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Nem sagradas nem profanas, apenas trabalhadoras: o trabalho-ciborgue de surrogates

Resumo

O presente artigo analisa a prática de surrogacy , na qual uma mulher gesta um bebê para terceiros, dando ênfase ao processo laboral-gestacional dessas mulheres, chamadas “ surrogates ”. Objetivando apresentar essas gestantes como figuras bastante híbridas, utilizo o ciborgue de Haraway (2016) como recurso heurístico. O estigma da compensação financeira das surrogates é considerado a partir de contribuições teóricas do trabalho sexual – juntamente com as metáforas da dramaturgia de Goffman (1996) – buscando debater como o perfil idealizado de quem a surrogate deve ser remete à figura da moral ideal da mulher santa. Seu processo de trabalho gestacional é analisado como uma forma híbrida de trabalho produtivo e trabalho relacional, demonstrando como surrogates negociam limites entre os mundos hostis de Zelizer (2011) de mercado e intimidade. Concluo que surrogates vivem entre esses dois mundos e, de diferentes formas, negociam seus limites, ao mesmo tempo que convivem com o perfil idealizado que se espera delas.

Surrogacy; Trabalho; Gênero; Estigma

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