Balanço hídrico de um remanescente de Mata Atlântica em um período de seca prolongado

RESUMO

Períodos de seca prolongados têm impactado as florestas Atlânticas no sudeste do Brasil, demandando investigações para entender os efeitos destas condições estressantes em sua hidrologia. Este estudo objetivou avaliar as mudanças no balanço hídrico de um remanescente de floresta Atlântica semi-decidual e como ela responde à secas. O Índice Padronizado Precipitação-Evapotranspiração (SPEI) foi aplicado para identificar os períodos de seca (de 1961 a 2019) e suas severidades nas escalas de ano hidrológico e verão. Os impactos das secas na evapotranspiração real, na percolação potencial e no armazenamento de água no solo foram analisados por meio do Hydrus-1D, considerando a precipitação efetiva e a evapotranspiração potencial como entradas. As análises de erro (<10%) confirmaram a adequabilidade do Hydrus-1D na simulação da umidade do solo. Incertezas com relação à condutividade hidráulica saturada estão relacionadas à presença de caminhos preferenciais, os quais não são considerados na equação de Richards. A intensificação das secas acarretaram mudanças na hidrologia florestal, ativando respostas fisiológicas. Florestas Atlânticas semi-deciduais são adaptadas a períodos secos devido à suas espécies adaptadas e à ativação de mecanismos fisiológicos. No entanto, a floresta respondeu de maneira diferente considerando as escalas de seca. A intensificação das secas no verão aumentou a evapotranspiração e diminuiu a percolação potencial. A perda de folhas alterou a estrutura do dossel em um intervalo de dois anos em resposta à intensificação da seca no ano hidrológico. Alterações na hidrologia florestal ativam respostas fisiológicas (como a perda de folhas) em um processo atrasado após episódios de seca.

Termos para indexação:
Semi-deciduidade; SPEI; modelagem da umidade do solo; evapotranspiração; percolação potencial.