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“Nós, mulheres quilombolas, sabemos a dor uma da outra”: uma investigação sobre sororidade e ocupação1 1 Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, sob parecer nº 4.556.191, conforme a resolução ética n° 510/16 do Conselho Nacional de Saúde. Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A principal questão ética desta pesquisa refere-se ao anonimato das participantes, solicitado e pactuado com elas. Todas as participantes receberam pseudônimos, escolhidos por elas.

Resumo

Introdução

No Brasil, as mulheres quilombolas foram e são essenciais para a sobrevivência dos quilombos. Elas são as responsáveis por transmitir as tradições, preservar os recursos naturais e cuidar do lar e da terra. Assim, os marcadores históricos de organização social e familiar orientam a produção e reprodução de seus papéis ocupacionais nesse contexto.

Objetivos

Neste artigo, refletimos sobre a insurgência das mulheres quilombolas a partir da peculiaridade da sororidade, dororidade e disparidade de gênero nas ocupações de mulheres quilombolas.

Método

Esta reflexão resultou de estudo conduzido com nove mulheres residentes em um quilombo localizado no interior do estado da Bahia, Brasil, através de entrevistas, escrevivências e uso do método Photovoice.

Resultados

O estudo evidenciou que as ocupações realizadas pelas participantes são atravessadas pelo gênero e condicionadas pelo racismo e sexismo, além dos modos peculiares de funcionamento interno do grupo e das formas tradicionais de vida no quilombo.

Conclusões

As mulheres assumem a maior parte do gerenciamento do quilombo da Pinguela através do senso de coletividade e união, que permite que elas articulem uma contínua rede de solidariedade e apoio. No Brasil, os estudos sobre o trabalho de terapeutas ocupacionais com mulheres quilombolas são escassos; portanto, sugerimos que, em sua prática profissional, terapeutas ocupacionais assumam um compromisso ético-político e adotem perspectivas críticas articuladas a partir do feminismo afro-latino-americano para desenvolver práticas coletivas como forma de intervenção.

Palavras-chave:
Quilombolas; Quilombolas/Mulheres; Feminismo; Terapia Ocupacional; Atividades Cotidianas; Escrita

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