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Histórico clínico autorreferido de casos mal classificados de hanseníase no Estado do Mato Grosso, Brasil, 2016-2019

O objetivo deste estudo foi analisar o histórico clínico autorreferido de pacientes diagnosticados erroneamente com hanseníase no Estado do Mato Grosso, Brasil. Trata-se de um estudo transversal de novos casos de hanseníase diagnosticados no Estado do Mato Grosso, de 2016 a 2019, que após o início da poliquimioterapia foram liberados do tratamento devido a erros de diagnóstico. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas telefônicas. Durante o período do estudo, 354 indivíduos com hanseníase foram liberados do tratamento por erro de diagnóstico, dos quais 162 (45,8%) puderam ser entrevistados. Todos os entrevistados expressaram insatisfação com o tratamento, levando à reavaliação do diagnóstico antes de serem liberados por “erro de diagnóstico”. Dentre eles, 35,8% tinham como diagnóstico final uma doença musculoesquelética ou do tecido conjuntivo, principalmente fibromialgia e alterações na coluna vertebral, seguidos por 13,6% com diagnósticos de doenças de pele e tecido subcutâneo. Para 23,5% dos entrevistados, nenhum diagnóstico alternativo foi estabelecido, enquanto 7,4% foram posteriormente rediagnosticados com hanseníase. Diagnósticos errôneos de hanseníase foram mais frequentemente reclassificados como fibromialgia e problemas na coluna vertebral. Embora o diagnóstico da hanseníase seja geralmente clínico e não exija acesso à infraestrutura técnica na maioria dos casos, algumas situações mais complexas requerem apoio ao diagnóstico por meio de exames complementares, bem como estreita colaboração entre a atenção primária e os serviços de referência.

Palavras-chave:
Diagnóstico; Fibromialgia; Diagnóstico Diferencial


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