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Aborto induzido entre prostitutas brasileiras: um estudo qualitativo

As prostitutas estão vulneráveis à gravidez não planejada e ao aborto. No Brasil, essa prática é crime e não há dados sobre aborto inseguro entre essa população. O estudo descreve como prostitutas abortam ilegalmente e o impacto à saúde. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 39 prostitutas de três cidades do Brasil com experiência prévia em aborto induzido. Foram realizados 66 abortos, entre 1 e 8 ocorrências por mulher. A maioria dos casos resultaram de atividades sexuais com os clientes. O uso inconsistente dos condoms e o consumo de álcool na prostituição foram indicadas como as principais causas de gravidez não planejada. O principal método para abortar foi uso intravaginal e oral de misoprostol, adquirido em farmácias ou no mercado clandestino. Métodos invasivos foram menos frequentes, apesar de com mais sérias implicações à saúde. O medo de denúncia à polícia fez com que a maioria das mulheres não informasse à equipe de saúde sobre a indução do aborto. A maioria das prostitutas abortou com uso de misoprostol adquirido ilegalmente, finalizando o aborto em hospital público com quadros de infecção e complicações hemorrágicas. Os dados indicam a necessidade de uma política pública voltada à saúde reprodutiva das prostitutas.

Aborto; Profissionais do sexo; Prostitutas; Misoprostol; Saúde Reprodutiva


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