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Tendências de fecundidade durante sucessivas epidemias de doenças infecciosas novas: Zika e COVID-19 no Brasil

O objetivo desta contribuição de dados é estimar as tendências de fecundidade no Brasil nos anos 2010 e início dos anos 2020 durante epidemias consecutivas de doenças infecciosas novas, ou seja, Zika vírus e COVID-19. Utilizamos dados do Ministério da Saúde e do Registro Civil Nacional de 2011-2021 para calcular as taxas mensais de fecundidade nos níveis nacional e estadual. Também utilizamos o modelo ARIMA sazonal para prever taxas de fecundidade por mês e por estado em 2021, e comparamos essas previsões com as taxas de fecundidade observadas. Encontramos que as taxas de fecundidade eram estáveis entre 2011 e 2015, sem variação significativa, seguido por um declínio abrupto durante o surto de Zika em 2016, e seguido por sua vez por um retorno aos níveis pré-Zika depois do fim da epidemia. Além disso, para avaliar o efeito da pandemia de COVID-19, comparamos as taxas observadas e previstas de 2020-2021, mostrando que as quedas geralmente eram maiores nas taxas observadas do que nas previstas, porém sem significância estatística. Argumentamos que o recrudescimento da pandemia de COVID-19 em 2021 poderá levar a mais quedas nas taxas, na medida em que as mulheres não tenham tido tempo suficiente para reagir e se ajustarem aos efeitos da epidemia de Zika. Também discutimos a importância da disponibilidade oportuna de dados sobre nascidos vivos durante uma crise de saúde pública com consequências imediatas para as taxas de fecundidade.

Palavras-chave:
Fecundidade; Nascido Vivo; COVID-19; Zika Vírus; Estimativas de População


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