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Rebel Without a case the hypnoanalysis of a criminal psychopath: Robert M. Lindner

ANÁLISES DE LIVROS

Rebel Without a case the hypnoanalysis of a criminal psychopath. Robert M. Lindner. 1 volume com 296 páginas, Grune & Stratton, New York, 1944

O valor dêste livro não está na divulgação de novo tratamento, a hipnoanálise, mas demonstrar aos criminologistas a veracidade da asserção de William A. White, de que atrás de cada criminoso reside um segrêdo e que os atos criminosos não são tão simples como os códigos legais ou como os noticiários dos jornais os apresentam: o crime é um comportamento motivado por fôrças primárias, não sòmente sociais mas também intra-individuais. Êsses atos podem ser precipitados por situações sociológicas, porém, são a expressão de uma individualidade originada em motivos e desejos secretos. O criminoso deve ser tratado e não punido.

Estudando o problema da psicologia criminal, o autor considera a personalidade psicopática, de natureza ainda mal conhecida e mal compreendida, como o ponto capital da criminologia. Define a psicopatia como desordem do comportamento que afeta a relação de um indivíduo ao seu meio social. A descrição sintomatológica dêste grupo deriva da consideração do meio cultural em que vive o indivíduo e ao qual é relativo. Considerado sob estas luzes, um vadio é um rebelde desobediente aos principais códigos e padrões. Assim, a experiência clínica com tais indivíduos os faz parecer rebeldes sem causa, agitadores sem slogan, revolucionários sem programa: em outras palavras, sua rebelião é destinada a preencher seus próprios fins satisfatórios. O comportamento psicopático apresenta estreita semelhança com a conduta infantil, sendo a psicopatia nada mais que um prolongamento dos padrões e hábitos infantis na fase do adultismo fisiológico. Uma das teses defendidas neste trabalho é que a psicopata nunca passou do nível de desenvolvimento sexual pré-genital; que a sexualidade socializada é totalmente ausente. A análise evidencia fatores ambientais causando parada abrupta do desenvolvimento psicossexual antes da resolução da situação edipiana. A fixação da libido antes do nível genital, combinada com a necessidade de instantânea satisfação (caraterística infantil da conduta psicopática) determina caos e a imaturidade da, vida sexual. Isto responde pelas suas ofensas e crimes. Tece o A. várias outras concepções psicanalíticas acerca da personalidade do psicopata, salientando a fraqueza de seu super-ego, mostrando que o comportamento psicopático deriva de profundo ódio ao pai, analìticamente determinado em virtude da inadequada resolução do conflito de Édipo e fortalecido pelo mêdo de castração, e discute a prepotência do instinto de morte, os sentimentos de culpa e punição. Considerando o homem como criatura una, com seu organismo fisiológica e psicologicamente interdependente, discute, ao lado dos mecanismos precipitantes, os fatores predisponentes e teorias aventadas para a explicação do comportamento psicopático.

Ê opinião do A. que " a sociedade moderna favorece a extensão das condições que servem para a traumatização da personalidade no sentido da orientação para a evolução do tipo psicopático. Estas condições florescem, na maior parte, em cidades ou áreas densamente populosas, onde a solidão pessoal e familial (dentre outros fatores) estão ausentes e onde a infância e juventude são períodos normalmente infelizes. Não há nisto exagero, pois, sòmente os surdos deixam de ouvir a condenação dos sociologistas sôbre a maneira em que se permite viver um grande segmento de nossas populações, e as monótonas advertências dos psicolo-gistas acerca dos nefastos efeitos dos fatores ambientais perniciosos".

O A. define o método que utiliza desde 1939, como um meio de aproximação aos enigmas do comportamento simbolizados pelos desajustes, crimes e desordens-psicopatológicas. O método consiste em uma modificação do processo psicanalítico, em que a hipnose e as sugestões pós-hipnóticas são livremente usadas, não sòmente para dissolver as resistências como para reforçar a realização do conteúdo mental inconsciente do paciente. A técnica psicanalítica é usada integralmente, porém o terapeuta pode agir ativamente, perguntando, orientando e sugerindo. Pelo uso da hipnoanálise, o período de tratamento para a maioria, se não para tôdas as condições psicopatológicas, pode ser encurtado efetivamente, pois os processos catárticos e ab-reativos são tão completos e de ação terapêutica tão rica quanto as atribuídas a qualquer outro meio psicoterápico, podendo ser considerados heroicos, neste respeito, assaltando o organismo à maneira das terapêuticas cardiazólica e eletrochoqueterápica. A hipnoanálise pode durar 3 a 4 meses, sendo o último mês destinado a reeducação, exposição e reorientação. O livro é de grande interesse para todos os psiquiatras e criminologistas.

JOY ARRUDA

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Jun 1945
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