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Começar pelo meio de um fazer: recompor o ensino de sociologia

Resumo

A partir do debate contemporâneo acerca da virada ontológica, busca-se discutir neste artigo possíveis implicações de seus pressupostos para conceber as práticas da docência da sociologia na escola básica. A educação e o ensino são pensados deslocando-se do questionamento epistemológico (como conhecer) para aquele da ontologia (como a realidade se produz), de modo a abrir um campo de atenção à materialidade das práticas de conhecimento. Explora-se essa perspectiva tendo como disparador o relato de uma situação de planejamento pedagógico oriundo de pesquisa de campo etnográfica realizada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Ao se desdobrar as controvérsias contidas na narrativa, tensionam-se os limites do idioma representacional na concepção da docência da sociologia no ensino médio. Questiona-se, portanto, qual ensino seria possível ao assumirmos que não há um mundo – e uma sociologia – prontos previamente às práticas. Assim, ao explorar os caminhos indicados no próprio relato de campo, elabora-se a ideia de “começar pelo meio de um fazer” em uma proposição de inversão e transmutação dos elementos implicados na intervenção pedagógica na escola. Com isso, concebe-se a prática docente menos em termos normativos e finalísticos e mais a partir da ideia de abertura às recalcitrâncias e cultivo da atenção a processos e percursos.

Ensino de sociologia; Virada ontológica; Prática docente; Etnografia; Antropologia da educação

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