RESUMO:
A teoria e a pesquisa em compreensão de leitura (CL) deixam claro que a habilidade não decorre automaticamente da capacidade de decodificar um texto, pois envolve componentes linguísticos e cognitivos que precisam operar junto com a decodificação fluente. Por isso, a habilidade de compreender precisa ser encarada como um objeto de ensino, e deve ser alvo de instrução escolar. Pesquisas de intervenção - e as metanálises sobre elas - indicam as propostas instrucionais que favorecem o desenvolvimento da habilidade. Entretanto, a aplicação da evidência científica para a prática do professor em sala de aula não é simples nem imediata, e requer nova elaboração. Este artigo de revisão integrativa examina um conjunto de metanálises de estudos de intervenção em CL, com o objetivo de verificar os tipos de instrução analisados, sua efetividade e os principais aspectos que impactaram esse efeito. Entre os resultados encontrados, destacam-se que o ensino de estratégias favorece todos os perfis de alunos - sem ou com dificuldades, ou sob risco -; e que há estratégias mais recomendadas que outras, como o estabelecimento prévio do objetivo da leitura - que, por sua vez, facilita o monitoramento -, a realização de perguntas sobre o texto - durante a leitura, pelo professor e pelos alunos -, e o uso de atividades de escrita sobre o texto. Ainda, há um efeito moderador importante de quem aplica a instrução: a efetividade diminui quando é o professor quem aplica. Portanto, a complexidade da aplicação e o preparo que ela requer indicam que tão importante quanto a elaboração de programas em CL é a formação dos professores que irão implementá-lo.
Palavras-chave:
compreensão de leitura; metanálise; intervenção; metacognição; psicologia cognitiva