Resumo
Nas últimas duas décadas, observou-se um interesse crescente nos estudos de hipomineralização molar-incisivo (HMI). Os defeitos hipomineralizados podem ter várias consequências, como hipersensibilidade, aumento do acúmulo de placa dentária e, consequentemente, maior risco de cárie. Este estudo transversal teve como objetivo investigar a prevalência de HMI e sua associação com cárie dentária em escolares de um município do sul do Brasil. Uma amostra aleatória de alunos por conglomerado foi selecionada. Os exames clínicos foram realizados para coletar informações sobre HMI (seguindo os critérios da European Academy of Pediatric Dentistry), cárie dentária (usando o índice DMF-T) e gengivite. Variáveis socioeconômicas, demográficas e comportamentais foram coletadas por meio de um questionário padronizado respondido pelos pais / responsáveis pelas crianças. Razões de prevalência (RP) foram estimadas por meio de análise de regressão de Poisson com variância robusta por meio de abordagem hierárquica (p <0,05). Um total de 513 escolares foram incluídos no estudo. A prevalência de MIH e cárie foi de 19,7% e 31,6%, respectivamente. A média de idade foi de 11,6 (± 1,9) anos. A cárie dentária foi mais prevalente em crianças com HMI (RP 1,39; IC 95% 1,05 - 1,85). Crianças mais velhas e crianças cujas famílias estavam matriculadas em programas de transferência condicional de renda (RP 1,97 IC95% 1,47 - 2,64), e crianças que não tinham a mãe ou o pai como chefe da família (RP 1,56 IC95% 1,06 - 2,30) apresentaram maior prevalência de cárie dentária. Nossos resultados sugerem que crianças com HMI são mais propensas a ter cárie dentária.