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Andyr Nazareth Andrade (1935 - 1989)

IN MEMORIAM

Andyr Nazareth Andrade (1935 - 1989)

Faleceu em 5 de novembro de 1989, em Salvador-Bahia, Andyr Nazareth Andrade, expoente da Neurologia bahiana, conhecido e estimado por todos aqueles que militam na área das Neurociências.

Andyr nasceu em Itajuípe, cidade do sudeste bahiano, em 5-abril-1935. Filho de Cincinato Spínola de Andrade e Leolina Nazareth de Andrade. Após o curso primário, Andyr mudou-se para a Capital onde cursou o ginásio e científico (1947-1953). Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBa), em dezembro de 1959, cumpriu Residência Médica em Neurologia e Eletrencefalografia Clínica no respectivo departamento do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia, durante o período janeiro-1960 a dezembro-1963. A partir de 1964, assumiu a função de Professor Assistente da UFBa, lotado na cadeira de Neuroanatomia e a de Professor Adjunto, a partir de 1977 até o fim da sua vida.

Entre junho-1965 e julho-1967, fez Curso de Pós-Graduação em Anatomia na Kellog Foundation, na Wayne State University School of Medicine, em Detroit, Michigan, USA sob a orientação de Clement A. Fox, tendo obtido o diploma «Kellog Fellow in Anatomy». Logo após foi contratado por essa mesma universidade norte-americana, servindo no Medical Center School of Medicine, Department of Anatomy, de junho-1967 a junho-1968. Durante sua permanência nos Estados Unidos, publicou os seguintes trabalhos científicos: Some Golgi and electronic microcopic observations on frog cerebellum, tendo como colaboradores Dean E. Hillman e Clement A. Fox, publicado no Anatomical Record, em 1967; Gânglios basais e substância negra de macacos (Macaca mulatta), pela Wayne University, 1967; Climbing fiber branching in the granular layer, em colaboração com Clement A. Fox, publicado em Neurobiology of Cerebellar Evolution on Development, Chicago, 1969. De volta ao Brasil, Andyr demonstrou particular interesse pela Neurologia Tropical, tendo sido membro do Grupo de Pesquisas em Neurologia Tropical da World Federation of Neurology; publicou os seguintes trabalhos científicos: Neuroesquistossomose, Esquistossomose mansônica cerebral - este último tendo como colaborador Carlos Bastos - ambos publicados nos Arquivos de Neuropeiquiatria, São Paulo, 1986 e 1989, respectivamente.

Apesar de professor universitário de Neuroanatomia, Andyr N. Andrade foi um aplicado e respeitado Neurologista Clínico. E como tal participou de todos os eventos ligados a sua epecialidade como Simpósios, Jornadas, Seminários e Congressos, não só de âmbito regional, como nacional e internacional e, na maioria das vezes, na qualidade de Palestrante. Foi Presidente da Secção de Neurologia da Associação Bahiana de Medicina (1984-1987) e Chefe do Departamento de Neurologia do Hospital São Rafael da Fundação Monte Tabor, em Salvador-Bahia.

Era a principal referência da Neurologia bahiana na época do seu falecimento.

E foi assim, por seus reconhecidos méritos, que deixou sua marca definitiva na Neurologia da Bahia ao ser um dos principais fundadores e primeiro Presidente da Sociedade de Neurologia da Bahia, fato acontecido em 22-fevereiro-1984, em memorável reunião na sede da Associação Bahiana de Medicina. Foi a partir desta data que a Neurologia Bahiana passou a ter representatividade oficial junto às principais Associações Médicas e Neurológicas do País. As últimas participações científicas de Andyr foram: em nível nacional, no 13º Congresso Brasileiro de Neurologia (São Paulo, 1988) quando foi membro de mesa redonda sobre Otoneuralgia, abordando o tema «Aspectos Anatômicos»; e, em nível regional, quando presidiu magistralmente a IX Jornada de Neurologia e Neurocirurgia do Norte-Nordeste (Salvador, setembro-1989), dois meses antes de sua morte. Esta Jornada que na realidade foi um verdadeiro Congresso, se avaliarmos os números dos professores convidados nacionais (50) e estrangeiros (4), recebeu e expressou algumas características da personalidade do Andyr: alto nível científico, disciplinada organização, requinte e bom gosto da programação social e, sobretudo, imensa força de vontade e capacidade de trabalho, empregadas para vencer dificuldades, obstáculos e desapontamentos de toda a ordem na preparação do bem sucedido evento. Estas dificuldades foram expressas publicamente durante a Assembléia Geral de encerramento. Nesta ocasião Andyr apresentou várias sugestões para que os futuros organizadores de outras Jornadas tivessem seus trabalhos facilitados e menos desgastantes.

Todos aqueles que tiveram a oportunidade de ouvir do colega Andyr as suas idéias e pontos de vista, sempre colocados de maneira clara, franca, sincera e objetiva, puderam com certeza, chegar a algumas conclusões sobre sua figura humana e profissional: sua preocupação com a Neurologia do seu Estado ia além de atividades e eventos científicos. Ia além da sua farta e reconfortante clientela. A sua preocupação alcançava a qualidade e o sentir da prática médico-neurológica como um todo. Alcançava a relação humana entre médico e paciente, alcançava a seriedade, a honestidade e a modéstia tanto nos êxitos como nos fracassos. Alcançava, enfim, a questão de como vencer e superar a mediocridade.

Por tudo isso, a Neurologia bahiana e brasileira, perde não só um colega e amigo de alto nível científico mas, sobretudo, um homem que buscou atingir um grau elevado de servir e assistir aqueles que são a razão final da prática médica - as pessoas humanas doentes.

Na sua partida prematura deixou a esposa Margarita e os filhos Leolina, Marcos, Tanya e Vüctor, para os quais enviamos daqui as nossas condolências pela grande perda.

Alberto Jorge Pereira Peregrino

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Maio 2011
  • Data do Fascículo
    Dez 1990
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