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Eletroconvulsoterapia no tratamento de pacientes com agitação e outros distúrbios de comportamento devido à demência: uma revisão sistemática

RESUMO

Distúrbios comportamentais são clinicamente relevantes em pacientes com demência, e regimes farmacológicos para mitigar esses sintomas têm proporcionado resultados limitados. Comprovadamente eficaz em diversas condições psiquiátricas, a eletroconvulsoterapia é uma estratégia potencialmente benéfica para o tratamento de pacientes com agitação grave na demência.

Objetivos:

Esta revisão examina as publicações sobre eficácia, segurança e tolerabilidade da eletroconvulsoterapia no tratamento de pacientes com agitação na demência.

Métodos:

Realizamos uma análise sistemática da eletroconvulsoterapia no tratamento de pacientes com demência e agitação grave. Os artigos foram classificados quanto ao nível de evidência com base no delineamento metodológico. Os pacientes receberam um curso agudo de eletroconvulsoterapia, frequentemente seguido de manutenção.

Resultados:

Foram selecionados 19 estudos (156 pacientes; 64,1% mulheres; 51–98 anos): um estudo caso-controle desenvolvido com base na análise de prontuários (nível de evidência 2); um estudo aberto (nível de evidência 3); três estudos de análise retrospectiva de prontuários (nível de evidência 4); e 14 séries/relatos de casos (nível de evidência 5). Não foram identificados ensaios clínicos randomizados e controlados com placebo (nível de evidência 1), fator que representa a principal fragilidade metodológica. No entanto, o principal achado da presente revisão consistiu na ausência de desenho metodológico baseado em ensaios clínicos randomizados e controlados com placebo. Em geral, os efeitos colaterais foram transitórios e bem tolerados. Alguns pacientes apresentaram delirium pós-ictal, descompensação cardiovascular e alterações cognitivas por períodos breves.

Conclusões:

No geral, os pacientes obtiveram melhora significativa na agitação. No entanto, o principal achado da presente revisão foi a ausência de delineamento metodológico baseado em ensaios clínicos randomizados e controlados com placebo. Apesar das limitações metodológicas e dos efeitos adversos, a eletroconvulsoterapia foi considerada um tratamento seguro e eficaz em pacientes com agitação grave e com outros distúrbios comportamentais clinicamente relevantes na demência.

Palavras-chave:
Agressão; Demência; Eletroconvulsoterapia; Sintomas Psicológicos e Comportametais da Demência

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