Recrutamento supera a mortalidade em floresta subtropical secundária após colheita de madeira convencional

RESUMO

Estudos de dinâmica de florestas manejadas são fundamentais para planejamento e execução de estratégias de condução das florestas. As intervenções de colheita madeireira podem modificar taxas de recrutamento, mortalidade, ganho e perda de área basal da floresta remanescente. Em florestas secundárias, especialmente na Mata Atlântica, estes estudos ainda são escassos. Nossa hipótese de pesquisa é que a intervenção de manejo estimule o crescimento das árvores remanescentes, superando a redução do crescimento das árvores danificadas e mortalidade da colheita. Foi investigado a dinâmica das árvores remanescentes e dos recrutas (em número de indivíduos e área basal), com DAP ≥ 5 cm, por grupo ecológico da espécie, e os danos nos indivíduos adultos remanescentes. Medimos onze parcelas permanentes, com área de 1600 m², antes e quatro anos após a colheita de madeira em uma floresta secundária no sul do Brasil. Verificamos que as diferentes intensidades de colheita influenciam significativamente a dinâmica da floresta, especialmente as taxas de recrutamento anual, enquanto perda e ganho de área basal apresentaram uma relação mais fraca com a intensidade de corte; as taxas de mortalidade, no entanto, são semelhantes em parcelas de controle e parcelas manejadas. Também observamos que nas parcelas manejadas a taxa de recrutamento (5.3 ± 1.9 % /ano) superou a mortalidade (2.3 ± 1.2 % / ano). Entre os grupos ecológicos, encontramos menos recrutamento de espécies clímax do que de espécies secundárias. Em geral, a proporção de danos às árvores remanescentes diminuiu com o tempo. Concluímos que o manejo modificou a dinâmica florestal, indicando que o planejamento, incluindo limites de corte adequados e métodos de colheita de baixo impacto são essenciais para o alcance de um manejo florestal sustentável.

Palavras-chave:
Dinâmica florestal; Danos de colheita; Intensidade de colheita; Colheita convencional