Iron lace: a donation for the Brazilian civilizing memory

This is a historical and historiographical study based on a museum object and its catalogue card (object description and information about it). The necklace - a Berlin Iron exemplar, a fashionable European product in the first half of the 19th century - and its museum catalogue card, which attributes its construction to the Royal Iron Factory São João do Ipanema, from São Paulo, and supposedly a gift dedicated to the Empress Teresa Cristina, are indications for hypotheses and reflection on the donation made as a confirmation of the Brazilian civilizing memory. Throughout the search for references for proposing a biography of the object, uncertainties emerged and other possibilities were identified for the piece, which reiterate the huge potential of the material culture as a historical document.

KEYWORDS:
Necklace; Berlin Iron; São João do Ipanema; Material culture; Museum documentation

Authorship

IRINA ARAGÃO DOS SANTOS

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro / Rio de Janeiro, RJ, BrasilPontifícia Universidade Católica do Rio de JaneiroBrasilRio de Janeiro, RJ, BrasilPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro / Rio de Janeiro, RJ, Brasil

2 Tem pós-doutorado em História da Ciência e Tecnologia, no Núcleo de Estudos Históricos de Artefatos da Ciência e Tecnologia, Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Doutora em História Comparada, pelo Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ministra as disciplinas de História e Projeto de Design, e Design de Adornos Pessoais no curso de graduação em Design na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). E-mail: <irinaa@uol.com.br>.

http://orcid.org/0000-0002-1635-2495

2
Tem pós-doutorado em História da Ciência e Tecnologia, no Núcleo de Estudos Históricos de Artefatos da Ciência e Tecnologia, Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Doutora em História Comparada, pelo Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ministra as disciplinas de História e Projeto de Design, e Design de Adornos Pessoais no curso de graduação em Design na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). E-mail: <irinaa@uol.com.br>.

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Figura 1
Colar de ferro.

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Figura 2
Colar composto por peça central e dois elementos repetidores.⁷ 7 O colar é composto por peça central ovalada e levemente abaulada em motivos florais estilizados, formada por centro em flor dobrada e quatro ornamentos que delimitam o contorno e a base da peça, que tem volume por sobreposição. O miolo e a base são fixados por rebite. As volutas e as linhas orgânicas - sinuosas e curvas -, com largura aproximada de 2mm, configuram espaços cheios e vazios. Na peça central - que denominaremos A -, de tamanho maior que os dois componentes repetidores - os quais denominaremos B e C -, chamam a atenção três elos aparentes em sua borda inferior. Seu desenho é distinto, embora harmônico em relação ao desenho das demais peças. Em cada lado da peça central (41mm x 47mm x 3,5mm), estão organizadas quatro peças B (25mm x 28mm x 3,5mm) e cinco peças C (23mm x 23mm x 3,5mm), igualmente abauladas e recortadas, intercaladas e unidas por elos duplos e contra elos fixados no corpo das peças. A peça B é a segunda em dimensão; tem formato ovalado e contorno formado por dois gomos em composição de volutas; no encontro dos gomos são aparentes elos circulares fixos. A peça C é a terceira em dimensão; tem formato de palma ou leque, triangular, com base maior que topo; tem composição distinta de A e B, pelas linhas em abertura da base para as extremidades, sem volutas; na base e topo possui elos circulares fixos. Comprimento total do objeto: aproximadamente 515mm. Peso total do objeto: 33g. Não há inscrições.

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Figura 3
Finalização do colar com fecho tipo palheta.⁸ 8 O fecho tipo palheta tem formato circular (14mm x 14mm x 4mm); a parte “fêmea” do fecho é caixa circular encimada por flor e pequena chapa com furos soldada à base, enquanto a parte “macho” do fecho - lingueta confeccionada de chapa - não apresenta ornamentos. Os dois elementos possuem dois pequenos furos para a conexão por elos aos demais componentes.

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Figura 4
Leque com varetas em ferro fundido, unidas por fita de cetim e rebite de latão; origem atribuída a Edward Schott, Ilsenburg am Harz, Alemanha, c. 1862.

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Figura 5
Caixa para joias em ferro fundido, com origem atribuída à Alemanha, c. 1815-1830.

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Figura 6
Par de brincos, com origem atribuída a Berlim (c. 1830) e características neoclássicas (medalhas camafeus centrais com ícones das virtudes teológicas: cruz, âncora e coração).

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Figura 7
Par de brincos, de Simeon Pierre Devaranne, com origem atribuída a Berlim (c. 1815-51) e características naturalistas (borboletas e ornamentos florais estilizados).

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Figura 8
Par de brincos, com origem atribuída a Berlim (c. 1830) e características neogóticas (detalhes arquitetônicos góticos estilizados).

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Figura 9
Coroa de ferro fundido à semelhança da coroa imperial, de 34cm de altura e 45cm de diâmetro. Atribuída à Real Fábrica São João do Ipanema, 1815-21.⁶⁶ 66 A coroa real original foi fabricada no Brasil para D. João VI, por Inácio Luís da Costa, na oficina do ourives António Gomes da Silva, em 1817, com 2,5kg de ouro nativo e prata, 30,4 cm de altura e 38,5cm de diâmetro. Atualmente pertence ao acervo do Palácio Nacional da Ajuda, localizado em Lisboa (Portugal).

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Figura 10
O componente repetidor B do colar do acervo do Museu Histórico Nacional (Ref. 13223) aparece como elemento repetidor do colar da Figura 11 e o componente C - em formato de palma - como parte no colar da Figura 12.

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Figura 11
Colar de ferro à venda no site 1stDibs (Ref. LU321038592). O colar é formado por peça central maior e a repetição de peças iguais ao componente B do colar do Museu Histórico Nacional (Ref. 13223).

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Figura 12
Colar de ferro do acervo do Musée Le Secq des Tournelles (Ref. LS2003_1_418). O colar é formado por peça central com pingentes e o permeio entre elemento repetidor em forma de lira e de peças iguais ao componente C do colar do Museu Histórico Nacional.

Figura 1 Colar de ferro.

Fonte: Acervo do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.

Figura 2 Colar composto por peça central e dois elementos repetidores.⁷ 7 O colar é composto por peça central ovalada e levemente abaulada em motivos florais estilizados, formada por centro em flor dobrada e quatro ornamentos que delimitam o contorno e a base da peça, que tem volume por sobreposição. O miolo e a base são fixados por rebite. As volutas e as linhas orgânicas - sinuosas e curvas -, com largura aproximada de 2mm, configuram espaços cheios e vazios. Na peça central - que denominaremos A -, de tamanho maior que os dois componentes repetidores - os quais denominaremos B e C -, chamam a atenção três elos aparentes em sua borda inferior. Seu desenho é distinto, embora harmônico em relação ao desenho das demais peças. Em cada lado da peça central (41mm x 47mm x 3,5mm), estão organizadas quatro peças B (25mm x 28mm x 3,5mm) e cinco peças C (23mm x 23mm x 3,5mm), igualmente abauladas e recortadas, intercaladas e unidas por elos duplos e contra elos fixados no corpo das peças. A peça B é a segunda em dimensão; tem formato ovalado e contorno formado por dois gomos em composição de volutas; no encontro dos gomos são aparentes elos circulares fixos. A peça C é a terceira em dimensão; tem formato de palma ou leque, triangular, com base maior que topo; tem composição distinta de A e B, pelas linhas em abertura da base para as extremidades, sem volutas; na base e topo possui elos circulares fixos. Comprimento total do objeto: aproximadamente 515mm. Peso total do objeto: 33g. Não há inscrições.

Fonte: Acervo do Museu Histórico Nacional.

Figura 3 Finalização do colar com fecho tipo palheta.⁸ 8 O fecho tipo palheta tem formato circular (14mm x 14mm x 4mm); a parte “fêmea” do fecho é caixa circular encimada por flor e pequena chapa com furos soldada à base, enquanto a parte “macho” do fecho - lingueta confeccionada de chapa - não apresenta ornamentos. Os dois elementos possuem dois pequenos furos para a conexão por elos aos demais componentes.

Fonte: Acervo do Museu Histórico Nacional.

Figura 4 Leque com varetas em ferro fundido, unidas por fita de cetim e rebite de latão; origem atribuída a Edward Schott, Ilsenburg am Harz, Alemanha, c. 1862.

Fonte: Acervo do Victoria and Albert Museum, Londres.³⁹ 39 Victoria and Albert Museum (2019).

Figura 5 Caixa para joias em ferro fundido, com origem atribuída à Alemanha, c. 1815-1830.

Fonte: Acervo do Victoria and Albert Museum, Londres.⁴⁰ 40 Ibid.

Figura 6 Par de brincos, com origem atribuída a Berlim (c. 1830) e características neoclássicas (medalhas camafeus centrais com ícones das virtudes teológicas: cruz, âncora e coração).

Fonte: Acervo do Victoria and Albert Museum, Londres.⁴² 42 Victoria and Albert Museum (2019).

Figura 7 Par de brincos, de Simeon Pierre Devaranne, com origem atribuída a Berlim (c. 1815-51) e características naturalistas (borboletas e ornamentos florais estilizados).

Fonte: Victoria and Albert Museum, Londres.⁴³ 43 Ibid.

Figura 8 Par de brincos, com origem atribuída a Berlim (c. 1830) e características neogóticas (detalhes arquitetônicos góticos estilizados).

Fonte: Victoria and Albert Museum, Londres.⁴⁴ 44 Ibid.

Figura 9 Coroa de ferro fundido à semelhança da coroa imperial, de 34cm de altura e 45cm de diâmetro. Atribuída à Real Fábrica São João do Ipanema, 1815-21.⁶⁶ 66 A coroa real original foi fabricada no Brasil para D. João VI, por Inácio Luís da Costa, na oficina do ourives António Gomes da Silva, em 1817, com 2,5kg de ouro nativo e prata, 30,4 cm de altura e 38,5cm de diâmetro. Atualmente pertence ao acervo do Palácio Nacional da Ajuda, localizado em Lisboa (Portugal).

Fonte: Acervo do Museu Paulista (USP), São Paulo.

Figura 10 O componente repetidor B do colar do acervo do Museu Histórico Nacional (Ref. 13223) aparece como elemento repetidor do colar da Figura 11 e o componente C - em formato de palma - como parte no colar da Figura 12.

Fonte: Acervo do Museu Histórico Nacional.

Figura 11 Colar de ferro à venda no site 1stDibs (Ref. LU321038592). O colar é formado por peça central maior e a repetição de peças iguais ao componente B do colar do Museu Histórico Nacional (Ref. 13223).

Fonte: 1stDibs1STDIBS. Jewelry & Watches. New York, [20-]. Disponível em: <Disponível em: https://bit.ly/2OsHymt >. Acesso em: 19 fev. 2019.
https://bit.ly/2OsHymt... ([20-]).

Figura 12 Colar de ferro do acervo do Musée Le Secq des Tournelles (Ref. LS2003_1_418). O colar é formado por peça central com pingentes e o permeio entre elemento repetidor em forma de lira e de peças iguais ao componente C do colar do Museu Histórico Nacional.

Fonte: Acervo do Musée Le Secq des Tournelles.

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Museu Paulista, Universidade de São Paulo Rua Brigadeiro Jordão, 149 - Ipiranga, CEP 04210-000, São Paulo - SP/Brasil, Tel.: (55 11) 2065-6641 - São Paulo - SP - Brazil
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Tem pós-doutorado em História da Ciência e Tecnologia, no Núcleo de Estudos Históricos de Artefatos da Ciência e Tecnologia, Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Doutora em História Comparada, pelo Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ministra as disciplinas de História e Projeto de Design, e Design de Adornos Pessoais no curso de graduação em Design na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). E-mail: <irinaa@uol.com.br>.