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"Tradição", pessoa, gênero e DST/HIV/AIDS no Sul de Moçambique

No Sul de Moçambique, a noção "tradicional" de pessoa constrói-se numa perspectiva processual, como fluxo de relações sociais diacrônicas e sincrônicas que congregam parentes e outros pares, inclusive os espíritos. Pessoa e corpo são pensados como elementos atravessados e determinados por essas relações, que congregam as relações de gênero em termos de complementaridade realizada nas alianças e produção da descendência. Num sistema de descendência local, é através das mulheres que a filiação e a descendência são possíveis, gerando a pessoa masculina e feminina. Essa posição estrutural as coloca sob suspeitas de promoção da desconstrução da pessoa, sendo as doenças percebidas como dados objetivos que apontam para tal ação. Em certa medida, o HIV/AIDS tem sido experimentado nos termos dessa disposição sócio-cultural que define as doenças como ações de sujeitos sociais que colocam em risco a pessoa, construindo uma situação de vulnerabilidade das mulheres ao estabelecê-las como promotoras de doenças. Tal cenário tem determinado as experiências que os sujeitos têm com a epidemia e com os discursos e políticas públicas de prevenção e tratamento das DST e HIV/AIDS.

Relações Interpessoais; Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Doenças Sexualmente Transmissíveis; África


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