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Comprometimento cognitivo e sintomas neuropsiquiátricos entre indivíduos com histórico de infecção sintomática por SARS-CoV-2: um estudo longitudinal retrospectivo

RESUMO.

A COVID-19 é uma doença multissistêmica causada pelo vírus RNA (coronavírus 2 ou SARS-CoV-2) que pode ocasionar repercussão em medidas cognitivas.

Objetivo:

Identificar os principais sintomas cognitivos e neuropsiquiátricos em adultos sem queixas cognitivas anteriores à infecção. Especificamente, verificar a trajetória do desempenho cognitivo e neuropsiquiátrico após 6 meses.

Métodos:

Trata-se de um estudo retrospectivo e longitudinal. Foram incluídos 49 pacientes (29 reavaliados após 6 meses), com exame de PCR positivo, sem queixas cognitivas prévias que só se apresentaram após a infecção ou histórico de doenças neurológicas estruturais ou neurodegenerativas. Foram utilizados a bateria de avaliação cognitiva breve (MoCA), o Teste de Trilhas (TMT-A, B e ∆) e o Teste de Fluência Verbal; assim como a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS), e a escala de Severidade da Fadiga (ESF/BR). Testes de correlação e comparação de grupos foram utilizados para estatística descritiva e inferencial. Esta ocorreu através de. Nível de significância de α=5%.

Resultados:

idade média de 50,4 anos (11,3), anos de escolaridade 12,7 (2,8), maior proporção de mulheres (69,8%). Não foi observada melhora psicoemocional (depressão e ansiedade) entre as avaliações, assim como os pacientes mantiveram a queixa subjetiva de alteração cognitiva. A escala HAD-Ansiedade apresentou correlação significativa com os erros do TMT-B. O subgrupo que participou da estimulação cognitiva e psicoeducação apresentou melhora na medida de cognição global e no teste de atenção executiva.

Conclusão:

Nossos resultados corroboram com os demais estudos que constataram que a disfunção cognitiva em pacientes pós-COVID-19 pode persistir por meses após a remissão da doença, assim como sintomas psicoemocionais, mesmo em indivíduos com quadros leves da infecção. Estudos futuros, com aumento de casuística e amostras de controle, são necessários para maior evidência desses resultados.

Palavras-chave:
COVID-19; SARS-CoV-2; Disfunção Cognitiva; Estudos Longitudinais

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