Acessibilidade / Reportar erro

Editorial

Editorial

As formas de substituição de equipes editoriais e os problemas decorrentes de sua instabilidade têm sido preocupação constante de todos que trabalham na edição de periódicos científicos, em particular naqueles publicados por instituições como as universidades, nas quais as comissões editoriais costumam ser indicadas pelas diretorias de unidade e estão a elas vinculadas. Se, por um lado, a renovação sem dúvida deve ser um princípio, por outro lado a substituição de toda uma equipe a cada três ou quatro anos pode significar a perda de um conjunto de conhecimentos e práticas arduamente conquistados e a ruptura de processos positivos de gestão, com conseqüências como a suspensão da periodicidade da publicação ou até mesmo a queda de sua qualidade. Esse tema tem sido objeto de reflexão entre editores de periódicos de todas as áreas do conhecimento, preocu-pados em mostrar como a rotatividade impensada das comissões editoriais pode significar a manutenção do amadorismo na edição de revistas científicas, e também em apontar possíveis formas de renovação das equipes, mais compatíveis com a dinâmica da editoração..* * Vejam-se, por exemplo, as discussões realizadas no VIII Encontro Nacional da ABEC (Associação Brasileira de Editores Científicos), que teve lugar em Atibaia, SP, em novembro de 2001.

Como partícipes desse debate, foi com grande alegria que recebemos da nova diretora da FEUSP, professora Selma Garrido Pimenta, empossada em fevereiro último, o reconhecimento pelo esforço anteriormente realizado por uma equipe entrosada e dedicada, assim como seu compromisso com a manutenção da linha editorial até então assumida. Esse compromisso se expressou na permanência do conjunto da comissão editorial, agora acrescida da colega Marta Kohl de Oliveira, a quem damos as mais cordiais boas-vindas.

Este número de EDUCAÇÃO E PESQUISA representa, assim, a abertura de um novo momento, uma fase de consolidação em continuidade ao trabalho desenvolvido até agora. De nossa parte, renovamos nosso empenho pelo fortalecimento da revista, sempre tendo o olhar voltado para o debate aberto e pluralista de idéias, base indispensável ao desenvolvimento da pesquisa. Esse eixo orientou o processo de renovação da publicação, que levamos a cabo com o inestimável apoio da professora Myriam Krasilchik, diretora da Faculdade de Educação de março de 1998 a fevereiro de 2002, e uma de nossas principais incentivadoras.

No período que se encerra, como mostramos em nosso editorial anterior, conseguimos recuperar a periodicidade da revista ao mesmo tempo em que lhe imprimíamos um novo patamar de qualidade. Publicamos 60 textos, dos quais 52 são artigos inéditos, escritos por autores de sete diferentes países estrangeiros e nove estados brasileiros. E, conforme nossa definição editorial, privilegiamos a publicação de resultados de pesquisas, as quais foram apresentadas em 32 destes artigos inéditos (61,5%).

Com a publicação deste número 1, volume 28, também inauguramos um intercâmbio com a revista Cadernos de Pesquisa, cujos sumários atualizados passaremos a apresentar regularmente aos leitores, nas páginas finais de cada edição. Ao mesmo tempo, os Cadernos de Pesquisa publicarão nossos sumários, numa iniciativa que visa a divulgar de forma ainda mais ampla o material disponível em cada um dos periódicos, e que sem dúvida nos fortalecerá mutuamente.

Como tem acontecido nos últimos anos, pudemos contar, no trabalho de edição, com a colaboração generosa e competente de muitos colegas, em especial de Maria da Graça Jacintho Setton, que organizou a seção EM FOCO, sobre o tema "Educação e sociedade midiática". Abordando assuntos originais no campo educacional, ao pensar os processos de socialização para além da família e da escola, a seção traz quatro artigos que certamente serão úteis para todos que trabalham com crianças e jovens dentro e fora da instituição escolar, de autoria de Juarez Dayrell, Isleide Arruda Fontenelle, Rosa Maria Bueno Fischer e da organizadora.

O número apresenta ainda outros cinco artigos inéditos, três deles diretamente referidos ao campo da História da Educação, seja do ponto de vista do método, na reflexão de Belmira Bueno sobre a questão da subjetividade nos estudos baseados em histórias de vida de professores; seja sobre as formas de apropriação da história do ensino primário brasileiro, no texto de Diana Vidal e Luciano Faria Filho; ou ainda a contribuição de Marcus Aurélio Taborda de Oliveira à história das disciplinas escolares, em especial a educação Física escolar no período da ditadura militar brasileira. Na seqüência, Helena Altmann discute a influência do Banco Mundial nas políticas educacionais em nosso país, tema candente e atual; e no artigo "Valores na escola", Maria Suzana De Stefano Menin retoma a questão da ética na educação escolar, contribuindo para um debate que se expressou em nossas páginas na seção EM FOCO do número de julho a dezembro de 2000 (n. 2, v. 26) e que ainda se desenrola com intensidade no campo educacional.

Marília Pinto de Carvalho

  • *
    Vejam-se, por exemplo, as discussões realizadas no VIII Encontro Nacional da ABEC (Associação Brasileira de Editores Científicos), que teve lugar em Atibaia, SP, em novembro de 2001.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      17 Set 2002
    • Data do Fascículo
      Jun 2002
    Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo Av. da Universidade, 308 - Biblioteca, 1º andar 05508-040 - São Paulo SP Brasil, Tel./Fax.: (55 11) 30913520 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revedu@usp.br