Resumo
O objetivo foi avaliar a influência da cárie dentária não tratada e do status socioeconômico (SES) sobre o abandono escolar dos adolescentes. Foi realizado um estudo de coorte de seis anos de acompanhamento com uma amostra aleatória de adolescentes (12 anos de idade) avaliados inicialmente em 2012 em Santa Maria, Brasil. Sexo, status socioeconômico (educação da mãe e renda familiar) e cárie não tratada foram coletados no início do estudo. A variável de desfecho foi coletada no acompanhamento por meio do autorrelato e foi dividida em três categorias: adolescentes que apenas estudavam, aqueles que estudavam e trabalhavam e quem tinha abandonado a escola. Um modelo de regressão multinomial foi realizado para avaliar a influência da doença bucal e do SES sobre o abandono escolar, por meio da razão de risco relativo (RRR) e intervalo de confiança de 95% (IC95%). Dos 1.134 adolescentes avaliados no início do estudo, 768 participantes com idade média de 17,5 anos foram reavaliados no acompanhamento (taxa de resposta de 67,8%). Meninos (RRR: 2,31; IC 95%: 1,19- 4,48) e adolescentes com cárie não tratada no início do estudo tiveram um incremento no abandono escolar (RRR: 2,26; IC 95%: 1,12-4,56). Mães com baixa escolaridade (RRR: 2,24; IC95%: 1,09-4,61) tiveram maior probabilidade de ter filhos que abandonaram a escola. Cárie dentária não tratada e baixo SES no início da adolescência pode influenciar a tendência de evasão escolar.