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Formação para enfrentar a morte na perspectiva de futuros médicos

Resumo

Ocasionalmente, a morte é considerada falha ou insucesso da medicina e a inabilidade em enfrentá-la pode gerar medo e frustração, interferindo nas decisões clínicas. Este estudo avaliou a percepção de estudantes de medicina quanto ao enfrentamento da morte, analisando seu preparo para lidar com essas situações e comparando seus perfis sociodemográfico, religioso e acadêmico. Realizou-se estudo transversal, quantitativo e qualitativo, com 294 estudantes de medicina da Bahia. Demonstrou-se que o estudante de medicina considera a morte um processo natural, mas não se sente totalmente preparado para lidar com a terminalidade da vida durante a prática clínica, possivelmente em razão das escassas discussões acadêmicas e da oferta insuficiente de conteúdo teórico-prático durante a formação. Homens com formação prévia e que tiveram contato pessoal e acadêmico com a morte foram associados à maior percepção de preparo para lidar com a terminalidade da vida, sem interferência de ciclo acadêmico e religião.

Atitude frente à morte; Morte; Estudantes de medicina; Educação médica

Abstract

Occasionally, death is considered a medical failure and the inability to cope with it can generate fear and frustration, interfering with clinical decisions. This study assessed how medical students perceived coping with death, analyzing their preparedness to tackle these situations and comparing their sociodemographic, religious and academic profiles. This cross-sectional, quantitative and qualitative study was conducted with 294 medical students from Bahia. Results showed that medical students consider death to be a natural process, but do not feel fully prepared to address end of life during clinical practice, possibly due to the scarcity of academic discussions and the insufficient theoretical and practical content during training. Men with previous training and who had personal and academic contact with death were associated with a greater perceived preparedness to cope with death, without interference from academic level and religion.

Attitude to death; Death; Students, medical; Education, medical

Resumen

En ocasiones, se percibe la muerte como un fracaso de la medicina, y la incapacidad de afrontarla puede generar miedo y frustración, interfiriendo en las decisiones clínicas. Este estudio evaluó la percepción de los estudiantes de medicina sobre el enfrentamiento a la muerte, analizando su preparación para lidiar con esta situación y comparando sus perfiles sociodemográficos, religiosos y académicos. En este estudio transversal, cuantitativo y cualitativo participaron 294 estudiantes de medicina de Bahía (Brasil). Los estudiantes de medicina perciben la muerte como algo natural, pero no se sienten totalmente preparados para afrontar el final de la vida durante la práctica clínica, posiblemente debido a escasas discusiones académicas y a insuficientes contenidos en la formación teórico-práctica. Los hombres con formación previa y que tuvieron contacto personal y académico con la muerte tuvieron una mayor percepción de preparación para afrontar el final de la vida, sin interferencia académica y de la religión.

Actitud frente a la muerte; Muerte; Estudiantes de medicina; Educación médica

A morte é uma condição natural, inerente à vida humana, e é cercada de diversos simbolismos, significados e valores que mudam de acordo com os aspectos culturais das civilizações 11. Falcão EBM, Mendonça SB. Formação médica, ciência e atendimento ao paciente que morre: uma herança em questão. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2009 [acesso 30 out 2023];33(3):364-73. DOI: 10.1590/S0100-55022009000300007
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, 22. Souza TIM, Assis LC, Silva LO, Souza THOM, Tadeu HAC, Campos MEC, Turci MA. Sentimentos dos estudantes de medicina e médicos residentes ante a morte: uma revisão sistemática. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2020 [acesso 30 out 2023];44(4):e178. DOI: 10.1590/1981-5271v44.4-20200082
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. O médico é um ser tanatolítico 33. Nova JLL, Bezerra Filho JJ, Bastos LAM. Lição de anatomia. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2000 [acesso 30 out 2023];4(6):87-96. DOI: 10.1590/S1414-32832000000100007
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(do grego thánatos , “morte”, e lusis , “dissolução”), isto é, responsável por combater e vencer a morte, sendo aquele que determina tecnicamente o momento e as circunstâncias do morrer 44. Simon R. O complexo tanalolítico justificando medidas de psicologia preventiva para estudantes de medicina. Bol Psicol. 1971;4(4):113-5. .

Esse profissional frequentemente se considera onipotente e prioriza salvar o paciente a qualquer custo, a fim de corresponder às expectativas de preservador de vidas 55. Coelho MO. Relação médico-paciente e a morte [tese]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2001. . Assim, a morte passa a ser entendida como falha da medicina, erro ou insucesso de um tratamento, e não como um processo fisiológico e natural 66. Pazin-Filho A. Morte: considerações para a prática médica. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 2005 [acesso 30 out 2023];38(1):20-5. DOI: 10.11606/issn.2176-7262.v38i1p20-25
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.

A base da formação médica promove a incorporação de um ideal racional e científico, e foi implementada pela reconstrução do modelo de ensino médico proposto pelo relatório Flexner em 1910, como apontam Marta e colaboradores 77. Marta GN, Marta SN, Andrea Filho A, Job JRPP. O estudante de medicina e o médico recém-formado frente à morte e ao morrer. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2009 [acesso 30 out 2023];33(3):416-27. DOI: 10.1590/S0100-55022009000300011
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. Atualmente, esse conceito é evidenciado por matrizes curriculares focadas na cura, e poucas disciplinas abordam o entendimento integral do paciente terminal e da morte em si 88. Hermes HR, Lamarca ICA. Cuidados paliativos: uma abordagem a partir das categorias profissionais de saúde. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2013 [acesso 30 out 2023];18(9):2577-88. DOI: 10.1590/S1413-81232013000900012
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. Além disso, durante a formação acadêmica, o estudante de medicina tem poucas oportunidades de discutir as dores e vivências da morte com profissionais experientes, em razão da insuficiência de conteúdos teóricos na matriz curricular e da carência de especialistas no tema 99. Rhodes-Kropf J, Carmody SS, Seltzer D, Redinbaugh E, Gadmer N, Block SD, Arnold RM. “This is just too awful; I just can’t believe I experienced that…”: medical students’ reactions to their “most memorable” patient death. Acad Med [Internet]. 2005 [acesso 30 out 2023];80(7):634-40. DOI: 10.1097/00001888-200507000-00005
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.

Não obstante a existência de disciplinas no currículo médico, a exemplo da psicologia médica, da tanatologia e dos cuidados paliativos, ainda há pouca abordagem acerca da morte 1010. Camargo AP, Nunes LMF, Reis VKR, Breschiliare MFP, Morimoto RJ, Moraes WAS. O ensino da morte e do morrer na graduação médica brasileira: artigo de revisão. Rev Uningá [Internet]. 2015 [acesso 30 out 2023];45:44-51. Disponível: https://bit.ly/3Qxw51u
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. Nesse contexto, a necessidade de ampliar essas discussões e reflexões culminou com a atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em medicina em 2022 1111. Brasil. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES nº 3, de 3 de novembro de 2022. Altera os arts. 6º, 12 e 23 da Resolução CNE/CES nº 3/2014, que institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em medicina. Diário Oficial da União [Internet]. Brasília, 7 nov 2022 [acesso 30 out 2023]. Seção 1. Disponível: https://bit.ly/3FYGjmL
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. Nessa atualização estabeleceu-se a obrigatoriedade de formar e treinar em competências específicas dos cuidados paliativos, reforçando a compreensão dos aspectos biológicos, psicossociais e espirituais que envolvem a terminalidade da vida, a morte e o luto 1111. Brasil. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES nº 3, de 3 de novembro de 2022. Altera os arts. 6º, 12 e 23 da Resolução CNE/CES nº 3/2014, que institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em medicina. Diário Oficial da União [Internet]. Brasília, 7 nov 2022 [acesso 30 out 2023]. Seção 1. Disponível: https://bit.ly/3FYGjmL
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.

Pela complexidade do tema, lidar com essa situação é um desafio na formação médica, especialmente se o preparo for insuficiente 22. Souza TIM, Assis LC, Silva LO, Souza THOM, Tadeu HAC, Campos MEC, Turci MA. Sentimentos dos estudantes de medicina e médicos residentes ante a morte: uma revisão sistemática. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2020 [acesso 30 out 2023];44(4):e178. DOI: 10.1590/1981-5271v44.4-20200082
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, 1212. Lima MJV, Andrade NM. A atuação do profissional de saúde residente em contato com a morte e o morrer. Saúde Soc [Internet]. 2017 [acesso 30 out 2023];26(4):958-72. DOI: 10.1590/S0104-12902017163041
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. Assim, dada a relevância dessa temática, neste estudo foi avaliada a percepção dos estudantes de medicina quanto a seu processo de formação para enfrentar a morte e o morrer, analisando sua percepção de preparo para situações que envolvam a terminalidade da vida e comparando seus perfis sociodemográfico, religioso e acadêmico.

Método

Este é um estudo transversal, de caráter descritivo e analítico, com abordagem quantitativa e qualitativa, realizado entre os meses de abril e agosto de 2022. A população-alvo foi composta por graduandos em medicina de instituições de ensino superior do estado da Bahia, incluindo aqueles regularmente matriculados e maiores de 18 anos.

O critério de exclusão foi a apresentação de respostas incoerentes ou incompletas aos questionários. A amostra foi estimada em 241 estudantes, com uma população-alvo de 11.633 acadêmicos matriculados em 2020 1313. Diretório das Escolas de Medicina. Associação Brasileira de Educação Médica. Painel-BA [Internet]. [s.d.] [acesso 30 out 2023]. Disponível: https://bit.ly/3SIxe98
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, confiabilidade de 95% e margem de erro de 5%.

As variáveis sociodemográficas e acadêmicas avaliadas foram as seguintes: idade, sexo, religião, estado civil, cor, ciclo acadêmico, graduação prévia e área do conhecimento da formação prévia. Além disso, analisou-se a percepção e o preparo acerca do processo de formação para enfrentar a morte e o morrer. Os estudantes foram convidados a participar da pesquisa por meio do método bola de neve, técnica de amostragem não probabilística na qual os sujeitos dos estudos recrutam outros participantes dentre seus conhecidos 1414. Costa BRL. Bola de neve virtual: o uso das redes sociais virtuais no processo de coleta de dados de uma pesquisa científica. Rev Interdiscip Gestão Soc [Internet]. 2018 [acesso 30 out 2023];7(1):15-37. DOI: 0.9771/23172428rigs.v7i1.24649
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.

Foi utilizado um formulário virtual semiestruturado, elaborado com a ferramenta Google Forms, encaminhado aos participantes por meio de listas de estudantes de medicina em aplicativos de mensagens e redes sociais, estratégia que possibilitou alcançar mais respondentes, ampliando a amostra e aumentando a confiabilidade dos resultados. O questionário era composto de 19 perguntas objetivas e uma subjetiva, de caráter opcional, sendo previamente validado por estudantes do Grupo de Pesquisa em Educação e Saúde (Gpeducs), para garantir que a ferramenta fosse compreensível e objetiva. Antes de iniciar o preenchimento do questionário, o participante assinou virtualmente o termo de consentimento livre e esclarecido.

Para tabulação e análise dos dados, utilizaram-se os programas Microsoft Excel e SPSS, v. 26.0. As variáveis categóricas foram apresentadas por meio da distribuição de frequência das categorias, representadas em números absolutos (n) e em percentual (%), e a variável numérica foi apresentada em média e desvio-padrão. Para realizar os testes de associação, os estudantes foram classificados como preparados (ao responder “sinto-me parcialmente/totalmente preparado(a)”) ou despreparados (ao responder “sinto-me parcialmente/totalmente despreparado(a)”) e aplicado o teste qui-quadrado, sendo considerados como estatisticamente significativos valores de p menores que 0,05.

Para os dados qualitativos, empregou-se a análise de conteúdo de Bardin 1515. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2016. , desenvolvida em três etapas:

  1. Análise preliminar: leitura dinâmica do material, escolha e seleção do que foi coletado, constituição do corpus embasado nos princípios de exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência, formulação de hipóteses e preparação do material;

  2. Investigação do material: codificação do que foi coletado, estabelecimento de unidades de registro e de contexto, como palavras e temas, e categorização dos dados segundo critérios, por exemplo o semântico; e

  3. Análise final: tratamento, interpretação e inferência segundo o emissor, a mensagem e o canal de comunicação 1616. Meireles AAV, Amaral CD, Souza VB, Silva SG. Sobre a morte e o morrer: percepções de acadêmicos de medicina do norte do Brasil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2022 [acesso 30 out 2023];46(2):e057. DOI: 10.1590/1981-5271v46.2-20210081
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    .

Foram obtidas 137 respostas para a pergunta optativa “como você encara a morte ou espera encará-la (caso já tenha ou não vivenciado esse contexto)?”, utilizada para coletar os dados qualitativos. Além disso, foi empregada a nuvem de palavras ( word cloud ), por meio do suplemento Pro Word Cloud, do programa Microsoft Word 2020, com o objetivo de identificar a relevância ou repetição de determinadas palavras diante das respostas observadas. Por fim, este trabalho está em consonância com as resoluções 466/2012 1717. Conselho Nacional de Saúde. Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União [Internet]. Brasília, nº 12, p. 59, 13 jun 2013 [acesso 30 out 2023]. Seção 1. Disponível: https://bit.ly/3MK4Xv5
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e 510/2016 1818. Conselho Nacional de Saúde. Resolução CNS nº 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em ciências humanas e sociais cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados diretamente obtidos com os participantes ou de informações identificáveis ou que possam acarretar riscos maiores do que os existentes na vida cotidiana, na forma definida nesta Resolução. Diário Oficial da União [Internet]. Brasília, nº 98, p. 44-6, 24 maio 2016 [acesso 1 nov 2023]. Seção 1. Disponível: https://bit.ly/3QxjwmE
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, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia.

Resultados

Participaram do estudo 294 acadêmicos, dos quais 70,1% eram mulheres, 50,7% brancos e 83% solteiros, com média de idade de 25,5±6,9 anos. A maioria dos participantes informou ter religião (77,6%) e ser praticante (39,5%), sendo a católica a mais prevalente (44,9%). A maior parte estava no ciclo básico do curso de medicina (48,3%) e não tinha formação prévia (78,2%) e, dentre aqueles com formação prévia, a maioria tinha diploma na área de saúde (17%) ( Tabela 1 ).

Tabela 1
Características sociodemográficas e acadêmicas dos estudantes de medicina participantes do estudo (n=294)

Ao analisar a percepção sobre o que a morte representa, os estudantes afirmaram majoritariamente que ela é “um processo natural da vida” (30,1%) e “o fim de um ciclo” (26,6%) ( Tabela 2 ).

Tabela 2
Percepção dos estudantes de medicina quanto ao enfrentamento da morte e do morrer (n=294)

Quanto às experiências pessoais e acadêmicas de contato com a morte, 88,1% dos participantes tiveram contato prévio em suas relações pessoais, mas apenas 21,8% durante a vivência acadêmica ( Tabela 2 ). Dentre os participantes do estudo, 69% sentem-se parcialmente preparados para lidar com a morte em sua prática clínica.

Ao analisar a frequência de discussões acadêmicas sobre essa temática, 37,8% dos estudantes afirmaram que discutiram ocasionalmente o assunto em sala de aula e 39,1% consideram que o curso de medicina não proporciona ao estudante conteúdo teórico e prático para lidar com a morte e o morrer em sua vida profissional (23,5% discordaram parcialmente e 15,6% discordaram totalmente) ( Tabela 2 ).

Ao analisar as percepções dos estudantes de acordo com seus perfis sociodemográfico, religioso e acadêmico, observou-se que ser do sexo masculino, ter formação prévia e ter contato pessoal e durante a vivência acadêmica com a morte no curso de medicina aumenta a sensação de preparo para lidar com as questões que envolvem a terminalidade da vida, sendo essa diferença estatisticamente significativa ( p =0,001, p =0,014, p <0,0001, p =0,014, respectivamente) ( Tabela 3 ).

Tabela 3
Análise comparativa da percepção dos estudantes de medicina de acordo com perfil sociodemográfico, religioso e acadêmico (n=294)

A análise qualitativa demonstrou que os estudantes encaram a morte como um processo natural do ciclo da vida: “ um processo natural, que dá sentido à vida enquanto ela existe ”; “ a morte é um processo que devemos aceitar como parte da vida ”; “ um evento natural que faz parte do ciclo/etapas da vida ”. Além disso, os estudantes relatam que percebem a morte com tristeza e impotência, dentre outros sentimentos negativos, fato apontado por discursos como “ encaro a morte como um momento de muita tristeza e impotência ”; “ algo doloroso, mas é um processo natural ”; “ haverá sofrimento, tristeza e dor, mas vou aceitar no meu tempo ”; “ totalmente misteriosa e amedrontadora ”.

Alguns estudantes encaram a morte como um processo espiritual, não necessariamente religioso, percepção que se evidencia em falas como: “ a morte é vista como um fim do ciclo entre os vivos ”; “ o fim de um ciclo nessa vida, para uma vida na eternidade no Céu com Deus ”, “ o fim da vida na terra e o início da vida eterna ”. Ademais, em algumas respostas foi possível destacar a humanização do processo e o emprego de paciência, empatia e outros sentimentos positivos, por exemplo em comentários como: “ da maneira mais humana e profissional possível ”; “ com o respeito e a paciência que for necessária ”; “ saber ter empatia e cuidado com os familiares dos pacientes nesse momento delicado ”.

Ao analisar a recorrência de palavras nas respostas obtidas, destacam-se termos como “natural”, “ciclo”, “vida”, “processo”, “naturalidade”, “luto”, “incerteza” e “tristeza” ( Figura 1 ).

Figura 1
Representação em tag cloud dos sentimentos mais fortemente ligados à morte

Discussão

O conceito de morte é influenciado por ambiente, relacionamentos, tradições, crenças e regras, contexto sociocultural e momento histórico em que se vive 1919. Marques DT, Oliveira MX, Santos MLG, Silveira RP, Silva RPM. Perceptions, attitudes, and teaching about death and dying in the medical school of the Federal University of Acre, Brazil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2019 [acesso 30 out 2023];43(3):123-33. DOI: 10.1590/1981-52712015v43n3RB20180187ingles
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. É importante salientar que a morte e a discussão sobre ela ainda são consideradas tabu 2020. Duarte AC, Almeida DV, Popim RC. A morte no cotidiano da graduação: um olhar do aluno de medicina. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2015 [acesso 30 out 2023];19(55):1207-19. DOI: 10.1590/1807-57622014.1093
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, principalmente porque, a partir do fim da vida do outro, percebe-se a finitude de si mesmo 2121. Perboni JS, Zilli F, Oliveira SG. Profissionais de saúde e o processo de morte e morrer dos pacientes: uma revisão integrativa. Pers Bioet [Internet]. 2018 [acesso 30 out 2023];22(2):288-302. DOI: 10.5294/pebi.2018.22.2.7
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. Entretanto, nesta investigação, demonstrou-se que, para os estudantes de medicina, a morte é considerada um processo natural da vida, fato que corrobora estudos publicados anteriormente 22. Souza TIM, Assis LC, Silva LO, Souza THOM, Tadeu HAC, Campos MEC, Turci MA. Sentimentos dos estudantes de medicina e médicos residentes ante a morte: uma revisão sistemática. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2020 [acesso 30 out 2023];44(4):e178. DOI: 10.1590/1981-5271v44.4-20200082
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, 77. Marta GN, Marta SN, Andrea Filho A, Job JRPP. O estudante de medicina e o médico recém-formado frente à morte e ao morrer. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2009 [acesso 30 out 2023];33(3):416-27. DOI: 10.1590/S0100-55022009000300011
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, 1919. Marques DT, Oliveira MX, Santos MLG, Silveira RP, Silva RPM. Perceptions, attitudes, and teaching about death and dying in the medical school of the Federal University of Acre, Brazil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2019 [acesso 30 out 2023];43(3):123-33. DOI: 10.1590/1981-52712015v43n3RB20180187ingles
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, 2222. Sobreiro IM, Brito PCC, Mendonça ARA. Terminalidade da vida: reflexão bioética sobre a formação médica. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2021 [acesso 30 out 2023];29(2):323-33. DOI: 10.1590/1983-80422021292470
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.

A percepção sobre lidar com a morte e com o morrer pode ser influenciada por fatores socioculturais e acadêmicos 1919. Marques DT, Oliveira MX, Santos MLG, Silveira RP, Silva RPM. Perceptions, attitudes, and teaching about death and dying in the medical school of the Federal University of Acre, Brazil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2019 [acesso 30 out 2023];43(3):123-33. DOI: 10.1590/1981-52712015v43n3RB20180187ingles
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, tornando relevante refletir acerca do perfil do estudante avaliado. A amostra analisada foi composta de estudantes predominantemente do sexo feminino 11. Falcão EBM, Mendonça SB. Formação médica, ciência e atendimento ao paciente que morre: uma herança em questão. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2009 [acesso 30 out 2023];33(3):364-73. DOI: 10.1590/S0100-55022009000300007
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2. Souza TIM, Assis LC, Silva LO, Souza THOM, Tadeu HAC, Campos MEC, Turci MA. Sentimentos dos estudantes de medicina e médicos residentes ante a morte: uma revisão sistemática. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2020 [acesso 30 out 2023];44(4):e178. DOI: 10.1590/1981-5271v44.4-20200082
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- 33. Nova JLL, Bezerra Filho JJ, Bastos LAM. Lição de anatomia. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2000 [acesso 30 out 2023];4(6):87-96. DOI: 10.1590/S1414-32832000000100007
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, solteiros 11. Falcão EBM, Mendonça SB. Formação médica, ciência e atendimento ao paciente que morre: uma herança em questão. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2009 [acesso 30 out 2023];33(3):364-73. DOI: 10.1590/S0100-55022009000300007
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, 44. Simon R. O complexo tanalolítico justificando medidas de psicologia preventiva para estudantes de medicina. Bol Psicol. 1971;4(4):113-5. , 1919. Marques DT, Oliveira MX, Santos MLG, Silveira RP, Silva RPM. Perceptions, attitudes, and teaching about death and dying in the medical school of the Federal University of Acre, Brazil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2019 [acesso 30 out 2023];43(3):123-33. DOI: 10.1590/1981-52712015v43n3RB20180187ingles
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e brancos 33. Nova JLL, Bezerra Filho JJ, Bastos LAM. Lição de anatomia. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2000 [acesso 30 out 2023];4(6):87-96. DOI: 10.1590/S1414-32832000000100007
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, padrão semelhante ao observado no país 2323. Scheffer M, coordenador. Demografia médica no Brasil 2023 [Internet]. São Paulo: FMUSP; 2023 [acesso 30 out 2023]. Disponível: https://bit.ly/3SHysl9
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. Do ponto de vista do perfil acadêmico, a maioria dos entrevistados não tinha graduação anterior e predominaram respondentes do ciclo básico, cenário em que algumas dessas características, quando avaliadas globalmente, se associaram com a percepção de preparo para lidar com a morte e o morrer.

Com relação ao perfil religioso, foi demonstrada alta prevalência de estudantes que têm religião, sendo a católica a majoritária 11. Falcão EBM, Mendonça SB. Formação médica, ciência e atendimento ao paciente que morre: uma herança em questão. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2009 [acesso 30 out 2023];33(3):364-73. DOI: 10.1590/S0100-55022009000300007
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, 22. Souza TIM, Assis LC, Silva LO, Souza THOM, Tadeu HAC, Campos MEC, Turci MA. Sentimentos dos estudantes de medicina e médicos residentes ante a morte: uma revisão sistemática. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2020 [acesso 30 out 2023];44(4):e178. DOI: 10.1590/1981-5271v44.4-20200082
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. Entretanto, sabe-se que a hegemonia católica no Brasil está sob risco 2424. Alves JED, Cavenaghi SM, Barros LFW, Carvalho AA. Distribuição espacial da transição religiosa no Brasil. Tempo Social [Internet]. 2017 [acesso 30 out 2023];29(2):215-42. DOI: 10.11606/0103-2070.ts.2017.112180
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, 2525. Passos M, Zorzin PG, Rocha D. O que (não) dizem os números: para além das estatísticas sobre o “Novo Mapa das Religiões Brasileiro”. Horizonte [Internet]. 2011 [acesso 30 out 2023];9(23):690-714. DOI: 10.5752/P.2175-5841.2011v9n23p690
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e que atualmente há um aumento da população que se declara sem religião 2525. Passos M, Zorzin PG, Rocha D. O que (não) dizem os números: para além das estatísticas sobre o “Novo Mapa das Religiões Brasileiro”. Horizonte [Internet]. 2011 [acesso 30 out 2023];9(23):690-714. DOI: 10.5752/P.2175-5841.2011v9n23p690
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. Nessa perspectiva, não houve associação entre ter religião e a percepção de preparo para lidar com a terminalidade da vida.

No âmbito acadêmico e profissional, a falta de uma abordagem adequada do tema durante a formação do futuro profissional pode dificultar sua aceitação e, consequentemente, se tornar um problema no cotidiano dos profissionais da saúde 2121. Perboni JS, Zilli F, Oliveira SG. Profissionais de saúde e o processo de morte e morrer dos pacientes: uma revisão integrativa. Pers Bioet [Internet]. 2018 [acesso 30 out 2023];22(2):288-302. DOI: 10.5294/pebi.2018.22.2.7
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. Por isso, é imprescindível incentivar discussões a respeito da morte e do morrer ao longo da graduação em medicina, a fim de proporcionar melhor preparo para seu inevitável enfrentamento. Evidencia isso o fato de que, neste estudo, apenas 12,6% dos estudantes de medicina se consideraram totalmente preparados para lidar com as questões que envolvem a morte e o morrer durante sua prática clínica.

Apesar de o currículo médico dispor de disciplinas que abordam técnicas de comunicação de más notícias e aspectos subjetivos e afetivos dos cuidados paliativos 1111. Brasil. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES nº 3, de 3 de novembro de 2022. Altera os arts. 6º, 12 e 23 da Resolução CNE/CES nº 3/2014, que institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em medicina. Diário Oficial da União [Internet]. Brasília, 7 nov 2022 [acesso 30 out 2023]. Seção 1. Disponível: https://bit.ly/3FYGjmL
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, é bem provável que a percepção demonstrada esteja associada à falta de discussões em sala de aula e à oferta insuficiente de conteúdo. Além disso, as dúvidas e os temores que envolvem o processo da morte e do morrer não se limitam apenas aos estudantes de saúde, mas se refletem em toda a sociedade contemporânea. Soma-se a isso a complexidade e os anseios que abrangem a existência humana, além da possibilidade de “deixar de existir”, que também podem ter influenciado a percepção dos estudantes, ainda que a compreensão de estarem parcialmente preparados seja um alento, dado que são profissionais em formação.

Nesse cenário, do ponto de vista acadêmico, os participantes consideraram que as discussões em sala de aula acerca do ato de lidar com a morte ocorriam apenas ocasionalmente e que o conteúdo teórico e prático ofertado era insuficiente. Esses achados estão de acordo com estudos anteriores 2020. Duarte AC, Almeida DV, Popim RC. A morte no cotidiano da graduação: um olhar do aluno de medicina. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2015 [acesso 30 out 2023];19(55):1207-19. DOI: 10.1590/1807-57622014.1093
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, 2626. Siqueira MEC, Mergulhão LMR, Pires RFS, Jordán APW, Barbosa LNF. Atitude perante a morte e opinião de estudantes de medicina acerca da formação no tema. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2022 [acesso 30 out 2023];46(4):e140. DOI: 10.1590/1981-5271v46.4-20210459
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27. Vianna A, Piccelli H. O estudante, o médico e o professor de medicina perante a morte e o paciente terminal. Rev Assoc Med Bras [Internet]. 1998 [acesso 30 out 2023];44(1):21-7. DOI: 10.1590/S0104-42301998000100005
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- 2828. Silva GSN, Ayres JRCM. O encontro com a morte: à procura do mestre Quíron na formação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2010 [acesso 30 out 2023];34(4):487-96. DOI: 10.1590/S0100-55022010000400003
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, que demonstraram ser escassas as experiências de ensino-aprendizagem sobre essa temática durante a graduação.

Em geral, nos cursos médicos, a abordagem sobre a morte concentra-se em disciplinas de caráter humanístico, fato que, segundo os estudantes, pouco contribui para a reflexão e o desenvolvimento de habilidades que ajudem a manejar esse processo 1919. Marques DT, Oliveira MX, Santos MLG, Silveira RP, Silva RPM. Perceptions, attitudes, and teaching about death and dying in the medical school of the Federal University of Acre, Brazil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2019 [acesso 30 out 2023];43(3):123-33. DOI: 10.1590/1981-52712015v43n3RB20180187ingles
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. Nesse sentido, talvez seja o caso de atualizar os currículos dos cursos de medicina, inserindo essa abordagem de forma mais incisiva, por exemplo, com atividades de ensino em ambientes simulados, que podem ser apresentadas como estratégias eficazes de desenvolvimento e aprimoramento de habilidades relativas a esses casos 2929. Bellaguarda MLR, Knihs NS, Canever BP, Tholl AD, Alvarez AG, Teixeira GC. Simulação realística como ferramenta de ensino na comunicação de situação crítica em cuidados paliativos. Esc Anna Nery Rev Enferm [Internet]. 2020 [acesso 30 out 2023];24(3):e20190271. DOI: 10.1590/2177-9465-EAN-2019-0271
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30. Bonamigo EL, Destefani AS. A dramatização como estratégia de ensino da comunicação de más notícias ao paciente durante a graduação médica. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2010 [acesso 30 out 2023];18(3):725-42. Disponível: https://bit.ly/49EpmeY
https://bit.ly/49EpmeY...
- 3131. Isquierdo APR, Miranda GFF, Quint FC, Pereira AL, Guirro UBP. Comunicação de más notícias com pacientes padronizados: uma estratégia de ensino para estudantes de medicina. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2021 [acesso 30 out 2023];45(2):e091. DOI: 10.1590/1981-5271v45.2-20200521
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.

Além disso, apenas conteúdo teórico e prático para lidar com a morte e o morrer profissionalmente não é suficiente para o preparo cognitivo necessário ao enfrentamento do processo de terminalidade da vida 1212. Lima MJV, Andrade NM. A atuação do profissional de saúde residente em contato com a morte e o morrer. Saúde Soc [Internet]. 2017 [acesso 30 out 2023];26(4):958-72. DOI: 10.1590/S0104-12902017163041
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. Outrossim, a formação profissional dissociada do cotidiano do serviço e dos usuários pode gerar déficits na formação 1212. Lima MJV, Andrade NM. A atuação do profissional de saúde residente em contato com a morte e o morrer. Saúde Soc [Internet]. 2017 [acesso 30 out 2023];26(4):958-72. DOI: 10.1590/S0104-12902017163041
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, sendo notório um conjunto de evidências que subsidia o entendimento de que o contato com pacientes e com a prática clínica ajudam a ampliar o senso de responsabilidade de cuidar do outro 1212. Lima MJV, Andrade NM. A atuação do profissional de saúde residente em contato com a morte e o morrer. Saúde Soc [Internet]. 2017 [acesso 30 out 2023];26(4):958-72. DOI: 10.1590/S0104-12902017163041
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. Por contribuir para enfrentar as questões associadas à finitude da vida, esse fato pode justificar os achados apresentados neste estudo, que demonstram que os estudantes que afirmaram ter tido contato com a morte durante o curso de medicina têm maior percepção de preparo para lidar com a situação.

Na tentativa de minimizar esses déficits, em algumas especializações médicas, os profissionais frequentemente lidam com pacientes terminais, permitindo uma maior aproximação com o processo do morrer. A inserção acadêmica desses profissionais através de atividades curriculares ou extracurriculares favorece a discussão de temas relacionados às vivências em situações de dor, sofrimento e morte de seus pacientes, contribuindo para um maior aprendizado dos estudantes de Medicina acerca do processo da morte e do morrer 2727. Vianna A, Piccelli H. O estudante, o médico e o professor de medicina perante a morte e o paciente terminal. Rev Assoc Med Bras [Internet]. 1998 [acesso 30 out 2023];44(1):21-7. DOI: 10.1590/S0104-42301998000100005
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, 3232. Cardoso HC, Bernardes CTV, Sugita DM, Mello DACPG, Arruda JT, Braga LV et al. Mentoring: uma estratégia educacional de apoio ao discente do curso de medicina. Anais do Seminário de Atualização de Práticas Docentes [Internet]. 2022 [acesso 30 out 2023];3(2):10-4. Disponível: https://bit.ly/3MKb7LJ
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.

Apesar de a maioria dos estudantes considerar que “ a morte faz parte da vida ”, “ é um processo natural ”, que representa “ o fim de um ciclo ”, ao analisar as emoções relacionadas ao processo de finitude da vida, em consonância com estudos anteriores, foram observados sentimentos conflitantes e emoções negativas, como tristeza, angústia, saudade, sofrimento, ansiedade e dor 1616. Meireles AAV, Amaral CD, Souza VB, Silva SG. Sobre a morte e o morrer: percepções de acadêmicos de medicina do norte do Brasil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2022 [acesso 30 out 2023];46(2):e057. DOI: 10.1590/1981-5271v46.2-20210081
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, 1919. Marques DT, Oliveira MX, Santos MLG, Silveira RP, Silva RPM. Perceptions, attitudes, and teaching about death and dying in the medical school of the Federal University of Acre, Brazil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2019 [acesso 30 out 2023];43(3):123-33. DOI: 10.1590/1981-52712015v43n3RB20180187ingles
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, 2020. Duarte AC, Almeida DV, Popim RC. A morte no cotidiano da graduação: um olhar do aluno de medicina. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2015 [acesso 30 out 2023];19(55):1207-19. DOI: 10.1590/1807-57622014.1093
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, 2626. Siqueira MEC, Mergulhão LMR, Pires RFS, Jordán APW, Barbosa LNF. Atitude perante a morte e opinião de estudantes de medicina acerca da formação no tema. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2022 [acesso 30 out 2023];46(4):e140. DOI: 10.1590/1981-5271v46.4-20210459
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. Esse comportamento pode estar associado a um mecanismo de defesa, utilizado para minimizar o medo da morte e a dificuldade em seu enfrentamento 1919. Marques DT, Oliveira MX, Santos MLG, Silveira RP, Silva RPM. Perceptions, attitudes, and teaching about death and dying in the medical school of the Federal University of Acre, Brazil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2019 [acesso 30 out 2023];43(3):123-33. DOI: 10.1590/1981-52712015v43n3RB20180187ingles
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.

É importante destacar que a discussão sobre a morte durante a graduação pode influenciar o exercício da medicina e o bem-estar psicossocial do médico 2626. Siqueira MEC, Mergulhão LMR, Pires RFS, Jordán APW, Barbosa LNF. Atitude perante a morte e opinião de estudantes de medicina acerca da formação no tema. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2022 [acesso 30 out 2023];46(4):e140. DOI: 10.1590/1981-5271v46.4-20210459
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. Além disso, a vulnerabilidade emocional também pode gerar exaustão emocional e física, despersonalização e diminuição da capacidade de realização pessoal 22. Souza TIM, Assis LC, Silva LO, Souza THOM, Tadeu HAC, Campos MEC, Turci MA. Sentimentos dos estudantes de medicina e médicos residentes ante a morte: uma revisão sistemática. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2020 [acesso 30 out 2023];44(4):e178. DOI: 10.1590/1981-5271v44.4-20200082
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, 77. Marta GN, Marta SN, Andrea Filho A, Job JRPP. O estudante de medicina e o médico recém-formado frente à morte e ao morrer. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2009 [acesso 30 out 2023];33(3):416-27. DOI: 10.1590/S0100-55022009000300011
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.

Adicionalmente, a falta de capacitação pode influenciar negativamente o cuidado com o paciente, visto que o médico, para “se defender” de seus temores relacionados à morte 2727. Vianna A, Piccelli H. O estudante, o médico e o professor de medicina perante a morte e o paciente terminal. Rev Assoc Med Bras [Internet]. 1998 [acesso 30 out 2023];44(1):21-7. DOI: 10.1590/S0104-42301998000100005
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, muitas vezes se isola 22. Souza TIM, Assis LC, Silva LO, Souza THOM, Tadeu HAC, Campos MEC, Turci MA. Sentimentos dos estudantes de medicina e médicos residentes ante a morte: uma revisão sistemática. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2020 [acesso 30 out 2023];44(4):e178. DOI: 10.1590/1981-5271v44.4-20200082
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, 3333. Azeredo NSG, Rocha CF, Carvalho PRA. O enfrentamento da morte e do morrer na formação de acadêmicos de medicina. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2011 [acesso 30 out 2023];35(1):37-43. Disponível: https://bit.ly/49QtAjR
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. Consequentemente, há uma ruptura na comunicação entre médico e paciente, evidenciada pela recusa em falar da doença e da morte, aumentando o distanciamento médico-paciente e piorando a relação em um momento tão delicado 22. Souza TIM, Assis LC, Silva LO, Souza THOM, Tadeu HAC, Campos MEC, Turci MA. Sentimentos dos estudantes de medicina e médicos residentes ante a morte: uma revisão sistemática. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2020 [acesso 30 out 2023];44(4):e178. DOI: 10.1590/1981-5271v44.4-20200082
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, 55. Coelho MO. Relação médico-paciente e a morte [tese]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2001. , 1212. Lima MJV, Andrade NM. A atuação do profissional de saúde residente em contato com a morte e o morrer. Saúde Soc [Internet]. 2017 [acesso 30 out 2023];26(4):958-72. DOI: 10.1590/S0104-12902017163041
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, 2727. Vianna A, Piccelli H. O estudante, o médico e o professor de medicina perante a morte e o paciente terminal. Rev Assoc Med Bras [Internet]. 1998 [acesso 30 out 2023];44(1):21-7. DOI: 10.1590/S0104-42301998000100005
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.

Percebe-se, portanto, a necessidade de refletir sobre a inserção crescente de dinâmicas de humanização na graduação em medicina, para que os futuros profissionais tenham uma prática menos desgastante e sobrecarregada enquanto vivenciarem os momentos de finitude da vida. As experiências vividas pelos estudantes e professores poderiam ser melhor utilizadas no processo de ensino-aprendizagem sobre o fim da vida 1919. Marques DT, Oliveira MX, Santos MLG, Silveira RP, Silva RPM. Perceptions, attitudes, and teaching about death and dying in the medical school of the Federal University of Acre, Brazil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2019 [acesso 30 out 2023];43(3):123-33. DOI: 10.1590/1981-52712015v43n3RB20180187ingles
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. Essa inserção pode favorecer a construção de uma relação médico-paciente mais eficiente, proporcionando maior conforto aos pacientes e familiares e demonstrando mais empatia.

É preciso salientar que este estudo tem limitações de generalização, em razão do uso de dados autorrelatados pelos participantes. Além disso, essa é uma temática complexa, visto que essa reflexão é influenciada por múltiplas variáveis de natureza pessoal, social, cultural, clínica, política e religiosa. Entretanto, esses fatos não comprometem a análise crítica dos resultados apresentados, nem a relevância de suas conclusões, visto que são inerentes ao método proposto e à temática abordada.

Salvo engano, nenhum outro estudo analisou essa temática de forma quantitativa e analítica entre estudantes de medicina, de modo que esta investigação fornece dados valiosos para uma reflexão mais aprofundada sobre o ato de lidar com a morte. Dessa forma, pode subsidiar o desenvolvimento de estratégias pedagógicas que auxiliem na formação de um médico mais bem preparado para lidar com as questões que envolvem a finitude da vida.

Considerações finais

Majoritariamente, o estudante de medicina considera a morte um processo natural, mas não se sente preparado para lidar com a terminalidade da vida durante a prática clínica, possivelmente pela complexidade da temática, associada à baixa frequência de discussões em sala de aula e à oferta insuficiente de conteúdo teórico-prático durante a formação. Homens com formação prévia e que tiveram contato pessoal e acadêmico com a morte têm maior percepção de preparo para lidar com a terminalidade da vida.

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  • Aprovação CEP-Imes-CAAE 54937822.2.0000.5032

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Mar 2024
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    18 Mar 2023
  • Revisado
    30 Out 2023
  • Aceito
    31 Nov 2023
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