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Patrimonialização e gentrificação: causa e consequência? O bairro do Marais, em Paris1 1 O artigo é produto da pesquisa de doutorado, realizada entre os meses de setembro de 2021 e fevereiro de 2022, em Paris, com financiamento do Programa Institucional de Internacionalização da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) (Edital nº 15/2020 - PrInt USP/Capes). A elaboração do trabalho contou, também, com o indispensável apoio do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), através do Prof. Dr. Paulo César Garcez Marins, orientador da pesquisa, e do Laboratoire Histoire culturelle et sociale de l'art (HiCSA) da Université Paris 1, por meio do professor Dominique Poulot; com a cooperação da pesquisadora Isidora Stankovic; com a leitura interessada e crítica dos arquitetos Dalmo Vieira Filho e Leo Orellana e do geógrafo Alain Bourdin; e com o precioso interesse da amiga Marie-Thérèse Cerf em todas as etapas.

Heritagization and gentrification: cause and consequence? The Marais district, in Paris

RESUMO

O bairro do Marais, em Paris, foi um dos primeiros a ser reconhecido como secteur sauvegardé, denominação conferida a uma área urbana de valor patrimonial especialmente protegida pela legislação francesa a partir de 1962. Desde então, avolumam-se as críticas às transformações sofridas pelo bairro, e, no cenário internacional, o Marais é, muitas vezes, adotado como exemplo de um processo de patrimonialização que conduziu à gentrificação do local. Nesse sentido, este artigo discute o binômio patrimonialização/ gentrificação a partir do caso do Marais, apresentando o processo de preservação do bairro no contexto de criação da lei Malraux, em 1962; a evolução do conceito e dos instrumentos de conservação do patrimônio urbano ao longo de mais de 50 anos; e a dinâmica urbanística de Paris, uma capital patrimonializada, turística e “gentrificada”. Para isso, são utilizados dados empíricos que mostram a situação do Marais dentro das mudanças demográficas e socioeconômicas vivenciadas pela capital francesa. Propõe-se, ao mesmo tempo, uma discussão sobre o conceito de gentrificação e sua apropriação generalizada para caracterizar qualquer processo de transformação socioeconômica que implique o incremento da parcela mais rica da população, ou, ainda, como uma consequência perversa de qualquer intervenção urbanística.

PALAVRAS-CHAVE:
Patrimônio urbano; Gentrificação; Secteur sauvegardé; Marais

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