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Desigualdades no acesso à HAART e diferenças de sobrevida de acordo com a categoria de exposição ao HIV no Rio de Janeiro, Brasil

Resumo:

Apesar de uma melhora substancial no prognóstico e na qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) no Brasil, permanecem desigualdades no acesso ao tratamento. Avaliamos o impacto dessas desigualdades na sobrevida na cidade do Rio de Janeiro ao longo de 12 anos (2000/11). Os dados foram consolidados a partir de quatro bases que constituem o sistema nacional de monitoramento da aids: SINAN-aids (Sistema de Informação de Agravos de Notificação; casos de aids), SISCEL (exames laboratoriais), SICLOM (controle logístico de medicamentos) e SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade), usando relacionamento probabilístico. As regressões de Cox foram ajustadas para avaliar o impacto da HAART (terapia antirretroviral altivamente ativa) na mortalidade relacionada à aids entre homens que fazem sexo com homens (HSH), usuários de drogas injetáveis (UDI) e heterossexuais diagnosticados com aids entre 2000 e 2011 na cidade do Rio de Janeiro. Dos 15.420 casos, 60,7% eram heterossexuais, 36,1% HSH e 3,2% UDI. Houve 2.807 óbitos (18,2%) e a sobrevida mediana foi 6,29 anos. Houve associação significativa entre HAART e contagem de CD4+ > 200 na linha de base e importantes efeitos protetores. Comparados aos brancos, os não-brancos tiveram um risco 33% maior de morrer de aids. Os UDI tiveram um risco 56% maior, enquanto HSH tiveram um risco 11% menor de morrer de aids, comparados aos heterossexuais. Os indivíduos não-brancos, aqueles com menos de oito anos de escolaridade e UDI mostraram probabilidade mais alta de não receber HAART e de morrer de aids. No Rio de Janeiro, persistem desigualdades importantes no acesso ao tratamento, que resultam em impactos diferenciados na mortalidade de acordo com as categorias de exposição. Apesar da persistência dessas disparidades, a mortalidade diminuiu significativamente ao longo do período em todas as categorias analisadas, e o acesso à HAART teve impacto dramático no tempo de sobrevida.

Palavras-chave:
Síndrome de Imunideficiência Adquirida; Análisis de Sobrevida; Mortalidade Diferencial; Iniquidade Social; Terapia Antirretoviral de Alta Atividade

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