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Hospitalização de idosos por COVID-19 no Paraná: uma análise de fatores associados

Hospitalización de personas mayores por COVID-19 en Paraná: un análisis de factores asociados

Resumo

Objetivo

Analisar a prevalência e os fatores associados à hospitalização de idosos com COVID-19 no estado do Paraná, PR, Brasil.

Métodos

Estudo transversal vinculado à coorte “Acompanhamento Longitudinal de adultos e idosos que receberam alta da internação hospitalar por COVID-19”, realizado por meio de informações contidas nas fichas de notificação compulsória do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. As análises foram realizadas através de frequências relativas e absolutas, com aplicação do teste de qui-quadrado adotado no modelo de regressão logística. A população do estudo englobou pessoas residentes no Estado do Paraná com idade de 60 anos ou mais, hospitalizadas por COVID-19 no período de março de 2020 a setembro de 2021.

Resultados

Foi identificada maior prevalência de hospitalização entre idosos com escolaridade igual ou maior a oito anos. Indivíduos não vacinados contra COVID-19 apresentaram maior chance de internação. O sexo masculino apresentou mais chance de admissão em Unidade de Terapia Intensiva em comparação com o sexo feminino. Doenças cardiovasculares, pneumopatia e obesidade aumentaram a prevalência da forma grave da doença.

Conclusão

Fatores tais como escolaridade e não adesão à vacinação contra COVID-19 podem aumentar o risco de hospitalização pela doença. Pessoas idosas do sexo masculino apresentam maior chance de hospitalização na UTI se comparadas às do sexo feminino; além disso, a não utilização de antivirais pode contribuir para o agravamento do estado de saúde.

Idoso; COVID-19; Infecções por coronavírus; Hospitalização; Pandemias; Prevalência

Resumen

Objetivo

Analizar la prevalencia y los factores asociados a la hospitalización de personas mayores por COVID-19 en el estado de Paraná.

Métodos

Estudio transversal vinculado a la cohorte “Seguimiento longitudinal de adultos y personas mayores que recibieron alta de internación hospitalaria por COVID-19”, realizado mediante información contenida en las fichas de notificación obligatoria del Sistema de Información de Agravios de Notificación. Los análisis fueron realizados a través de frecuencias relativas y absolutas, con aplicación de la prueba ji cuadrado adoptada en el modelo de regresión logística. La población del estudio incluyó personas residentes del estado de Paraná, de 60 años o más, hospitalizadas por COVID-19 en el período de marzo de 2020 a septiembre de 2021.

Resultados

Se identificó mayor prevalencia de hospitalización en personas mayores con escolaridad igual o mayor a ocho años. Individuos no vacunados contra COVID-19 presentaron mayor probabilidad de internación. El sexo masculino presentó más probabilidad de admisión en Unidad de Cuidados Intensivos en comparación con el sexo femenino. Enfermedades cardiovasculares, neumopatía y obesidad aumentaron la prevalencia de la forma grave de la enfermedad.

Conclusión

Factores tales como escolaridad y no adhesión a la vacunación contra COVID-19 pueden aumentar el riesgo de hospitalización por la enfermedad. Personas mayores de sexo masculino presentaron mayor probabilidad de hospitalización en la UCI al compararlas con las de sexo femenino. Además, la no utilización de antivirales puede contribuir al agravamiento del estado de salud.

Abstract

Objective

To analyze the prevalence and factors associated with hospitalization of elderly people with COVID-19 in the State of Paraná, PR, Brazil.

Methods

A cross-sectional study linked to the cohort “Longitudinal Monitoring of adults and elderly people who were discharged from hospital admission due to COVID-19”, was carried out using information contained in the compulsory notification forms of the Notifiable Diseases Information System. Analyzes were carried out using relative and absolute frequencies, applying the chi-square test adopted in the logistic regression model. The study population included people aged 60 years or over and residing in the State of Paraná, who were hospitalized for COVID-19 from March 2020 to September 2021.

Results

A higher hospitalization prevalence was identified among elderly people with eight years of education or more. Individuals not vaccinated against COVID-19 had a greater chance of hospitalization. Males had a greater chance of admission to the Intensive Care Unit compared to females. Cardiovascular diseases, lung disease, and obesity have increased the prevalence of the severe form of the disease.

Conclusion

Factors such as education and non-adherence to vaccination against COVID-19 can increase the risk of hospitalization due to the disease. Elderly people of the male sex have a greater chance of hospitalization in the ICU compared to the female sex. Furthermore, not using antivirals can contribute to worsening health status.

Aged; COVID-19; Coronavirus infections; Hospitalization; Pandemics; Prevalence

Introdução

Em dezembro de 2019, foi noticiado na China um conjunto de pneumonias provocadas por um vírus, conhecido como novo coronavírus, que passou a ser denominado SARS-CoV-2; em março de 2020, ele atingiu proporções de pandemia devido ao grande número de casos em vários países.(11. Guo YR, Cao QD, Hong ZS, Tan YY, Chen SD, Jin HJ, et al. The origin, transmission and clinical therapies on coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak - an update on the status. Mil Med Res. 2020;7(1):11. Review.) Até outubro de 2022, o Brasil registrou mais de 4,6 milhões de casos e 687.144 óbitos pela doença.(22. Johns Hopkins University & Medicine. Mortality analyses. Baltimore, Maryland; Johns Hopkins University & Medicine; 2023 [cited 2022 Dec 17]. Available from: https://coronavirus.jhu.edu/data/mortality
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)

A síndrome respiratória aguda causada pela COVID-19 se espalhou rapidamente, acometendo principalmente o trato respiratório, levando indivíduos infectados a desenvolver sintomas tais como febre, dispneia, tosse, perda de olfato e paladar; em alguns casos, houve acometimento do sistema gastrointestinal.(11. Guo YR, Cao QD, Hong ZS, Tan YY, Chen SD, Jin HJ, et al. The origin, transmission and clinical therapies on coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak - an update on the status. Mil Med Res. 2020;7(1):11. Review.)

Qualquer indivíduo pode ser contaminado pelo SARS-CoV-2 independente de sua faixa etária e outros fatores, porém idosos apresentam maiores complicações. A presença de doenças subjacentes e déficits nas funções física, sensorial e cognitiva em idosos, implica em restrições em suas atividades diárias, tornando-os dependentes nas respectivas áreas, resultando na necessidade de cuidadores e implicando em classificá-los como grupo de maior risco.(33. Van Orden KA, Bower E, Lutz J, Silva C, Gallegos AM, Podgorski CA, et al. Strategies to promote social connections among older adults during “Social Distancing” Restrictions. Am J Geriatr Psychiatry. 2021;29(8):816-27.)

Na população idosa, que já tem alguma condição crônica subjacente, assim como hipertensão, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e outras doenças cardiovasculares, foram observadas sérias complicações de saúde e muitos desses indivíduos evoluíram a óbito. Nestes casos, a doença se manifesta mais agressivamente; os sintomas apresentados, tais como dispneia, tosse seca e coriza, são geralmente voltados para as vias aéreas superiores, podendo também ocorrer cefaleia e febre; em geral, seu surgimento requer internação, podendo assim evoluir a óbito por complicações.(44. Huang C, Wang Y, Li X, Ren L, Zhao J, Hu Y, et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China. Lancet. 2020;395(10223):497-506. Erratum in: Lancet. 2020 Jan 30.,55. Ventura MW, Diógenes MS, Albuquerque NL, Lima GA, Oliveira PM, Alexandre IC, et al. Análise comparativa das características demográficas, sintomatologia e comorbidades de adultos e idosos notificados e confirmados com COVID-19 nas capitais brasileiras. Rev Min Enferm. 2022;26:e1438.)

Além das doenças subjacentes serem um fator de maior risco de agravamento da COVID-19, estudos mostraram que fatores sociodemográficos tais como sexo masculino (além da idade avançada) também contribuem para possíveis complicações; a sobrevivência em países com baixo desenvolvimento, onde a predominância populacional é de pessoas idosas, as pessoas já têm alguma comorbidade.(66. Santos IL, Zimmermann IR, Donalísio MR, Santimaria MR, Sanchez MN, Carvalho JL, et al. Vulnerabilidade social, sobrevida e letalidade hospitalar pela COVID-19 em pacientes com 50 anos ou mais: coorte retrospectiva de casos no Brasil em 2020 e 2021. Cad Saude Publica. 2022;38(1):e00261921.)

A realização dos estudos que identificaram as causas envolvidas no desenvolvimento da forma grave da COVID-19 permite preencher as lacunas de conhecimento ainda existentes e implementar ações de saúde específicas para reduzir e controlar a doença, impactando diretamente a gravidade dos casos e os índices de internação hospitalar e mortalidade.

Portanto, o presente estudo pretendeu contribuir para o avanço do conhecimento a partir de evidências e promover a prevenção do desenvolvimento da forma grave da doença, o que possibilitaria reduzir o número de hospitalizações e óbitos e então os custos ao sistema de saúde. Portanto, o objetivo deste estudo foi analisar a prevalência e os fatores associados à hospitalização de idosos com COVID-19 no estado do Paraná, PR, Brasil.

Métodos

Estudo transversal, de base populacional, aninhado à coorte “Acompanhamento Longitudinal de adultos e idosos que receberam alta da internação hospitalar por COVID-19”, realizado em cooperação entre a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Secretaria de Saúde do Estado do Paraná (SESA/PR), com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

O estudo foi conduzido no Estado do Paraná (região sul do Brasil), com uma área total de 199.298,981 km2. Ele tem 399 municípios, divididos em quatro macrorregiões de saúde, as quais estão subdivididas em 22 Regionais de Saúde.(77. Brasil. Organização Pan-Americana de Saúde. Folha informativa COVID-19 - Escritório da OPAS e da OMS no Brasil. Brasília (DF): OPAS, OMS; 2021 [citado 2021 Mar 10]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/covid19
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)

O Estado do Paraná tem uma população de 11.675.661 habitantes (estimativa de 2022), mantendo o ranking do estado mais populoso na região sul do Brasil; estima-se que ele atinja cerca de 1,9 milhão de habitantes com idade acima de 60 anos, prevalecendo a faixa etária de 60-69 anos com 1,1 milhão, aquela de 70-79 com pouco mais de 0,5 milhão, e que idosos com 80 anos ou mais cheguem a cerca de 265 mil habitantes.(88. Brasil. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Tabnet. Brasília (DF): DATASUS, 2022 [citado 2021 Dez 1]. Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/
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)

A população do estudo englobou pessoas com idade de 60 anos ou mais, residentes no Paraná, que foram hospitalizadas por COVID-19 no período de março de 2020 a setembro de 2021.

Como critérios de elegibilidade, foram incluídas pessoas residentes no Paraná com idade igual ou maior que 60 anos, como casos confirmados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associada ao Coronavírus, hospitalizados em enfermaria ou UTI, que tiveram alta no período de março de 2020 a setembro de 2021, conforme as fichas de notificação de SRAG. As notificações de casos de idosos hospitalizados no Paraná, mas com residências em outros estados, foram excluídas da análise.

A amostragem da população foi composta a partir das fichas de notificação compulsória da SRAG associada ao Coronavírus integrantes do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), em bases de dados disponibilizadas pelo Ministério da Saúde (MS)(88. Brasil. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Tabnet. Brasília (DF): DATASUS, 2022 [citado 2021 Dez 1]. Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/
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) e atualizados em 08 de novembro de 2021.

As variáveis dependentes usadas neste estudo consistem de efeito, doença ou agravo observados por indivíduos durante a realização do estudo, os quais foram à Internação Hospitalar em Unidade de Enfermaria e/ou UTI devido ao agravamento da COVID-19.

As variáveis independentes ou preditoras foram subdivididas em Dados Sociodemográficos: idade (≥60 anos), sexo (masculino ou feminino), raça ou cor da pele (branca, preta, amarela, parda ou indígena), escolaridade (sem escolaridade ou analfabeto, fundamental 1º Ciclo, fundamental 2º ciclo, médio, superior e não se aplica), zona (urbana, rural ou periurbana), regional de saúde da residência (conforme as definições do MS) e reside no município de hospitalização (sim ou não).

Histórico Vacinal do Idoso: Referente aos dados dos idosos sobre o uso de antiviral contra gripe (sim ou não), e se ele(a) recebeu vacina contra gripe na última campanha (sim ou não). Os Dados Clínicos consistiram em: possui fator de risco ou comorbidade (sim ou não). Entre fatores de risco citados estão: Diabetes mellitus, imunodeficiência ou imunodepressão, asma e obesidade, incluindo doenças crônicas (cardiovascular, hepática, neurológica, renal, hematológica e pneumopatia). Além disso, foi investigada a existência de sinais e sintomas (sim ou não) tais como febre, tosse, dor de garganta, dispneia, desconforto respiratório, saturação de O2 <95%, diarreia, vômito e outros; o tempo de duração (dias) foi quantificado desde o início dos sintomas até a data da notificação.

Os dados foram compilados em planilhas eletrônicas do programa Microsoft Office Excel. Para análise, foi usado o programa estatístico R (R Core Team, 2020; versão 4.0.0). Foram empregados modelos de regressão logística para determinar os fatores associados às admissões dos idosos na UTI; por definição do método, o valor um (1) foi indicativo de internação do idoso na UTI e o valor zero (0) representou a internação na enfermaria.

Os modelos de regressão logística aplicados na análise univariada (p<0,20) determinaram a escolha das variáveis para construção dos modelos múltiplos, resultando no modelo final após a aplicação do método Stepwise. As associações foram estimadas calculando a razão de chances (Odds Ratio, OR), adotando o intervalo de confiança de 95% como medida de precisão.(99. Hosmer Jr DW, Lemeshow S, Sturdivant RX. Applied logistic regression. 3rd Edition; John Wiley & Sons; 2013. 528 p.)

O estudo vinculado a esta pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos (Parecer 4.214.589). Os preceitos éticos sobre pesquisa com seres humanos dispostos nas Resoluções (466/2012 e 510/16) do Conselho Nacional de Saúde foram assegurados em estudos de base documental usando dados secundários, descartando assim a necessidade do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Certificado de Apresentação de Apreciação Ética: 34787020.0.3001.5225).

Resultados

No período avaliado, foram admitidos 46.099 idosos com diagnóstico positivo para COVID-19 no Paraná, 25.986 deles em enfermaria (56,4%) e 20.113 em UTI (43,6%). Entre as características dos pacientes (formas de hospitalização), foi destacada diferença significativa entre as distribuições dos sexos, prevalecendo a internação do sexo masculino em enfermaria (50,9%) e UTI (56,0). A prevalência de idosos do sexo feminino apresentou redução nas internações em enfermaria (49,1%) e UTI (44,0%) (Tabela 1). Igualmente, a variável raça ou cor da pele autodeclarada mostrou significância estatística.

Tabela 1
Caracterização da amostra de pacientes idosos hospitalizados por COVID-19

A tabela 1 indica que raça ou cor da pele branca foi a mais admitida em enfermaria (84,9%) e em UTI (83,0%). Em ambas as formas de tratamento, indígenas apresentaram prevalências menores que 1% de internação, ao passo que aqueles de pele amarela apresentaram prevalências menores que 2% nas internações gerais e entre os dois níveis de tratamento.

Na tabela 1, nota-se maior hospitalização de idosos com escolaridade igual ou maior que oito anos de estudo. O uso de antiviral foi baixo nas internações em enfermaria (8,6%) e UTI (8,1%), bem como ter recebido pelo menos uma dose da vacina da gripe (enfermaria: 32,9%; UTI: 27,5%). Em internação, a vacina contra COVID-19 apresentou diferenças com significância estatística, com percentuais em não vacinados maiores que aqueles vacinados. O município de residência foi o mesmo da hospitalização nas hospitalizações em enfermaria (68,7%) e UTI (60,3%). A tabela 2 mostra as Odds Ratio (OR) brutas e ajustadas. As variáveis sexo, zona de residência e uso de antiviral para gripe foram associadas ao desfecho, assim como ter doença cardiovascular, doença renal, pneumopatia, obesidade, ter tido tosse, dispneia, perda de olfato, residir no mesmo município de internação e a macrorregional de saúde de residência. O sexo masculino apresentou chances de admissão em UTI 36% maiores quando comparado com as chances do sexo feminino, ao passo que a zona de residência rural diminuiu em 38% a prevalência de internação em UTI. O desfecho final das internações por COVID-19 apresentou taxa menos distante sendo que as internações evoluíram a óbito (55%) e tiveram a cura da doença (44,6%), destacando a alta taxa de óbitos em idosos internados na UTI (72,8%).

Tabela 2
Análise bruta e ajustada das associações entre variáveis independentes e admissão em Unidade de Terapia Intensiva em idosos

Na admissão em UTI, não ter tomado antiviral contra gripe mostrou aumento de 52% quando comparado com idosos que tomaram o medicamento. Em relação aos dados clínicos, as doenças cardiovasculares aumentaram em 35% a prevalência da forma grave, enquanto pneumopatias aumentaram em 64% a admissão em UTI. Obesidade foi associada a 45% de aumento no encaminhamento para UTI. Dispneia apresentou uma probabilidade 55% maior de desenvolvimento da forma grave da doença. Tosse apresentou uma redução de 36% nas internações em UTI, semelhante à perda de olfato, com diminuição de 29% na necessidade de UTI para tratamento. Não residir no mesmo município de hospitalização aumentou em 34% a chance de desenvolvimento da forma grave da COVID-19; igualmente, foi observada redução no encaminhamento para UTI nas macrorregionais norte (35%), noroeste (24%) e oeste (32%) quando comparadas com a macrorregional leste.

Discussão

Ao longo da pandemia da COVID-19, centenas de idosos se contaminaram. Uma parte significativa desse grupo etário precisou de assistência hospitalar devido à gravidade com que a doença se manifestou no organismo. Alguns fatores, incluindo os sociodemográficos, presença de comorbidade e imunização, foram associados a essa necessidade.

Os resultados acima mostram que o maior número de hospitalizações em enfermaria e UTI foram do sexo masculino, com uma pequena queda nas hospitalizações em enfermaria (49,1%) e UTI (44,0%) do sexo feminino.

A predominância das internações por COVID-19 em idosos homens corrobora com o estudo que analisou o perfil epidemiológico dos casos notificados na região Sul do país(1010. Klokner SG, Luz RA, Araujo PH, Knapik J, Sales SS, Torrico G, et al. Perfil epidemiológico e preditores de fatores de risco para a COVID-19 na região sul do Brasil. Res Soc Devel. 2021;10(3):e17710313197.) e com aquele que descreveu o perfil clínico-epidemiológico dos casos de internação hospitalar no Estado da Paraíba;(1111. Nascimento IM, Alencar Neta RL, Souza AC, Bezerra YC, Silva CJ, Lima ER, et al. Perfil clínico-epidemiológico dos casos de hospitalização por COVID-19 na nona região de saúde da Paraíba, Brasil. Res Soc Devel. 2022;11(1):e29011124761.) neste estado, ainda não foram exatamente estabelecidos os determinantes responsáveis pela divergência nos desfechos clínicos de idosos infectados pelo SARS-CoV-2 segundo o sexo, apesar dos dados apresentados e das publicações.

Acreditamos que a maior predisposição ao agravamento no quadro clínico e nas mortes entre os homens, pode ter correlação com um conjunto de características hormonais, genéticas, de estilo de vida e presença de comorbidades.(1010. Klokner SG, Luz RA, Araujo PH, Knapik J, Sales SS, Torrico G, et al. Perfil epidemiológico e preditores de fatores de risco para a COVID-19 na região sul do Brasil. Res Soc Devel. 2021;10(3):e17710313197.)Estudo netnográfico conduzido no Brasil ainda detectou que além dessa maior suscetibilidade, o público masculino é também mais propenso a apresentar sintomas prolongados da COVID-19, com impacto sistêmico no organismo.(1212. Santana WC, Lima AA, Muniz VO, Machuca-Contreras V, Vale PR, Carvalho ES, et al. Manifestações clínicas e repercussões dos sintomas prolongados e sequelas pós-COVID-19 em homens: netnografia. Acta Paul Enferm. 2023;36:eAPE018532.)

Além desses fatores, também é possível correlacionar o agravamento do quadro clínico com o fato de que as mulheres têm o dobro de genes que agem no sistema imunológico (o cromossomo X tem maior quantidade desses genes no genoma).(11. Guo YR, Cao QD, Hong ZS, Tan YY, Chen SD, Jin HJ, et al. The origin, transmission and clinical therapies on coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak - an update on the status. Mil Med Res. 2020;7(1):11. Review.)

Ao considerar a autodeclaração de raça ou cor da pele, a predominância no agravamento do quadro clínico em idosos no Estado do Paraná está entre aqueles que se autodeclararam brancos (enfermaria: 84,9%; UTI: 83,0%), seguidos de pardos ou pretos (enfermaria: 13,8%; UTI: 15,5%), amarelos (enfermaria: 1,2%; UTI: 1,4%) e indígenas (enfermaria: 0,01%).

Esses dados podem estar diretamente relacionados com a própria distribuição numérica das pesquisas sociodemográficas do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE); com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD; 2019), a população brasileira é composta por pessoas brancas (42,7%), pardas (46,8%), pretas (9,4%) e amarelas ou indígenas (1,1%).(1313. Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Brasília (DF): IBGE; 2019 [citado 2023 Ago 18]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9127-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios.html?=&t=destaques
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/soc...
)

A relação entre a proporção e o número de pessoas da sociedade brasileira e o número de pessoas internadas em decorrência do agravamento da COVID-19 só se justifica entre aqueles que se autodeclaram brancos, amarelos e indígenas, pois a diferença entre a quantidade de pessoas autodeclaradas pardas ou pretas e o número de idosos autodeclarados desta cor é significativa. Uma das explicações pode ser pelas condições socioeconômicas dessa população e das desigualdades sociais que impedem ou dificultam o acesso à saúde, do mesmo modo como elas impedem ou dificultam o acesso à educação, cultura, emprego e lazer.(1111. Nascimento IM, Alencar Neta RL, Souza AC, Bezerra YC, Silva CJ, Lima ER, et al. Perfil clínico-epidemiológico dos casos de hospitalização por COVID-19 na nona região de saúde da Paraíba, Brasil. Res Soc Devel. 2022;11(1):e29011124761.)

Diferentemente, um estudo longitudinal identificou que o risco de mortalidade para as diferentes etnias foi semelhante nos EUA, o que pode ser explicado pelo desenvolvimento econômico e social deste país.(1414. Richardson S, Martinez J, Hirsch JS, Cerise J, Lesser M, Roswell RO, Davidson KW; Northwell Health COVID-19 Research Consortium. Association of race/ethnicity with mortality in patients hospitalized with COVID-19. PLoS One. 2022;17(8):e0267505.)

Quanto à escolaridade, verificamos que a predominância de internação em idosos por COVID-19 ocorreu naqueles que tinham menos de 8 anos de estudo (enfermaria: 24,9%; UTI: 21,3%). Um estudo realizado no Brasil(1515. Pires LN, Carvalho L, Xavier LL. COVID-19 e desigualdade: a distribuição dos fatores de risco no Brasil. Experimet Findings; 2020. DOI:10.13140/RG.2.2.27014.73282.) afirmou que as taxas de transmissão de doenças e infecções respiratórias se relacionam diretamente à desigualdade social, contribuindo para entender nossa observação epidemiológica.

Outro dado importante é a incidência de internações em idosos que usavam antiviral contra gripe; a grande maioria daqueles que não usaram antiviral precisou de tratamento médico em enfermaria ou UTI. A diferença entre os idosos que usaram antiviral contra gripe e aquelas que não o usaram é expressiva; 35.934 idosos que não usaram antiviral necessitaram de tratamento médico hospitalar devido à Covid-19. O tratamento de pacientes com COVID-19 requer exclusividade; é necessário desenvolver tratamento farmacológico para atuar nas proteínas alvo do vírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que podemos conviver com o vírus durante décadas; assim, é indispensável desenvolver tratamentos específicos e seguros para a população, para que haja uma arma eficaz contra a COVID-19.(1616. Ferreira LL, Andricopulo AD. Medicamentos e tratamentos para a Covid-19. Estud Av. 2020;34(100):7-27.)

Entre os sinais e sintomas da amostra de idosos hospitalizados por COVID-19, a presença de dispneia (70,8%), saturação de O2 <95% (66,3%), tosse (61,7%), desconforto respiratório (52,5%) e febre (42,5%) se destacaram como os maiores percentuais nos idosos internados em UTI, indicando que a população nesta faixa etária é mais suscetível ao agravamento da doença. Apesar das diferentes manifestações clínicas da COVID-19, cerca de 80% dos infectados podem não ter sintoma algum. Isto exige um monitoramento constante dos casos suspeitos, para que não sejam abandonados os casos em que não há certeza do diagnóstico da doença. Considerando a diversidade da apresentação clínica que cada idoso pode apresentar, os serviços de saúde devem estabelecer critérios que orientem melhor os atendimentos, definindo um conjunto de ações com base nas características e sintomas que cada pessoa idosa está apresentando.(1717. Iser BP, Sliva I, Raymundo VT, Poleto MB, Schuelter-Trevisol F, Bobinski F. Definição de caso suspeito da COVID-19: uma revisão narrativa dos sinais e sintomas mais frequentes entre os casos confirmados. Epidemiol Serv Saúde. 2020;29(3):e2019354. Review.)

A vacina contra gripe também é um fator de diminuição de casos de internação de idosos por agravamento do quadro clínico de Covid-19, pois a probabilidade de admissão na UTI dos não vacinadas (69,4%) foi maior que aquela dos vacinados (30,6%). Em relação à vacinação contra COVID-19, o percentual de internação na UTI de idosos não vacinados (55,3%) foi maior que aquele dos vacinados, indicando que a imunização pode minimizar os riscos de internação e necessidade de UTI.

Após a contaminação do vírus, é evidente que os idosos que não receberam qualquer antiviral ou tomaram as vacinas contra gripe ou COVID-19 foram admitidas em enfermarias e UTI. Isto aponta para um desfecho de prognóstico desfavorável aos idosos que não tomaram qualquer vacina. Ressalta-se ainda que a propagação de rumores e de informações não fidedignas causou desconfiança e insegurança em grande parte da população.(1818. Araújo TM, Carvalho AM, Fronteira I, Silva AA, Rodrigues KA, Queiroz GS, et al. Aceitação da vacina contra COVID-19 entre público diagnosticado com síndrome gripal. Acta Paul Enferm. 2021;34:eAPE000086.) Estudo realizado no Catar (2022) mostrou que a propensão para desenvolver COVID-19 grave em indivíduos vacinados contra influenza foi cerca de 90% menor que naqueles que não foram vacinados.(1919. Tayar E, Abdeen S, Abed Alah M, Chemaitelly H, Bougmiza I, Ayoub HH, et al. Effectiveness of influenza vaccination against SARS-CoV-2 infection among healthcare workers in Qatar. J Infect Public Health. 2023;16(2):250-6.)

Um estudo sobre fatores associados ao aumento no risco de morte por COVID-19 (2020), evidenciou que os indivíduos do sexo masculino com idade média igual ou maior que 66 anos tinham maior risco de óbito pela doença.(2020. Maciel EL, Jabor P, Goncalves Júnior E, Tristão-Sá R, Lima RC, Reis-Santos B, et al. Fatores associados ao óbito hospitalar por COVID-19 no Espírito Santo, 2020. Epidemiol Serv Saude. 2020;29(4):e2020413.) Isto se correlaciona com o desfecho final das internações por COVID-19 no presente estudo, que obteve taxas similares dos pacientes que evoluíram a óbito (55%) e obtiveram a cura da doença (44,6%), destacando a elevada taxa de óbitos de pessoas internadas na UTI (72,8%).

O presente estudo apresentou pontos fortes e limitações que devem ser apontadas. O principal avanço no conhecimento foi a identificação da prevalência e dos fatores associados à hospitalização de idosos que adquiriram COVID-19. Nossos achados podem ser usados como referência para avaliar e comparar os fatores de risco à saúde do grupo populacional de idosos no contexto atual e em contextos pandêmicos futuros, bem como, poderão contribuir para estudos futuros na análise de fatores associados à internação de idosos pela doença.

As potenciais limitações encontradas no presente estudo foram as seguintes: dados gerados e inseridos incorretamente no sistema, dados ausentes nas fichas de notificação e preenchimento incorreto das fichas.

Conclusão

Escolaridade e não adesão à vacinação contra COVID-19 podem aumentar o risco de hospitalização pela doença. Chance de hospitalização na UTI para homens idosos é maior que para mulheres idosas; não uso de antiviral pode contribuir para o agravamento de pessoas idosas. Doenças cardiovasculares e pneumopatias pré-existentes e obesidade contribuem para agravar a doença com consequente internação na UTI. Fatores sociodemográficos e doenças subjacentes influem no desfecho clínico da doença nesta faixa etária, contribuindo para hospitalização e possível encaminhamento para UTI. Após suspeita ou confirmação da COVID-19, os profissionais de saúde devem identificar os fatores que podem levar à internação do idoso, planejando ações que previnem agravos, monitorando os infectados, atenuando assim os efeitos hospitalares a fim de evitar sobrecarga no serviço e falta de leitos para internação.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com incentivo financeiro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNPq).

Referências

  • 1
    Guo YR, Cao QD, Hong ZS, Tan YY, Chen SD, Jin HJ, et al. The origin, transmission and clinical therapies on coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak - an update on the status. Mil Med Res. 2020;7(1):11. Review.
  • 2
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Editado por

Editor Associado (Avaliação pelos pares): Paula Hino (https://orcid.org/0000-0002-1408-196X) Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    11 Nov 2022
  • Aceito
    4 Set 2023
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