O estudo analisa dados referentes a 1.144 usuários de drogas injetáveis (UDIs) brasileiros, recrutados por dois estudos transversais multicêntricos: 287 do Projeto AjUDE-Brasil I e 857 do AjUDE-Brasil II. Procedeu-se análise comparativa de características relacionadas ao uso de drogas, comportamento sexual, situação jurídica e de saúde. Construíram-se modelos multivariados, por meio das árvores de decisão e regressão logística, para cada estudo, utilizando a infecção pelo HIV como variável-resposta. Cerca de 52% dos UDIs estavam infectados pelo HIV no AjUDE I e 36,5%, no AjUDE II. Em ambos os estudos a infecção pelo HIV se mostrou independentemente associada à soroprevalência média de fundo para o HIV (OR = 2,17; 10,66), soropositividade para o vírus da hepatite C (OR = 19,79; 15,48) e relato de sexo de homem-com-outro-homem (OR = 2,10; 2,09). No âmbito do AjUDE II, história de encarceramento (OR = 1,41) e oito ou mais anos de uso injetável (OR = 2,13) se mostraram também associados à infecção pelo HIV. Elevadas taxas de infecção pelo HIV entre UDIs relacionadas a comportamentos de risco injetável e sexual reforçam a necessidade de vigilância epidemiológica e prevenção.
Uso Indevido de Drogas Parenterais; HIV; Vírus da Hepatite C; Comportamento Sexual; Homossexualidade Masculina