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A cultura ensaística entre a fabulação e o ensaísmo acadêmico: uma leitura

The essayistic culture between fabulation and academic essayish: some notes

Resumo

Este ensaio almeja pensar os elementos constitutivos da cultura ensaística surgida nos séculos XVI e XVII, e de que maneira essa cultura vem sendo recuperada nos meios universitários contemporâneos. Apropriada tanto pelos adeptos de um ensaísmo acadêmico — autores interessados em combater a sanha produtivista que tomou de assalto a pesquisa acadêmica — quanto pela produção educacional inspirada no pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari, interessada em erigir uma poética do pesquisar de tom mais fabulatório. O ensaio seguirá o seguinte excurso argumentativo: em primeiro lugar, apresentaremos a emergência de uma cultura ensaística na Europa ao longo dos séculos XVI e XVII, atentando para o fato de que o ensaio não surge apenas da pena de um ou outro renomado autor — Michel de Montaigne ou Francis Bacon; antes, configura-se como um modo de pensamento preocupado em apreender e experienciar a crise de consciência europeia de uma maneira distinta daquela buscada pelo racionalismo. Em seguida, procuraremos compreender como essa cultura ensaística resgata certa ideia de fabulação que, de algum modo, ressoará no pensamento de Gilles Deleuze como uma crença no mundo; por fim, finalizaremos com alguns breves apontamentos sobre como essa cultura ensaística ressoa nas discussões promovidas tanto pelos adeptos do ensaísmo acadêmico, em sua luta contra o produtivismo, quanto pela produção educacional deleuziana e deleuzo-guattariana recente.

Ensaio; Pesquisa acadêmica; Fabulação; Poética

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