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Pacientes psiquiátricos em situação de rua e encarceramento no Brasil

Resumo

Os pacientes psiquiátricos estão em risco aumentado de eventos adversos da vida, como ser preso e morar na rua. Investigamos a associação de características sociodemográficas, clínicas, comportamentais e eventos adversos de vida com o histórico de morar na rua, encarceramento e a coocorrência dessas duas condições ao longo da vida em um estudo multicêntrico de corte transversal de 2.475 usuários de 26 serviços de saúde mental no Brasil. “Odds ratios” foram obtidos por modelos de regressão logística multinomial. A prevalência de morar na rua, encarceramento e coocorrência dessas condições foi de 8,6%, 16,4% e 9,4%, respectivamente. Menor renda, viver em habitações instáveis, deficiência mental e tabagismo foram associados a morar na rua. Ser do sexo masculino, ter menor escolaridade, histórico de sexo sob efeito de álcool ou drogas e múltiplos parceiros sexuais foram associados ao encarceramento. Internações psiquiátricas, uso de substâncias, histórico de doenças sexualmente transmissíveis e violência sexual, física ou verbal foram associados à coocorrência das duas condições. Encarceramento e morar na rua são eventos muito prevalentes e correlacionados em pacientes psiquiátricos. Muitos dos fatores associados são modificáveis e podem agir sinergicamente exigindo cuidados integrados.

Pessoas em situação de rua; Transtornos mentais; Epidemiologia; Prisões

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