-se destacar o conceito de biopolítica e a interpretação, por parte dos autores, da relação entre as tecnologias hospitalares e a individualização de corpos e de coletividades por intermédio do olhar médico.

Logo a seguir, temos o artigo Devir-loucura no rádio: uma experiência em saúde mental de autoria de Fernanda Streppel e Analice Palombini da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No artigo, as autoras se reportam a uma experiência em saúde mental, em que se aborda a loucura em seu fazer, sem recair em uma substancialização do estatuto daquele que é diagnosticado no campo da saúde mental. A seguir, há o artigo Obra de arte como território de existência de Andresa Thomazoni e Tania Galli Fonseca, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Neste artigo, as autoras refletem sobre a obra de arte como um território existencial, a partir de experiência no Hospital Psiquiátrico de São Pedro, no Rio Grande do Sul. O próximo artigo se intitula Entre as intensividades da vida e o roçar da morte: uma cartografia de experiência com psicoativos de Maria Juracy Toneli e Fernando Luiz Salgado da Silva da Universidade Federal de Santa Catarina. No artigo, os autores problematizam estudo realizado sobre interações no cyberespaço que se referiam ao uso de substâncias psicoativas, procurando realizar o que é chamado de uma cartografia de processos de subjetivação contemporâneos. Na sequência, temos o artigo Controvérsias como práticas discursivas: uma abordagem retórica de Flávia Regina Ribeiro da Universidade Federal de Alagoas. No artigo, a autora apresenta conceitos fundamentais para a análise retórica de material empírico discursivo. Para isto, a autora apresenta diferentes correntes de estudo da linguagem, centrando-se na reflexão sobre as controvérsias.

O próximo artigo se intitula Comunidades e o campo da política: uma reflexão a partir da psicanálise de Cynara Ribeiro, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, e Nadir Júnior, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. No artigo, os autores priorizam as diferenças entre as categorias de favela e comunidade, apoiando-se em conceitos lacanianos para interpretar intervenções feitas no campo da Psicologia Comunitária. Logo após, há o artigo Fenômeno histérico ou psicossomático: relendo o "Homem dos Lobos" com Winnicot de Nadja Pinheiro e Maria Vitória Maia da Universidade Federal do Paraná e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, respectivamente. No artigo, as autoras buscam uma compreensão teórica dos chamados adoecimentos psicossomáticos, recorrendo ao pensamento de Freud e de Winnicot, dando destaque ao caso clínico célebre que aparece no título do trabalho. A seguir, há o artigo Consumo sustentável e economia solidária:alguns conceitos e contribuições da Psicologia de Lilia Kanan da Universidade do Planalto Catarinense. No artigo, faz-se um panorama das categorias de consumo alienante, sustentável e solidário, dando ênfase aos procedimentos em curso na chamada economia solidária, buscando dar relevo às contribuições da Psicologia ao estudo do consumo. Logo após, contamos com o artigo Modos de ensinar e conhecer história da Psicologia de Rosângela Luz Matos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No artigo, a autora problematiza os modos de ensinar e conhecer História da Psicologia, apostando na importância do tema para a formação de psicólogos e indicando a inspiração do chamado método genealógico para uma abordagem crítica da História da Psicologia. Por último, na seção dedicada aos artigos, temos a contribuição de Maria Elizabeth Barros de Barros e Rafael da Silveira Gomes, ambos da Universidade Federal do Espírito Santo, cujo título é Humanização do cuidado em saúde: de tecnicismos a uma ética do cuidado, em que se procura problematizar atuais políticas de humanização no campo da saúde, voltando-se, privilegiadamente, para uma reflexão sobre as noções de humano, saúde e direitos. No atual volume ainda há resumos de participação em eventos. As contribuições se chamam Os labirintos da diferença: uma leitura em torno do livro A filosofia crítica de Kant e Grupo transdisciplinar de estudos e tratamento do alcoolismo e outras dependências . Encerramos o ano de 2011 com a convicção de que teremos muito trabalho a fazer nos próximos anos, mas estaremos assentados na força de nossa equipe e na transmissão de nossa experiência para os novos membros da equipe que, em 2012, enfrentará com muito profissionalismo os desafios para a manutenção de nossa rotina editorial. Boa leitura!

Marcelo Santana Ferreira

Editor de Fractal: Revista de Psicologia.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jan 2012
  • Data do Fascículo
    Dez 2011
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