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Equipe de enfermagem na doação de órgãos: revisão integrativa de literatura

Resumo

A equipe de enfermagem integra o processo de doação de órgãos, sendo o cuidado aos familiares inerente a seu trabalho, uma vez que são protagonistas na tomada de decisão. Este artigo objetivou identificar ações e atividades da equipe de enfermagem dirigidas à família do potencial doador de órgãos em morte encefálica, a partir de revisão integrativa da literatura. A amostra final foi composta por 10 artigos, que apontaram o papel central da enfermagem em formar vínculos com a família do potencial doador, principalmente considerando a dificuldade dos familiares em compreender o processo de morte. A amostra também indicou a premente necessidade de implementar programas de treinamento e refletir sobre a questão para reduzir o sofrimento da equipe em contato com famílias nessa situação. Conclui-se que o cuidado com a família demanda diversas atividades complexas, sendo necessário preparo rigoroso e humanização para lidar com familiares e profissionais.

Família; Enfermagem; Morte encefálica; Transplantes; Doadores de tecidos

Abstract

The nursing team takes the lead in decision making related to organ donation process and family care as both are part of its work. This study aimed at identifying nursing team’s actions and activities directed to the families of potential organ donors in brain death from an integrative literature review. The final sample consisted of 10 articles whose analysis pointed to the central role played by nursing in creating bonds with the potential donor’s family, especially considering the difficulty of family members in understanding the death process. The sample also indicated urgent need to implement training programs for nursing teams in order to help reduce their suffering while in contact with families experiencing this situation. As a conclusion, family care requires several complex activities, including rigorous preparation and humanization to deal with family members and professionals.

Family; Nursing; Brain death; Transplants; Tissue donors

Resumen

El equipo de enfermería está presente en el proceso de donación de órganos y el cuidado prestado a los familiares es inherente a su trabajo, ya que son protagonistas en la toma de decisiones. El objetivo de este artículo fue identificar las acciones y actividades del equipo de enfermería dirigidas a la familia del posible donante de órganos por muerte encefálica, a partir de una revisión bibliográfica integrativa. La muestra final consistió en 10 artículos, en los que se señalaba el papel central de la enfermería en la formación de vínculos con la familia del posible donante, teniendo en cuenta principalmente la dificultad de los miembros de la familia para comprender el proceso de muerte. La muestra también indicaba la necesidad urgente de poner en marcha programas de capacitación y de reflexionar sobre el tema para reducir el sufrimiento del equipo en contacto con las familias en esta situación. Se llegó a la conclusión de que el cuidado de la familia requiere varias actividades complejas, y que se necesita una preparación rigurosa y la humanización para tratar con los miembros de la familia y los profesionales.

Familia; Enfermería; Muerte encefálica; Trasplantes; Donantes de tejidos

O transplante de órgãos é muitas vezes a única possibilidade terapêutica para indivíduos com insuficiência funcional terminal 11. Westphal GA, Garcia VD, Souza RL, Franke CA, Vieira KD, Birckholz VRZ et al. Diretrizes para avaliação e validação do potencial doador de órgãos em morte encefálica. Rev Bras Ter Intensiva [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];28(3):220-55. DOI: 10.5935/0103-507X.20160049
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. No Brasil, o Decreto 9.175/2017 22. Brasil. Decreto nº 9.175, de 18 de outubro de 2017. Regulamenta a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, para tratar da disposição de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. Diário Oficial da União [Internet]. Brasília, 19 out 2017 [acesso 15 nov 2018]. Disponível: https://bit.ly/2TBKaz8
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instituiu que os órgãos podem ser doados ainda em vida ou após diagnóstico de morte encefálica, que, conforme a Resolução 2.173/2017 do Conselho Federal de Medicina, é determinada pelo fim das funções encefálicas, definida pela cessação das atividades corticais e de tronco encefálico 33. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 2.173, de 23 de novembro de 2017. Define os critérios do diagnóstico de morte encefálica. Diário Oficial da União [Internet]. Brasília, p. 274-6, 15 dez 2017 [acesso 15 nov 2018]. Seção 1. p. 274. Disponível: https://bit.ly/2RdeZbL
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.

Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) 44. Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Dados numéricos da doação de órgãos e transplantes realizados por estado e instituição no período: janeiro/março 2018. RBT [Internet]. 2018 [acesso 4 fev 2019];24(1). Disponível: https://bit.ly/38sqDFB
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, o número de potenciais doadores difere do número de transplantes realizados no país. Essa realidade não se restringe ao Brasil: dados da Organ Procurement and Transplantation Network 55. U.S. Department of Health & Human Services. Organ Procurement and Transplantation Network [Internet]. 2019 [acesso 15 nov 2019]. Disponível: https://bit.ly/38sTglJ
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revelam que nos Estados Unidos, em 2018, mais de 100 mil pacientes aguardavam transplante. Entre os fatores que limitam a efetivação de transplantes em território nacional, destacam-se a subnotificação dos diagnósticos de morte encefálica confirmados para as centrais de notificação, a captação e distribuição de órgãos, devido aos possíveis problemas logísticos, a ocorrência de parada cardiorrespiratória antes de efetivada a doação, a contraindicação médica e a recusa familiar 44. Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Dados numéricos da doação de órgãos e transplantes realizados por estado e instituição no período: janeiro/março 2018. RBT [Internet]. 2018 [acesso 4 fev 2019];24(1). Disponível: https://bit.ly/38sqDFB
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De acordo com a ABTO 44. Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Dados numéricos da doação de órgãos e transplantes realizados por estado e instituição no período: janeiro/março 2018. RBT [Internet]. 2018 [acesso 4 fev 2019];24(1). Disponível: https://bit.ly/38sqDFB
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, no primeiro trimestre de 2018, no Brasil, 41% das famílias entrevistadas divergiram do desejo do potencial doador e não autorizaram a captação. Esse cenário justifica e subsidia discussões sobre melhores práticas para diminuir o índice de não concretização de doações, principalmente no que diz respeito à recusa familiar. A maior questão ética que permeia a abordagem da família do potencial doador vem da falta de esclarecimentos conceituais sobre a morte encefálica. A essa questão se juntam outros fatores éticos relevantes, como o respeito a crenças e valores preexistentes e ao momento difícil enfrentado pelos familiares, o acolhimento e a disponibilidade do entrevistador e a busca compartilhada pela melhor alternativa para a situação 66. Pessalacia JDR, Cortes VF, Ottoni A. Bioética e doação de órgãos no Brasil: aspectos éticos na abordagem à família do potencial doador. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2011 [acesso 22 nov 2019];19(3):671-82. Disponível: https://bit.ly/2RdTasK
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A equipe de saúde tem importante função nesse processo interpessoal, e a enfermagem tem papel fundamental na assistência ao potencial doador. No entanto, esse cuidado não se restringe ao paciente, estendendo-se à sua família, que necessita ser amparada 77. Freire ILS, Mendonça AEO, Freitas MB, Melo GSM, Costa IKF, Torres GV. Compreensão da equipe de enfermagem sobre a morte encefálica e a doação de órgãos. Enferm Glob [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];(36):194-207. Disponível: https://bit.ly/2NIQoJL
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. O enfermeiro é figura estratégica no transcurso da doação de órgãos, pois durante sua formação deve desenvolver competências e habilidades que lhe permitam orientar ética e adequadamente os parentes do enfermo. Além das relações terapêuticas, esse profissional é capaz de identificar potenciais doadores de órgãos e pôr em prática cuidados para sua manutenção corporal 88. Longuiniere ACF, Lobo MP, Leite PL, Barros RCS, Souza AN, Vieira SNS. Conhecimento de enfermeiros intensivistas acerca do processo de diagnóstico da morte encefálica. Rev Rene [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];17(5):691-8. DOI: 10.15253/2175-6783.2016000500015.

Usualmente, o vínculo da família com a enfermagem é estabelecido com eficiência. Isso ocorre pela convivência e proximidade estabelecidas durante todo o processo, pois a família recorre à equipe de enfermagem cotidianamente para esclarecer dúvidas e solicitar orientações sobre a enfermidade e o processo de doação 99. Costa CR, Costa LP, Aguiar N. A enfermagem e o paciente em morte encefálica na UTI. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];24(2):368-73. DOI: 10.1590/1983-80422016242137,1010. Cavalcante LP, Ramos IC, Araújo MAM, Alves MDS, Braga VAB. Cuidados de enfermagem ao paciente em morte encefálica e potencial doador de órgãos. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];27(6):567-72. DOI: 10.1590/1982-0194201400092
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. Sendo assim, este estudo teve como objetivo identificar ações e atividades relacionadas ao cuidado prestado pela equipe de enfermagem às famílias do potencial doador de órgãos em morte encefálica.

Método

A revisão integrativa é método de pesquisa que condensa estudos publicados e proporciona considerações gerais sobre determinada área. Trata-se de extensa análise da literatura, utilizando critérios pré-estabelecidos que ampliam o debate sobre método e resultados de pesquisa, além de subsidiar possíveis reflexões para pesquisas futuras 1111. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2008 [acesso 15 nov 2018];17(4):758-64. DOI: 10.1590/S0104-07072008000400018
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Foram percorridas seis etapas distintas: 1) identificação do tema e escolha da hipótese ou questão de pesquisa; 2) determinação de critérios para inclusão e exclusão de trabalhos/amostragem ou busca na literatura; 3) definição das informações a serem extraídas dos trabalhos selecionados e categorização dos estudos; 4) avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; 5) interpretação dos resultados; e 6) apresentação da revisão/síntese do conhecimento 1010. Cavalcante LP, Ramos IC, Araújo MAM, Alves MDS, Braga VAB. Cuidados de enfermagem ao paciente em morte encefálica e potencial doador de órgãos. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];27(6):567-72. DOI: 10.1590/1982-0194201400092
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.

A questão de pesquisa foi elaborada aplicando-se a estratégia Pico, cujo acrônimo em inglês significa, em tradução livre, paciente, intervenção, comparação e resultados (outcomes). Essa estratégia destaca os elementos centrais da pesquisa, sendo importante também para fundamentar a busca nas bases de dados escolhidas 1212. Stetler CB, Morsi D, Rucki S, Broughton S, Corrigan B, Fitzgerald J et al. Utilization-focused integrative reviews in a nursing service. Appl Nurs Res [Internet]. 1998 [acesso 15 nov 2018];11(4):195-206. DOI: 10.1016/S0897-1897(98)80329-7
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,1313. Santos CMC, Pimenta CAM, Nobre MRC. A estratégia Pico para a construção da pergunta de pesquisa e busca de evidências. Rev Latinoam Enferm [Internet]. 2007 [acesso 18 maio 2019];15(3). DOI: 10.1590/S0104-11692007000300023
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. Dessa forma, nesta pesquisa, o “paciente” escolhido foi a família do potencial doador de órgãos em morte encefálica, a “intervenção” foi o cuidado dirigido pela equipe de enfermagem a essa família, a “comparação” considerou os dados obtidos, e os “resultados” foram a constatação de ações e atividades na literatura nacional sobre esse cuidado. Com base nisso, formulou-se a seguinte questão: quais são as ações e atividades de enfermagem encontradas na literatura nacional sobre o cuidado destinado às famílias do potencial doador de órgãos em morte encefálica?

O levantamento bibliográfico foi realizado nas seguintes bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline Complete); Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Lilacs). Os dados foram coletados e trabalhados entre fevereiro e novembro de 2018.

Foram incluídos na amostra artigos científicos que abrangessem a realidade brasileira, publicados em inglês, espanhol ou português entre 2013 e 2017 e que abordassem aspectos sobre a conduta do enfermeiro, orientações e apoio emocional à família do potencial doador de órgãos em morte encefálica no Brasil. O recorte temporal foi pautado em dados do Ministério da Saúde, que apresentaram crescimento significativo do número de transplantes nos cinco anos anteriores à pesquisa 1414. Brasil. Ministério da Saúde. Transplantes realizados: evolução 2001 a 2018 [Internet]. 2019 [acesso 22 nov 2019]. Disponível: https://bit.ly/3697hDS
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.

Utilizaram-se cinco descritores: “família”, “enfermagem”, “morte encefálica”, “transplantes” e “doadores de tecidos”. A busca foi feita em todas as bases de dados utilizando o operador booleano “and” para especificar a pesquisa com a seguinte combinação: “família and enfermagem and morte encefálica and transplantes and doadores de tecidos”. Após leitura do título, objetivo, resumo e alguns trechos dos resultados e discussão, foram selecionados estudos que abordavam a temática proposta, excluindo-se aqueles que tratavam apenas do cuidado ao paciente.

A amostra inicial continha 65 artigos. Após exclusão de textos duplicados e leitura na íntegra pelas pesquisadoras das obras restantes, foram retiradas 55 publicações, resultando em amostra final de 10 artigos. Estes foram classificados com base no nível de evidência de Oxford 1515. The Centre for Evidence-Based Medicine develops, promotes and disseminates better evidence for healthcare. University of Oxford [Internet]. 1º maio 2016 [acesso 22 nov 2019]. Disponível: https://bit.ly/3ateVfC
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, considerando, de cada um dos artigos, título, nome dos autores, ano de publicação, título do periódico, objetivo e nível de evidência.

Resultados

Os resultados mostram que, no período pesquisado, a maioria da amostra foi publicada entre 2014 e 2016 (Quadro 1). Dos artigos selecionados, 3 (30%) apontam que o sistema de captação e doação de órgãos apresenta fragilidades administrativas e logísticas importantes. A falta de conhecimento e a dificuldade da família em aceitar a morte encefálica são apontadas também como desafios para a equipe de enfermagem 99. Costa CR, Costa LP, Aguiar N. A enfermagem e o paciente em morte encefálica na UTI. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];24(2):368-73. DOI: 10.1590/1983-80422016242137,1616. Junqueira MS, Cavalcanti IFM, Santos JR, Silva PPBA, Silva FP. Morte encefálica: o enfermeiro prestando assistência ao potencial doador de órgãos e tecidos. Rev Saúde [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];10(1):113. Disponível: https://bit.ly/37bThKX
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,1717. Costa IF, Mourão Netto JJ, Brito MCC, Goyanna NF, Santos TC, Santos SS. Fragilidades na atenção ao potencial doador de órgãos: percepção de enfermeiros. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2017 [acesso 15 nov 2018];25(1):130-7. DOI: 10.1590/1983-80422017251174
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.

Quadro 1
Caracterização da amostra

O profissional enfermeiro é parte integrante de todas as etapas do processo de captação e doação de órgãos. Na amostra, 6 artigos (60%) demonstram a importância desse profissional e seu papel primordial na condução de familiares, pacientes e equipe 77. Freire ILS, Mendonça AEO, Freitas MB, Melo GSM, Costa IKF, Torres GV. Compreensão da equipe de enfermagem sobre a morte encefálica e a doação de órgãos. Enferm Glob [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];(36):194-207. Disponível: https://bit.ly/2NIQoJL
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,99. Costa CR, Costa LP, Aguiar N. A enfermagem e o paciente em morte encefálica na UTI. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];24(2):368-73. DOI: 10.1590/1983-80422016242137,1010. Cavalcante LP, Ramos IC, Araújo MAM, Alves MDS, Braga VAB. Cuidados de enfermagem ao paciente em morte encefálica e potencial doador de órgãos. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];27(6):567-72. DOI: 10.1590/1982-0194201400092
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,1818. Lima CSP, Batista ACO, Barbosa SFF. Percepções da equipe de enfermagem no cuidado ao paciente em morte encefálica. Rev Eletr Enferm [Internet]. 2013 [acesso 15 nov 2018];15(3):780-9. DOI: 10.5216/ree.v15i3.17497
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,1919. Moraes EL, Santos MJ, Merighi MAB, Massarollo MCKB. Vivência de enfermeiros no processo de doação de órgãos e tecidos para transplante. Rev Latinoam Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];22(2):226-33. DOI: 10.1590/0104-1169.3276.2406
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,2121. Fernandes MEN, Bittencourt ZZLC, Boin IFSF. Vivenciando a doação de órgãos: sentimentos de familiares pós consentimento. Rev Latinoam Enferm [Internet]. 2015 [acesso 15 nov 2018];23(5):895-901. DOI: 10.1590/0104-1169.0486.2629
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. Já o cuidado de enfermagem ao potencial doador com morte encefálica estendendo-se à família foi destacado em 8 artigos (80%) 77. Freire ILS, Mendonça AEO, Freitas MB, Melo GSM, Costa IKF, Torres GV. Compreensão da equipe de enfermagem sobre a morte encefálica e a doação de órgãos. Enferm Glob [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];(36):194-207. Disponível: https://bit.ly/2NIQoJL
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,99. Costa CR, Costa LP, Aguiar N. A enfermagem e o paciente em morte encefálica na UTI. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];24(2):368-73. DOI: 10.1590/1983-80422016242137,1010. Cavalcante LP, Ramos IC, Araújo MAM, Alves MDS, Braga VAB. Cuidados de enfermagem ao paciente em morte encefálica e potencial doador de órgãos. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];27(6):567-72. DOI: 10.1590/1982-0194201400092
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,1616. Junqueira MS, Cavalcanti IFM, Santos JR, Silva PPBA, Silva FP. Morte encefálica: o enfermeiro prestando assistência ao potencial doador de órgãos e tecidos. Rev Saúde [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];10(1):113. Disponível: https://bit.ly/37bThKX
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,1717. Costa IF, Mourão Netto JJ, Brito MCC, Goyanna NF, Santos TC, Santos SS. Fragilidades na atenção ao potencial doador de órgãos: percepção de enfermeiros. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2017 [acesso 15 nov 2018];25(1):130-7. DOI: 10.1590/1983-80422017251174
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,2020. Moraes EL, Neves FF, Santos MJ, Merighi MAB, Massarollo MCKB. Experiências e expectativas de enfermeiros no cuidado ao doador de órgãos e à sua família. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [acesso 15 nov 2018];49(Esp 2):129-35. DOI: 10.1590/S0080-623420150000800018
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21. Fernandes MEN, Bittencourt ZZLC, Boin IFSF. Vivenciando a doação de órgãos: sentimentos de familiares pós consentimento. Rev Latinoam Enferm [Internet]. 2015 [acesso 15 nov 2018];23(5):895-901. DOI: 10.1590/0104-1169.0486.2629
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-2222. Silva Filho JB, Lopes RE, Bispo MM, Andrade AP. Enfermagem e a sensibilização de famílias na doação de órgãos e tecidos para transplante: revisão integrativa. Rev Enferm UFPE [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];10(Supl 6):4902-8. DOI: 10.5205/reuol.8200-71830-3-SM.1006sup201624
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.

Em 4 estudos (40%) foi considerada a adequação do cuidado prestado pela equipe de enfermagem. Foram ressaltados o esclarecimento sobre todos os aspectos do processo de doação de órgãos e conceito de morte encefálica, desde suas primeiras etapas até o desfecho. Nesses estudos a enfermagem é mostrada como recurso humano fundamental para mais transparência e influência efetiva no modo como as famílias podem reagir à possibilidade da doação de órgãos 77. Freire ILS, Mendonça AEO, Freitas MB, Melo GSM, Costa IKF, Torres GV. Compreensão da equipe de enfermagem sobre a morte encefálica e a doação de órgãos. Enferm Glob [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];(36):194-207. Disponível: https://bit.ly/2NIQoJL
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,1818. Lima CSP, Batista ACO, Barbosa SFF. Percepções da equipe de enfermagem no cuidado ao paciente em morte encefálica. Rev Eletr Enferm [Internet]. 2013 [acesso 15 nov 2018];15(3):780-9. DOI: 10.5216/ree.v15i3.17497
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19. Moraes EL, Santos MJ, Merighi MAB, Massarollo MCKB. Vivência de enfermeiros no processo de doação de órgãos e tecidos para transplante. Rev Latinoam Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];22(2):226-33. DOI: 10.1590/0104-1169.3276.2406
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-2020. Moraes EL, Neves FF, Santos MJ, Merighi MAB, Massarollo MCKB. Experiências e expectativas de enfermeiros no cuidado ao doador de órgãos e à sua família. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [acesso 15 nov 2018];49(Esp 2):129-35. DOI: 10.1590/S0080-623420150000800018
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. Contudo, 3 outros artigos (30%) indicaram as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de enfermagem quando estendem o cuidado à família, principalmente nas questões emocionais. O sofrimento e a dor da família ao compreender a morte do familiar suscitam no profissional sentimentos difíceis de lidar 1010. Cavalcante LP, Ramos IC, Araújo MAM, Alves MDS, Braga VAB. Cuidados de enfermagem ao paciente em morte encefálica e potencial doador de órgãos. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];27(6):567-72. DOI: 10.1590/1982-0194201400092
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,1717. Costa IF, Mourão Netto JJ, Brito MCC, Goyanna NF, Santos TC, Santos SS. Fragilidades na atenção ao potencial doador de órgãos: percepção de enfermeiros. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2017 [acesso 15 nov 2018];25(1):130-7. DOI: 10.1590/1983-80422017251174
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,1919. Moraes EL, Santos MJ, Merighi MAB, Massarollo MCKB. Vivência de enfermeiros no processo de doação de órgãos e tecidos para transplante. Rev Latinoam Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];22(2):226-33. DOI: 10.1590/0104-1169.3276.2406
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Por fim, 6 artigos (60%) enfatizam que o papel da enfermagem vai além das atividades de orientação sobre o processo de doação de órgãos, inerentes à comunicação efetiva. Indicam que, apesar da perturbação causada nos profissionais pelo contínuo contato com a morte dos pacientes e a dor de seus familiares, essa convivência prolongada e intensa entre equipe de enfermagem e família é paradoxalmente apontada como responsável pela humanização das relações e do próprio processo de enfrentamento da morte pelos parentes do enfermo. As atividades de acolhimento e a escuta terapêutica e empática estabelecem a relação de confiança com os familiares 99. Costa CR, Costa LP, Aguiar N. A enfermagem e o paciente em morte encefálica na UTI. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];24(2):368-73. DOI: 10.1590/1983-80422016242137,1010. Cavalcante LP, Ramos IC, Araújo MAM, Alves MDS, Braga VAB. Cuidados de enfermagem ao paciente em morte encefálica e potencial doador de órgãos. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];27(6):567-72. DOI: 10.1590/1982-0194201400092
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,1717. Costa IF, Mourão Netto JJ, Brito MCC, Goyanna NF, Santos TC, Santos SS. Fragilidades na atenção ao potencial doador de órgãos: percepção de enfermeiros. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2017 [acesso 15 nov 2018];25(1):130-7. DOI: 10.1590/1983-80422017251174
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,2121. Fernandes MEN, Bittencourt ZZLC, Boin IFSF. Vivenciando a doação de órgãos: sentimentos de familiares pós consentimento. Rev Latinoam Enferm [Internet]. 2015 [acesso 15 nov 2018];23(5):895-901. DOI: 10.1590/0104-1169.0486.2629
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,2222. Silva Filho JB, Lopes RE, Bispo MM, Andrade AP. Enfermagem e a sensibilização de famílias na doação de órgãos e tecidos para transplante: revisão integrativa. Rev Enferm UFPE [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];10(Supl 6):4902-8. DOI: 10.5205/reuol.8200-71830-3-SM.1006sup201624
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Discussão

O Brasil realiza considerável número de transplantes anualmente 44. Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Dados numéricos da doação de órgãos e transplantes realizados por estado e instituição no período: janeiro/março 2018. RBT [Internet]. 2018 [acesso 4 fev 2019];24(1). Disponível: https://bit.ly/38sqDFB
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. Apesar disso, perseveram adversidades em todas as etapas da captação e doação de órgãos 1818. Lima CSP, Batista ACO, Barbosa SFF. Percepções da equipe de enfermagem no cuidado ao paciente em morte encefálica. Rev Eletr Enferm [Internet]. 2013 [acesso 15 nov 2018];15(3):780-9. DOI: 10.5216/ree.v15i3.17497
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. Nesse processo destacam-se os cuidados à família dos potenciais doadores, que têm na equipe de enfermagem profissionais estratégicos para superar dificuldades nesse momento. A resposta dessa categoria ao desafio de transmitir informações de maneira efetiva e ao mesmo tempo amparar as famílias em seu sofrimento a caracteriza como área da saúde que evolui constantemente, conquistando espaços e novas perspectivas.

O processo de diagnóstico de morte encefálica, captação e doação de órgãos, tecidos e transplantes é interprofissional, sendo a equipe de enfermagem parte fundamental em todas as etapas no que diz respeito ao cuidado biopsicossocial dos potenciais doadores 88. Longuiniere ACF, Lobo MP, Leite PL, Barros RCS, Souza AN, Vieira SNS. Conhecimento de enfermeiros intensivistas acerca do processo de diagnóstico da morte encefálica. Rev Rene [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];17(5):691-8. DOI: 10.15253/2175-6783.2016000500015. A Resolução 292/2004 do Conselho Federal de Enfermagem 2323. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Cofen nº 292, de 7 de junho de 2004. Normatiza a atuação do enfermeiro na captação e transplante de órgãos e tecidos. Conselho Federal de Enfermagem [Internet]. Rio de Janeiro, 7 jun 2004 [acesso 15 nov 2018]. Disponível: https://bit.ly/2RCLJdg
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é a base legal para esse cuidado, determinando a responsabilidade do enfermeiro em planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar os procedimentos de enfermagem prestados aos pacientes com morte encefálica, potenciais doadores de órgãos e tecidos.

Todavia, o cuidado de enfermagem oferecido ao potencial doador de órgãos em morte encefálica não se encerra no enfermo, devendo estender-se a seus familiares 77. Freire ILS, Mendonça AEO, Freitas MB, Melo GSM, Costa IKF, Torres GV. Compreensão da equipe de enfermagem sobre a morte encefálica e a doação de órgãos. Enferm Glob [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];(36):194-207. Disponível: https://bit.ly/2NIQoJL
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,99. Costa CR, Costa LP, Aguiar N. A enfermagem e o paciente em morte encefálica na UTI. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];24(2):368-73. DOI: 10.1590/1983-80422016242137

10. Cavalcante LP, Ramos IC, Araújo MAM, Alves MDS, Braga VAB. Cuidados de enfermagem ao paciente em morte encefálica e potencial doador de órgãos. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];27(6):567-72. DOI: 10.1590/1982-0194201400092
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-1111. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2008 [acesso 15 nov 2018];17(4):758-64. DOI: 10.1590/S0104-07072008000400018
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,1616. Junqueira MS, Cavalcanti IFM, Santos JR, Silva PPBA, Silva FP. Morte encefálica: o enfermeiro prestando assistência ao potencial doador de órgãos e tecidos. Rev Saúde [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];10(1):113. Disponível: https://bit.ly/37bThKX
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,1717. Costa IF, Mourão Netto JJ, Brito MCC, Goyanna NF, Santos TC, Santos SS. Fragilidades na atenção ao potencial doador de órgãos: percepção de enfermeiros. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2017 [acesso 15 nov 2018];25(1):130-7. DOI: 10.1590/1983-80422017251174
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,2121. Fernandes MEN, Bittencourt ZZLC, Boin IFSF. Vivenciando a doação de órgãos: sentimentos de familiares pós consentimento. Rev Latinoam Enferm [Internet]. 2015 [acesso 15 nov 2018];23(5):895-901. DOI: 10.1590/0104-1169.0486.2629
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. Integra as atribuições da equipe de enfermagem o esclarecimento ético, moral e legal de todas as fases do processo de captação e distribuição dos órgãos e tecidos a serem doados. A orientação deve ser clara e objetiva, sempre respeitando opiniões e anseios dos familiares e o momento de perda e dor por que passam 99. Costa CR, Costa LP, Aguiar N. A enfermagem e o paciente em morte encefálica na UTI. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];24(2):368-73. DOI: 10.1590/1983-80422016242137.

É aconselhável permitir que os familiares fiquem o maior tempo possível ao lado do paciente, inclusive durante o processo de diagnóstico de morte encefálica, realizado pela equipe médica. Essa diretriz é fundamental, pois a decisão pela doação de órgãos depende desse transcurso, sendo essencial que a família compreenda o conceito de finitude e morte 2020. Moraes EL, Neves FF, Santos MJ, Merighi MAB, Massarollo MCKB. Experiências e expectativas de enfermeiros no cuidado ao doador de órgãos e à sua família. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [acesso 15 nov 2018];49(Esp 2):129-35. DOI: 10.1590/S0080-623420150000800018
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A comunicação competente exerce papel fundamental na doação de órgãos, visto que proporciona aos familiares os esclarecimentos necessários para se posicionarem sobre essa possibilidade. Portanto, a objetividade, clareza e simplicidade da transmissão da informação certamente vão auxiliar a decisão autônoma 1616. Junqueira MS, Cavalcanti IFM, Santos JR, Silva PPBA, Silva FP. Morte encefálica: o enfermeiro prestando assistência ao potencial doador de órgãos e tecidos. Rev Saúde [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];10(1):113. Disponível: https://bit.ly/37bThKX
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,2020. Moraes EL, Neves FF, Santos MJ, Merighi MAB, Massarollo MCKB. Experiências e expectativas de enfermeiros no cuidado ao doador de órgãos e à sua família. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [acesso 15 nov 2018];49(Esp 2):129-35. DOI: 10.1590/S0080-623420150000800018
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Entretanto, alguns profissionais têm dificuldades em enfrentar a situação de dor e perda dos familiares. De qualquer forma, a equipe deve desempenhar seu papel de assistir e orientar em todas as fases da doação 1010. Cavalcante LP, Ramos IC, Araújo MAM, Alves MDS, Braga VAB. Cuidados de enfermagem ao paciente em morte encefálica e potencial doador de órgãos. Acta Paul Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];27(6):567-72. DOI: 10.1590/1982-0194201400092
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,1818. Lima CSP, Batista ACO, Barbosa SFF. Percepções da equipe de enfermagem no cuidado ao paciente em morte encefálica. Rev Eletr Enferm [Internet]. 2013 [acesso 15 nov 2018];15(3):780-9. DOI: 10.5216/ree.v15i3.17497
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,2323. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Cofen nº 292, de 7 de junho de 2004. Normatiza a atuação do enfermeiro na captação e transplante de órgãos e tecidos. Conselho Federal de Enfermagem [Internet]. Rio de Janeiro, 7 jun 2004 [acesso 15 nov 2018]. Disponível: https://bit.ly/2RCLJdg
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. Nesse sentido, é preciso implantar programas de treinamento para todos os profissionais de saúde que atuam nessa atividade, para construir, ampliar e aperfeiçoar suas competências e habilidades na comunicação de más notícias. Nessa perspectiva, esses programas são apontados como ferramentas importantes para a evolução do processo 1616. Junqueira MS, Cavalcanti IFM, Santos JR, Silva PPBA, Silva FP. Morte encefálica: o enfermeiro prestando assistência ao potencial doador de órgãos e tecidos. Rev Saúde [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];10(1):113. Disponível: https://bit.ly/37bThKX
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,2424. Fonseca P, Tavares C, Silva T, Nascimento V. Situações difíceis e seu manejo na entrevista para doação de órgãos. Rev Port Enferm Saúde Mental [Internet]. 2016 [acesso 15 nov 2018];(n esp 4):69-76. DOI: 10.19131/rpesm.0144
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.

A relação de confiança entre equipe de enfermagem e familiares é essencial. Esse vínculo promove conforto e apoio emocional, além de atuar como canal de comunicação primordial 1717. Costa IF, Mourão Netto JJ, Brito MCC, Goyanna NF, Santos TC, Santos SS. Fragilidades na atenção ao potencial doador de órgãos: percepção de enfermeiros. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2017 [acesso 15 nov 2018];25(1):130-7. DOI: 10.1590/1983-80422017251174
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. Os estudos selecionados nesta revisão mostram que os familiares reconhecem na enfermagem esse suporte e o consideram substancial para a abordagem humanizada 1919. Moraes EL, Santos MJ, Merighi MAB, Massarollo MCKB. Vivência de enfermeiros no processo de doação de órgãos e tecidos para transplante. Rev Latinoam Enferm [Internet]. 2014 [acesso 15 nov 2018];22(2):226-33. DOI: 10.1590/0104-1169.3276.2406
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A humanização da assistência na doação de órgãos é inerente ao cotidiano da equipe de enfermagem. A escuta terapêutica e ampliada é essencial para o processo, e conduz a atitudes empáticas de cuidado. Por conseguinte, humanizar essas atividades significa ofertar o cuidado aos familiares no momento do óbito, trazendo compreensão genuína à experiência. Para isso é necessário desenvolver a relação terapêutica e estimular o preparo dos profissionais, para que possam lidar com os sentimentos, as reações e o sofrimento intrínsecos a essa situação 2020. Moraes EL, Neves FF, Santos MJ, Merighi MAB, Massarollo MCKB. Experiências e expectativas de enfermeiros no cuidado ao doador de órgãos e à sua família. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [acesso 15 nov 2018];49(Esp 2):129-35. DOI: 10.1590/S0080-623420150000800018
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Considerações finais

Com base no levantamento apresentado, nota-se a limitação do arcabouço teórico relacionado ao papel do enfermeiro no cuidado da família do potencial doador em morte encefálica. Por isso, destaca-se a importância de estudos de revisão mais ampliados e com metodologias mais robustas.

Conclui-se que esse cuidado envolve distintas atividades da equipe de enfermagem, exigindo dos profissionais preparo técnico-científico, competência e habilidade na comunicação terapêutica e atitudes fundamentadas na ética e legalidade dos processos. Esses atributos são primordiais para formar vínculos entre equipe de enfermagem e familiares, que podem ser determinantes para o processo decisório autônomo e legítimo da família. As condutas humanizadas dos profissionais no acolhimento dos familiares viabilizam sentimentos e comportamentos de segurança e confiança em todo o processo.

Entretanto, é desafio constante para os profissionais de enfermagem cuidar do ser humano em todos os ciclos vitais, pois a equipe é também composta por seres humanos que convivem com sentimentos e perdas cotidianas e têm seus valores e crenças pessoais. Portanto, é essencial olhar para o profissional e suas necessidades com o objetivo de ofertar suporte técnico e emocional constante e sistematizado. Esse suporte contribui diretamente para aperfeiçoar o cuidado prestado aos familiares.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Mar 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2020

Histórico

  • Recebido
    18 Abr 2019
  • Revisado
    19 Nov 2019
  • Aceito
    2 Dez 2019
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