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Alimentação e análise morfológica do trato digestório de quatro espécies de peixes (Astyanax altiparanae, Parauchenipterus galeatus, Serrasalmus marginatus eHoplias aff. malabaricus) da planície de inundação do alto rio Paraná, Brasil

A grande riqueza de espécies exibida pela ictiofauna estimula a investigação e não apenas conceitos e técnicas de ecologia merecem atenção, mas também o conhecimento em outras áreas da biologia, como zoologia e anatomia, se fazem necessárias. A intenção do presente trabalho foi conhecer a morfologia de peixes através do estudo da morfologia do trato digestório, associá-lo aos dados de dieta, contribuindo para conhecer a biologia de quatro espécies de peixes da planície de inundação do alto rio Paraná. As amostras foram obtidas trimestralmente no ano 2000 com redes de espera de diferentes malhas. O conteúdo estomacal foi investigado sob microscópio estereoscópico, e as freqüências de ocorrência (FO) e volumétrica (FV) e o índice alimentar (IAi) calculados. Foram avaliadas diversas características morfológicas e esquematizadas sob câmara clara. As espécies foram agrupadas em duas categorias tróficas - insetívoros (Astyanax altiparanae e Parauchenipterus galeatus) e piscívoros (Serrasalmus marginatus e Hoplias aff. malabaricus). As duas primeiras, embora consumidoras de insetos, exploraram grupos alimentares diferentes, destacando-se Hymenoptera para A. altiparanae e Coleoptera para P. galeatus. Serrasalmus marginatus e H. aff. malabaricus consumiram peixes, entretanto apenas pedaços de presas foram mais freqüentes para a primeira e peixes inteiros para a segunda. Astyanax altiparanae exibiu características para obter o alimento em vários compartimentos da coluna d'água. Da mesma forma, P. galeatus aproveita os recursos disponíveis em todo o ambiente aquático, porém as características para capturar, manipular e aproveitar o alimento diferiram e para essa espécie ressalta-se a importância das placas dentígeras e dentes faríngeos. Serrasalmus marginatus e H. aff. malabaricus, embora se assemelhando em muitos aspectos da morfologia do trato digestório, diferiram nas estratégias de captura das presas. As análises demonstraram que, de acordo com a dieta, considerando-se o alimento principal, as espécies foram enquadradas em duas guildas tróficas e, mesmo aqueles englobados na mesma categoria, usaram estruturas diferentes para obter o alimento. A similaridade nos itens consumidos não implica em um mesmo grupo de características morfológicas.

peixes; região tropical; espectro alimentar; morfologia


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