Professores em meio ao ensino remoto emergencial: repercussões do isolamento social na educação formal¹

Resumo

O artigo trata da educação formal desenvolvida em escolas e universidades em tempos de isolamento social em decorrência da pandemia ocasionada pela covid-19. O objetivo foi compreender como o isolamento social reverberou na práxis docente para viabilizar a continuidade do ensino-aprendizagem por intermédio do ensino remoto emergencial. Desenvolveu-se um estudo de abordagem qualitativa com 146 professores da educação básica e do ensino superior, por meio de questionário on-line. Os dados foram processados no programa Iramuteq e interpretados utilizando a análise de conteúdo segundo Bardin. Emergiram cinco categorias de análise: exclusão digital dos alunos; consequências para a saúde dos professores; dificuldades verificadas no processo de ensino-aprendizagem; exigências pedagógicas de enfrentamento; e precarização do trabalho docente. Os resultados indicaram que a falta de acesso dos alunos aos equipamentos tecnológicos adequados e à internet, o aumento das demandas do trabalho docente e a inabilidade de alguns professores para ministrar as aulas on-line mediante o uso das tecnologias digitais da informação e comunicação aumentam a precarização do trabalho docente, o que reverberou em prejuízo nas condições de saúde dos professores. Concluiu-se que a superação deste cenário inóspito exige medidas urgentes e efetivas, sobremodo aquelas de iniciativa do poder público, para a promoção da equalização social, com o fomento abrangente do acesso às tecnologias digitais da informação e comunicação, além do investimento em capacitação profissional voltada às novas demandas pedagógicas do ensino remoto emergencial e à valorização do magistério.

Educação; Covid-19; Pandemia; Exclusão digital; Ensino-aprendizagem