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Escola pública e discurso meritocrático: propostas da reforma do ensino médio e expectativas dos estudantes

Resumo

Este artigo propõe fazer uma discussão geral sobre a reforma do ensino médio, refletindo em que medida alguns conteúdos e algumas práticas propostas convergem para conceitos e discursos de base individualista e meritocrática, já presentes no ambiente da escola pública, mas reforçados por essas mudanças. A partir de um conjunto amplo de pesquisas realizadas entre 2019 e 2022, busca-se captar percepções meritocráticas para estudantes e egressos de escolas públicas cearenses. Os dados e a discussão sobre a reflexividade permitem verificar que há entre os jovens estudantes da escola média uma considerável expectativa por uma vida educacional e futura que proporcione estabilidade e condições sociais desejáveis. Essa expectativa, no entanto, caminha junto a uma massificada adesão ao discurso meritocrático e individualista em geral, com baixa reflexão sobre os condicionantes sociais. Os relatos e dados indicam que os agentes desse universo – professores e colegas – são atores significativos no processo de construção dessa visão. Contudo, faz-se necessário pensar sobre um possível descompasso entre expectativas dos jovens e realidade formativa proporcionada pelo novo ensino médio. Em um momento de expansão do ensino superior e da intensificação das dinâmicas econômicas baseadas no conhecimento, o papel da escola torna-se ainda mais central para garantir uma formação adequada, completa e que não produza ainda maiores distâncias educacionais entre diferentes grupos sociais, sobretudo no já grave contexto brasileiro de desigualdades sociais e educacionais.

Palavras-chave
Escola pública; Meritocracia; Reforma do ensino médio; Juventudes; Reflexividades

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