Abordam-se aspectos conceituais e metodológicos das relações entre discriminação e saúde, sob uma perspectiva epidemiológica. São revisadas definições de discriminação, construtos correlatos e apresentadas as teorias subjacentes à interpretação de suas associações com saúde. Discutem-se os instrumentos desenvolvidos para aferição da discriminação e uma proposta para sua operacionalização em inquéritos epidemiológicos brasileiros. Enquanto fonte de estresse psicossocial relativamente imprevisível e de difícil controle, a discriminação tem sido consistentemente associada com piores condições/comportamentos em saúde, sobretudo transtornos mentais, tabagismo e uso de álcool. Entretanto, avanços na área dependem, em parte, do enfrentamento de questões vinculadas à aferição do fenômeno, como a definição de um mapa do construto e a necessidade de avaliar diferentes discriminações simultaneamente. A exploração desses aspectos propiciará uma compreensão mais ampla da discriminação e de suas consequências sobre a saúde, aumentando nossa capacidade de reduzir sua ocorrência na sociedade.
Preconceito; Estudos Epidemiológicos; Causalidade; Nível de Saúde; Psicometria