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Praça do Derby, o pitoresco jardim recifense

Derby’s square, the picturesque garden of Recife

RESUMO:

A Praça do Derby é um relevante espaço público do Recife, reconhecido como jardim histórico e patrimônio cultural brasileiro devido à intervenção de Burle Marx nos anos 1930. No entanto, sua construção remonta à década de 1920, período de modernização da cidade, pouco tendo se discutido, até o momento, sobre sua concepção inicial. Neste artigo busca-se contribuir para o processo historiográfico da Praça do Derby, com foco principalmente nas décadas de 1920 e 1930, que abrangem desde sua construção até a remodelação de Burle Marx. Para isso, foi adotada a técnica de documentação indireta, utilizando fontes primárias escritas e visuais ainda não discutidas ou publicadas, o que permite investigar, registrar, analisar e interpretar os acontecimentos, além de formular uma nova narrativa. Por meio desta pesquisa, entende-se que a Praça do Derby pode ser interpretada como um palimpsesto, no qual os elementos dos diferentes períodos que compõem sua história também são responsáveis por evidenciar esse jardim como patrimônio cultural.

PALAVRAS-CHAVE:
Conservação; Historiografia; Jardim Histórico; História Urbana; Recife

ABSTRACT:

Derby Square is a relevant public space in Recife, recognized as a historic garden and Brazilian cultural heritage due to Burle Marx’s intervention in the 1930s. However, its construction dates back to the 1920s, the period of modernization of the city, with scarce discussions, until now, about its initial design. This article aims to contribute to the historiographical process of Derby Square, focusing mainly on the 1920s and 1930s, ranging from its construction to Burle Marx’s remodeling. To this end, the technique of indirect documentation was adopted, using primary written and visual sources not yet discussed or published, allowing an investigation, recording, analysis, and interpretation of events and the formulation of a new narrative. With this research, it is understood that Derby Square can be interpreted as a palimpsest, in which the elements of the different periods that make up its history are also responsible for highlighting this garden as cultural heritage.

KEYWORDS:
Conservation; Historiography; Historic Garden; Urban History; Recife

INTRODUÇÃO

Reconhecido por ser um emblemático espaço livre público no tecido urbano recifense, a Praça do Derby – denominada inicialmente de Parque do Derby – permanece presente na história da cidade há um século. Margeada pelas avenidas Conde da Boa Vista, Caxangá e Agamenon Magalhães – principais eixos de conexão viário do Recife –, a Praça do Derby se configura como um espaço de confluência e interligação das cidades circunvizinhas que formam a Região Metropolitana do Recife. Atuamente ainda se caracteriza como um ponto de encontro social, seja para atividades de lazer, seja como palco de eventos políticos do estado.

Diante de sua importância histórica, a praça é reconhecida como jardim histórico pela Prefeitura do Recife, sobretudo por expressar o paisagismo moderno devido à atuação, no projeto de remodelação, do paisagista Roberto Burle Marx enquanto chefe do Setor de Parques e Jardins da Diretoria de Arquitetura e Urbanismo do Governo do Estado de Pernambuco, entre 1934 e 1937. 1 1 Cf. Silva, Ferreira e Silva ( 2021 ). Além disso, e pelo mesmo motivo, desde 2017 é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como patrimônio cultural brasileiro, inscrita nos Livros de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; Histórico; e das Belas Artes.

Apesar de sua importância e classificação enquanto jardim histórico, a Praça do Derby continua a enfrentar os impactos das intervenções contemporâneas, como a redução de sua área para ampliação do sistema viário, o desligamento de fontes, o corte e a substituição de vegetação, e a má conservação de seu mobiliário – bancos, esculturas e luminárias. Muitos estudos acerca da história desse jardim – material essencial para a conservação patrimonial, conforme destacam Catalano e Panzini 2 2 Catalano e Panzini ( 1990 ). – estão focados no período de modernização da década de 1930, atrelado a Burle Marx. Até o momento pouco se explorou o período de sua concepção, na década de 1920, que igualmente evidencia a importância desse espaço como representante do processo de modernização do Recife desde o início século XX.

A Praça do Derby se situa na história urbana do Recife em um momento global de diversas transformações na concepção e no desenvolvimento das grandes cidades. Entre o fim do século XIX e o início do XX ocorreu uma significativa mudança na configuração espacial das cidades e na organização da vida urbana. Esse período foi caracterizado pela redefinição dos espaços compartilhados, que passaram a adotar novos padrões de higiene, segurança e conforto, bem como pela transformação na relação entre a cidade e o meio natural. 3 3 Cf. Correia ( 1999 ).

A reforma urbanística de Paris, desenvolvida por Georges-Eugène Haussmann entre 1853 e 1870, que transformou a cidade em uma nova metrópole europeia, foi fundamental para as mudanças ocorridas nas principais cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e Recife. Nos primeiros anos do século XX, esse plano de urbanização influenciou não apenas a remodelação urbana de um Recife até então caracterizado pelo seu traçado colonial, mas também a implantação de projetos paisagísticos para seus espaços livres públicos. 4 4 Cf. Santos ( 2019 ). Logo após a reforma do Porto do Recife, realizada entre 1909 e 1917, os jardins passaram a ter um papel importante na dinâmica urbana da capital pernambucana, ampliando a ideia de que eles eram apenas locais de beleza e lazer, que dominaram a prática paisagística no século XIX.

A criação de parques foi um elemento importante no processo de urbanização em todo o país, o que incluiu melhorias urbanas e a formação de espaços públicos seculares, rompendo com as antigas práticas religiosas realizadas nos espaços livres coloniais. No entanto, o embelezamento de campos, largos, praças e campinas ocorreu em diferentes contextos, muitas vezes associado à presença de engenheiros estrangeiros no Brasil e a conjunturas econômicas específicas. Com o tempo, as funções dos jardins públicos foram gradualmente ampliadas, de obras de embelezamento e recreação para meios de higienização da cidade. 5 5 Cf. Silva ( 2007 ).

Na década de 1920, o Recife vivenciou um período de grande produção paisagística, durante a gestão conjunta do prefeito Antonio de Goés (1922-1925) e do governador Sergio Teixeira Lins de Barros Loreto (1922-1926). Esse momento histórico marcou a criação de diversos parques que hoje compõem o legado paisagístico da cidade, dentre eles o então Parque do Derby. 6 6 Ibid .

Muitos elementos que permanecem na Praça do Derby datam dos anos 1920, originais de sua concepção, respeitados por Burle Marx em seu projeto de remodelação e entendidos, hoje, como componentes desse jardim histórico. Como afirma Waisman, 7 7 Waisman ( 2013 ). a história está sempre sendo reescrita, dada a impossibilidade de um único registro conter a totalidade de fatos e acontecimentos. Com o auxílio da historiografia é possível compreender os fatos a partir de novas releituras da matéria tratada, organizando e articulando ideias que dão sentido ao panorama traçado. Dessa forma, objetiva-se, com este artigo, contribuir para o processo historiográfico da Praça do Derby, focalizando principalmente as décadas de 1920 e 1930, que abrangem desde sua construção até a remodelação de Burle Marx.

Considerado um documento histórico, o jardim é muito mais do que um simples espaço verde, porque cada elemento dele carrega consigo um testemunho sobre sua construção e evolução ao longo do tempo. 8 8 Cf. Rojo e Porcel ( 1999 ). Como um palimpsesto, 9 9 Em um dos primeiros artigos publicados na Itália sobre o restauro de jardins históricos, Desideria Pasoline dall’Onda em “Restauto del verde storico nella pianificazione del territorio”, de 1975, sintetiza bem o quanto é complexo trabalhar com o elemento vegetal de forma a manter o caráter projetual, e afirma: “Assim, a partir da realidade de hoje, o jardim no curso dos séculos sofreu várias sobreposições e metamorfose vegetal o que podemos deduzir que é necessário observa-lo e estuda-lo quase como um palimpsesto” (1975, p. 30). Nesse sentido, o palimpsesto no jardim histórico é entendido como uma sobreposição de camadas ao longo do tempo – umas mais visíveis que outras – e que devem ser lidas para uma efetiva ação de conservação, principalmente no processo de restauro, em que se deve escolher o tempo histórico a restaurar de forma a não cometer um falso artístico e/ou falso histórico. Assim, autores como Mario Catalano e Franco Panzini ( 1990 ), Carmen Añón-Feliú ( 1993 ), Katie Fretwell ( 2001 ), Saúl Alcántara Onofre ( 2002 ), Maria Adriana Giusti ( 2004 ) e Joelmir Marques da Silva ( 2020 ), ao tratarem da conservação de Jardins Histórico, corroboram esse entendimento. a vegetação escolhida e os ornamentos e acessórios que compõem o jardim remetem a uma determinada época, a uma cultura e a uma sociedade específica. O jardim se apresenta como um museu vivo, pois é capaz de expressar não apenas as ideias de um paisagista, mas toda uma passagem da história que reflete a sociedade e a cultura nas quais estava inserido, expressando o processo histórico de construção do espaço. 10 10 Cf. Añón-Feliú, op. cit.

Além disso, o jardim é um espaço em constante criação, já que é modificado e aprimorado de acordo com as necessidades e desejos de cada época. Essa capacidade de mudança e evolução é o que permite que o jardim continue a ser relevante e significativo ao longo do tempo. Entender cada camada que compõe esse palimpsesto do jardim é imprescindível no processo de sua conservação, pois permite compreender a ideia de quem o concebeu e suas modificações ao longo do tempo. 11 11 Cf. Silva ( 2020 ).

A partir de tal entendimento, para a escrita deste artigo, se adotou a técnica de documentação indireta, em que foram utilizadas fontes primárias escritas e visuais ainda não discutidas e inéditas, conduzindo a uma investigação, registro, análise e interpretação dos fatos ocorridos e a uma formulação de uma nova narrativa. 12 12 Cf. Best ( 1972 ). Dentre os documentos escritos, trabalhou-se com documentações governamentais encontradas nos acervos da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e da Companhia Editora de Pernambuco, a exemplo da fala do governador Sergio Teixeira Lins de Barros Loreto no Congresso Legislativo ( 1926PERNAMBUCO. Mensagem apresentada ao Congresso Legislativo em 7 de setembro de 1926, pelo Dr. Sergio Loreto, governador do Estado de Pernambuco. Recife, Sessão 3, legislatura 12, 1926. ); dos jornais de circulação diária, dentre eles A Província ( 1925CONGRESSO DO ESTADO. Camara dos Deputados. A Provincia, Recife, p. 1, 8 abr. 1925. ), Diario de Pernambuco ( 1924aEXPOSIÇÃO Geral de Pernambuco. Diario de Pernambuco, Recife, p. 1, 29 ago. 1924a. a 1930FESTAS. Diario de Pernambuco, Recife, p. 4, 2 nov. 1930. ), Jornal do Recife ( 1924bEXPOSIÇÃO Geral de Pernambuco. Jornal do Recife, Recife, p. 2, 20 set. 1924b. ), Jornal do Brasil ( 1928O EMBELLESAMENTO dos jardins de Recife. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 nov. 1928. ) e Diario da Manhã ( 1931A PROPOSTA da remodelação do Bairro de Santo Antonio. Diario da Manhã, Recife, p. 1, 29 jan. 1931. ), contendo, dentre outras informações, a opinião de intelectuais da época, por exemplo Gilberto Freyre. Também foram utilizados a Revista de Pernambuco ( 1924A ACTIVIDADE do Departamento de Obras Publicas. As obras do Parque do Derby. Revista de Pernambuco, Recife, ano 1, n. 3, set. 1924. a 1925bO TERCEIRO anniversario do Governo. A parada escolar no Derby. Revista de Pernambuco, Recife, ano 2, n. 18, p. 29, dez. 1925b. ) e o Almanach de Pernambuco ( 1930ALMANACH DE PERNAMBUCO. Recife, ano 31, 1929. ), confrontando-se as informações com as referidas falas e memoriais descritivos dos projetos da Praça do Derby. Além disso, as iconografias – dentre elas as gravuras, fotografias e plantas baixas – coletadas nos acervos de pesquisa histórica – como Fundação Joaquim Nabuco e do Museu da Cidade do Recife –, auxiliaram na confrontação das evidências textuais.

NOTAS HISTORIOGRÁFICAS

O crescimento do setor industrial e econômico, associado à notoriedade política que o estado de Pernambuco vivenciou durante a década de 1920, se manifesta no Recife como um momento de ruptura com a tradição. A capital assumiu uma perspectiva de modernização, adotada pelas principais metrópoles ao redor do mundo, sempre pautadas pela melhoria da moradia e da infraestrutura urbana, buscando alcançar a urbanidade do século XX.

Diante desse contexto, o bairro do Derby surge como resposta à expansão da cidade do Recife em busca de melhor habitabilidade. Elaborado durante a gestão do governador Sérgio Teixeira Lins de Barros Loreto, e executado pelo Departamento Geral de Viação e Obras Públicas, o plano urbanístico do bairro do Derby contou com aterro, ajardinamento e loteamento da antiga Campina do Derby em 1924, seguindo a perspectiva de verde sanitário e verde decorativo, difundido à época pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito. A matéria “Sobre o parque do Derby”, publicada no Diario do Estado e republicada no Diario de Pernambuco de 1924, mostra ao leitor os esforços realizados para converter a área do Derby em um lugar saudável:

Marcham intensamente as obras do Parque do Derby. Quem quer que visite, hoje, aquelle grande melhoramento terá a mais agradavel impressão.

O esforço de um trabalho contínuo e ordenado conseguiu eliminar de nossa área urbana os pântanos que infectavam a velha campina , transformada, agora, em lindo parque , cheio de attracções, aformoseado por pérgolas e vascas artísticas , onde dentro em pouco, > ao envez das contaminações paludicas, que ali, se faziam temer, poderemos aspirar brisas salutares.

[…] Não é só um melhoramento de ordem meramente esthetica, senão uma imprescindível necessidade hygienica , o aproveitamento do Derby.

Desde a Avenida “18 de Outubro”, que dá acsesso ao lindo parque até ao imponente edifcio que lhe empresta um aspecto grandioso e empolgante, tudo já se encontra em via de conclusão. As alamedas transversaes recebem, depois de devidamente comprimidas, “moinha” de pedra, enquanto são plantadas em toda a area do parque acacias e “ficus”. 13 13 Sobre o Parque… ( 1924 , p. 2).

Vale salientar que a Campina do Derby, adquirida pela Prefeitura do Recife por Rs 500$000 (500 mil réis), tinha uma extensão de 235.380 metros quadrados. 14 14 Pernambuco ( 1926 ). Dentre os principais equipamentos construídos, o Parque do Derby se destacou como elemento principal do plano, presente até hoje no traçado urbano do Recife como um espaço emblemático que caracteriza esse tempo de modernização da década de 1920.

Toda a perspectiva em torno do verde sanitário e decorativo estava atrelada às intenções governamentais, tanto estadual como municipal, que, no início década de 1920, propuseram para o Recife um grande plano de arborização. Gilberto Freyre considerou essa proposta uma restauração oportuna e entendia que o “interesse pelo problema da arborização, da parte do atual governo de Pernambuco, é das mais simpáticas tendencias desse governo, cujo ritmo tem sido um intenso ritmo de trabalho” 15 15 Freyre ( 1924 , p. 2). .

O atual governo de Pernambuco pode ser considerado dos mais amigos das árvores: ao Recife, nestes dois anos, muito se tem feito para reduzir o horrível da calvície e restaurar a cabeleira antiga […]. O governo atual trouxe a respeito das árvores um programa de restauração. Neste sentido, o prefeito Antonio de Góes representa uma reação feliz. 16 16 Ibid ., p. 2, grifo nosso.

O projeto do Parque do Derby integrou o Plano Geral de Melhoramentos dos Terrenos do Derby. O plano, sob a responsabilidade do Departamento Geral de Viação e Obras Públicas – que depois passou a se chamar Diretoria de Viação, Obras Públicas e Oficinas –, custou aos cofres públicos Rs 1.841:830$000 (mil oitocentos e quarenta e um contos, oitocentos e trinta mil réis) e abarcou também o aterro, a drenagem, a construção do canal, a dragagem, o arruamento e o calçamento em asfalto e em paralelepípedo de toda a campina. 17 17 Pernambuco ( 1924 ). Vale ressaltar que no plano já aparece a indicação do local onde seria construído o Quartel Central da Força Pública ( Figura 1 ).

Figura 1
- Plano Geral de Melhoramento dos Terrenos do Derby, do lado esquerdo proposta de 1925 [Departamento Geral de Viação e Obras Públicas] e do lado direito de 1926 [Diretoria de Viação, Obras Públicas e Oficinas]. Esc. 1:1000.

Nesse momento, destaca-se a contribuição do médico sanitarista Amaury de Medeiros em decisões projetuais, principalmente no que diz respeito à vegetação do parque. Amaury de Medeiros “teve a ideia feliz de trazer do Rio [Rio de Janeiro] centenas de árvores hoje disseminadas no Recife. Reviveram nesse seu gesto o bom senso e o bom gosto de Maurício [Maurício de Nassau]” 18 18 Op. cit. , p. 2. . Em uma matéria no Diario de Pernambuco , de 3 de dezembro de 1931, em homenagem ao terceiro ano da morte de Amaury de Medeiros, consta:

No parque do Derby também se fez sentir a sua ação inteligente. A maior parte das árvores ali plantadas foi por inspiração sua. Foi dele a ideia de encher o parque com árvores decorativas, como as acácias amarelas [ Cassia sp.] e vermelhas, como “os flamboyants” [ Delonix regia ] , como os paus-d’arco [ Tabebuia sp.; Handroanthus sp]. E as filas de palmeiras obedeceram também às suas sugestões. 19 19 Vida urbana… ( 1931 , p. 3).

Gilberto Freyre, ao relatar os feitos de seu grande amigo, diz que o Parque do Derby é “uma viva e vibrante recordação de Amaury”. “Lembro-me de quem o planejou, o então jovem dirigente, rapazola de vinte e poucos anos”, tudo isso com respaldo de seu tio, o então prefeito do Recife Antônio de Góis Cavalcanti. “Realizou Amaury de Medeiros o Derby – jardim com palmeiras e árvores esplendidamente tropicais: as que vão agora atingindo o seu melhor viço de árvores balzaquianas” 20 20 Freyre ( 1955 , p. 4). .

As ações de Amaury de Medeiros nos espaços públicos não são de se estranhar, já que sempre esteve envolvido em questões urbanísticas, devido às obras sanitárias da época em que atuou como chefe do Departamento de Saúde e Assistência de Pernambuco, no governo de Sergio Loreto, seu sogro. “Foi Amaury de Medeiros quem valorizou a construção neocolonial, promovendo a edificação de vários prédios na arquitetura tradicional. Foi ele também um amimador dos parques e jardins urbanos” 21 21 Op. cit ., p. 3. .

Na referida matéria ainda consta que Amaury de Medeiros acompanhou os delineamentos e a construção do jardim do Departamento de Saúde e Assistência de Pernambuco, também conhecido como Praça Oswaldo Cruz, sendo dele o projeto da vasca, que visou “aproveitar a depressão do terreno” e salvar “os coqueiros [ Cocos nucifera ] tão pernambucanos que velam hoje com o salgueiro [ Salix sp.] o busto que seus amigos ali construíram” 22 22 Ibid . , no caso o busto do médico Oswaldo Cruz.

A inauguração do Parque do Derby se deu no dia 18 de outubro de 1924. Merecem destaque a construção, na face direita do parque, de um grande lago, que constituía a ilha dos amores, e uma pérgola no estilo dórico, enquanto na face esquerda foram propostas uma vasca e uma pérgola no estilo coríntio. O parque, que custou aos cofres públicos um total de Rs 1.279:142$350 (mil duzentos e setenta e nove contos, cento e quarenta e dois mil e trezentos e cinquenta réis), tornou-se o logradouro mais pitoresco da cidade do Recife, com “extensão de 200 m de fundo e 140 de frente” 23 23 As obras… ( 1924a ) e Pernambuco ( 1925 ). ( Figura 2 ). Nesse momento, o Parque do Derby, tendo como destaque o prédio destinado ao Quartel Central da Força Pública, recebeu a abertura da Exposição Geral de Pernambuco, um importante evento para evidenciar a passagem do segundo ano da “profícua administração do sr. Sergio Loreto […] [, que] atestará o grau do nosso desenvolvimento agrícola e industrial, nossa capacidade produtiva [...] 24 24 A exposição… ( 1924a , p. 2). ” ( Figura 3 ).

Figura 2
- “Uma vista de conjuncto do Parque do Derby, lindo jardim em que a administração actual transformou os terrenos alagadiços em um velho prado”.

Figura 3
- Vista geral do Parque do Derby no momento da realização da Exposição Geral de Pernambuco.

No tocante ao processo de urbanização, é só em dezembro de 1924 que o Departamento Geral de Viação e Obras Públicas abre o edital de venda dos lotes de terrenos do “grande Parque do Derby, ora valorizados com o admirável serviço de saneamento […]. Na realidade, se um local existe que reúna as condições de salubridade, a graça e o encanto da paisagem há de ser o Derby. E é, por isso, que os terrenos reservados para habitações particulares vão ser disputados com o mais vivo interesse” 25 25 Jornaes de hontem ( 1924 , p. 2). .Vale salientar que nesse momento as obras de aterro ainda não estavam concluídas.

Nesse contexto, um dos lotes – ao lado do Quartel Central da Força Pública –, de quarenta metros de frente por oitenta metros de fundo, foi doado, por meio do Parecer nº 31 da “Comissão de Instruccção e Saude Publica”, sendo apresentado na 21ª Sessão Ordinária do “Congresso do Estado – Câmara dos Deputados”, realizada no dia 8 de maio de 1925, para a construção da Faculdade de Medicina, Farmácia e Odontologia. A doação foi devidamente sancionada pelo governador Sergio Loreto e, no dia 20 maio de 1925, ocorreu a cerimônia do assentamento da primeira pedra do edifício. O projeto da faculdade ficou à cargo do arquiteto Giacomo Palumbo e a construção foi realizada pela Construtora J. Brandão & Magalhães. Por fim, a Faculdade foi inaugurada em 27 de março 1927 26 26 Congresso do Estado… ( 1925 , p. 1), Faculdade de Medicina… ( 1925 ) e Kelner ( 1997 ). ( Figura 4 ).

Figura 4
- Recorte do Plano Geral de Melhoramento dos Terrenos do Derby de 1926 [Diretoria de Viação, Obras Públicas e Oficinas], em azul lote destinado à Faculdade de Medicina, Farmácia e Odontologia e em amarelo o Quartel Central da Força Pública. Esc. 1:1000.

Tais ações concorreram para que o Plano Geral de Melhoramentos dos Terrenos do Derby de 1924 passasse por várias modificações, sendo revisto em 1925 e em 1926. O projeto paisagístico adotava uma combinação de elementos do jardim francês e inglês, utilizando um traçado rígido para expressar o domínio do homem sobre a natureza, com alamedas e arborização densa, além de incorporar elementos do mobiliário romântico. Tudo isso visava controlar e regular a cidade, tornando-a mais saudável, sem deixar de lado a ideia de um espaço de recreação e embelezamento 27 27 Cf. Sá Carneiro e Silva ( 2007 ). (Figuras 5 e 6 ).

Figura 5
- “A parada escolar no Derby”. Parque do Derby, 1925. Pode-se ver o traçado rígido ao gosto francês e sua relação direta com o Quartel Central da Força Pública.

Figura 6
- “Ilha dos amores”. Plantas, água e blocos de rochas dão ao local um aspecto romântico característico do jardim inglês.

A Revista de Pernambuco de agosto de 1924 e o Diario de Pernambuco de outubro de 1924, nas seções respectivamente intituladas “As obras do Parque do Derby” e “A exposição”, apontam as intenções projetuais de ajardinamento e mostram algumas alterações do projeto original realizadas durante o processo de sua execução.

Os trabalhos em execução, no vasto “Parque do Derby” prosseguem intensamente. Modificadas as linhas gerais do plano organizado pelo Departamento de Viação e Obras Públicas, um novo aspecto de mais agradável feição estética e melhor acabamento pratico revelará aquele futuro logradouro público . Os dois lagos da referida planta não mais serão executados. A arborização, que será iniciada, em breve, segundo um plano, irá emprestar uma feição encantadora e original. 28 28 As obras do Parque… ( 1924c , p. 40, grifo nosso).

O ajardinamento do parque mereceu cuidados solícitos. Abrange todo o comprimento do prédio do quartel e prolonga-se a entrada da ponte sobre o canal . É constituído de grandes canteiros de variadas e caprichosas formas, plantados com grama fina, entre os quais ficam colocados elegantes caramanchões. Foram disseminados por todo parque numerosos exemplares de figo benjamim [ Ficus benjamina ], acácias [ Acacia sp.] e outras árvores ornamentais . Há ainda de salientar no Derby o efeito de duas elegantes pérgolas, uma em estilo dórico e outra, em coríntio, além da ilha dos amores , de um fino frescor pitoresco, que se eleva em meio a um lago artificial. 29 29 A exposição… ( 1924a , p. 2, grifo nosso)

As pérgolas, que chamavam tanto a atenção dos munícipes, assumiram também a função de caramanchões, utilizando a bougainville ( Bougainvillea sp.) para dar nota colorida ao local. Além dessa questão, a pérgola em estilo dórico também foi usada para as exposições de flores, como podemos ver na matéria “A exposição…Flores e Plantas”, publicada no Diario de Pernambuco de 26 de outubro de 1924. 30 30 Id ., 1924b , p. 3.

A pérgola em estilo dórico, em forma de cruz de malta, foi projetada com nove metros de raio, contando com doze colunas de três metros de altura para suportar um entalhamento e a coberta feita de caibros, usada para suporte da vegetação. Já a pérgola em estilo coríntio foi projetada com doze colunas em formato semicircular, com sete metros de raio. As colunas, de duas em duas, foram utilizadas como suporte para os entablamentos usados como jardineiras e, para unir cada par de colunas, foram empregados na parte superior caibros serrados e, na parte inferior, uma balaustrada 31 31 Almanach de Pernambuco ( 1929 ). (Figuras 7 e 8 ).

Contudo, no meio político e cultural recifense, as pérgolas não foram bem aceitas. Gilberto Freyre considerava os jardins que as possuíam como “cenográficos com ‘ruínas’ inventadas como as que levantaram seus técnicos em arte, esta sim necrófila, digna de repulsa”. Freyre ainda comenta que Amaury de Medeiros concordava com ele e entendia que seu tio (Antônio de Góis Cavalcanti, então prefeito do Recife), nesse particular, estava desorientado. 32 32 Freyre ( 1955 , p. 4).

Figura 7
- “A pergola do Derby”. Pérgola em estilo dórico como suporte para as bougainvilles [ Bougainvillea sp.]. Nota-se também os bancos em estilo art nouveau , ao lado direito.

Figura 8
- “Aos domingos depois do almoço, o Derby é o scenario para os grupos familiares”. Pérgola em estilo coríntio como suporte para as bougainvilles [ Bougainvillea sp.]. Nota-se também os bancos em estilo art nouveau acompanhando o semicírculo da pérgola.

Apesar das notícias anteriores que indicavam que as obras dos dois lagos – a Vasca e a Ilha de Pedregulhos, também conhecida como Ilha dos Amores – não seriam mais realizadas. Constatou-se, por meio de matérias jornalísticas e iconografias publicadas em importantes jornais e revistas da época, que as obras foram de fato implementadas e mantidas (Figuras 9 e 10 ). Essa constatação pode ser comprovada pelas matérias da Revista de Pernambuco de setembro de 1924, 33 33 A actividade do Departamento… ( 1924 ). novembro de 1924, 34 34 Os terrenos do Derby ( 1924 ). dezembro de 1924, 35 35 Uma obra administrativa… ( 1924 ). novembro de 1925 36 36 O terceiro anniversário… ( 1925a ). e dezembro de 1925, 37 37 Id ., 1925b . pelo Diario de Pernambuco de outubro de 1924 38 38 Freyre ( 1924 ). e pelo Fon Fon: Semanario Alegre, Politico, Critico e Espusiante de julho de 1925. 39 39 Pernambuco ( 1925 ). Tais equipamentos apontados nas intenções projetuais e devidamente executados, como comprovado anteriormente, podem ser vistos desenhados na planta baixa do Parque do Derby presente no Plano Geral de Melhoramento do Terrenos do Derby de 1925 e 1926, que representa graficamente o que foi executado no ano de 1924.

Outros mobiliários que identificavam a paisagem do Parque do Derby também merecem destaque, como os bancos, com e sem encosto, que apresentavam motivos da fauna e flora; os jarros desenhados em estilo art nouveau e distribuídos por toda a extensão do parque; assim como duas estatuetas, que foram dispostas de um lado e de outro à entrada 40 40 Almanach de Pernambuco ( 1929 ). (Figuras 11 , 12 , 13 e 14 ). Além desses equipamentos, observa-se, a partir das fotografias de época, a importância das luminárias como elementos compositivos do ajardinamento, reforçando a ideia de modernização e urbanidade que o projeto propunha ( Figura 14 ).

Figura 9
- A vasca da Praça do Derby, vê-se no canto inferior direito. Praça do Derby a voo de Pássaro, década de 1930.

Figura 10
- “Os lindos aspectos da cidade. A ilha dos amores”. Praça do Derby e em segundo plano o Quartel da Polícia Militar.

Figura 11
- Praça do Derby, década de 1930. Pode-se ver, entre indivíduos de ficus-benjamina ( Ficus benjamina ), os bancos sem encosto com motivos da fauna e flora.

Figura 12
- “A pontesinha da Ilha dos Amores, no novo bairro do Derby”. Destaque para o banco com encosto com motivos da fauna e flora.

Figura 13
- “Um beijo na Ilha dos amores, no Derby”. Em segundo plano e a esquerda vê-se um dos jarros desenhados em estilo art nouveau .

Figura 14
- Praça do Derby, década de 1930. Jarros desenhados em estilo art nouveau .

A iluminação do Parque do Derby foi projetada pelo Engenheiro Antonio de Souza, encarregado da seção elétrica da empresa Pernambuco Tramways & Power Company Limited. 41 41 Exposição Geral de Pernambuco ( 1924a , p. 1). A implementação do projeto teve início em setembro de 1924, quando postes e lâmpadas foram distribuídos de forma equitativa por toda a área do parque 42 42 Id ., 1924b , p. 2. ( Figura 15 ).

Figura 15
- Praça do Derby. Em primeiro plano vê-se a implantação da iluminação e da arborização das calçadas que emolduram a praça. Em segundo plano o Quartel Central da Força Pública.

Estando o Parque do Derby em seu auge, o então governador Estácio Coimbra (1926-1930), por meio do secretário de Agricultura, solicita ao prefeito do Recife, Joaquim Pessoa Guerra (1926-1928), em 1927, que a conservação do parque fique sob a responsabilidade da municipalidade.

Estando o serviço de arborização e jardinagem da cidade confiado a essa prefeitura , e como sei que V. Ex.ª muito se interessa pelo embelezamento de nossa capital, já tendo dado as mais inequívocas provas nesse sentido, entendi que seria uma medida bem acertada solicitar a V. Ex.ª a fineza de tomar sob a guarda dessa Prefeitura o Parque do Derby, cuja conservação está até agora confiada à Repartição de Viação e Obras Públicas . 43 43 Arborização da cidade ( 1927 , p. 1, grifo nosso).

De forma a garantir a conservação dos jardins da cidade do Recife, bem como a atuar na remodelação de tantos outros e na arborização urbana – com um caráter mais brasileiro e inteligente –, o então prefeito Francisco da Costa Maia (1928-1930) contrata o engenheiro agrônomo e jardineiro arquiteto Hermann Jukus Palli. Em passagem pelo Parque do Derby, Hermann teve ótima impressão do plantio das acácias ( Cassia sp.) e das palmeiras-imperiais ( Roystonea oleracea ). 44 44 O embellesamento dos jardins… ( 1928 ).

Para conhecer melhor a vegetação empregada no Parque do Derby, analisaram-se iconografias – pela técnica da fotointerpretação –, bem como relatos do chefe de governo e matérias jornalísticas da época, abarcando as décadas de 1920 e 1930. Assim, foram identificadas as seguintes espécies: agave ( Agave angustifolia ), olho-de-pombo ( Adenanthera pavonina ), bougainville ( Bougainvillea sp.), mandacaru ( Cereus jamacaru ), ficus ( Ficus benjamina ), pandanus ( Pandanus utilis ), tamarindo ( Tamarindus indica ), flamboyant ( Delonix regia ), mangueira ( Mangifera indica ), tipuana ( Tipuana tipu ), palmeira-imperial ( Roystonea oleracea ) e areca-bambu ( Dypsis lutescens ), cássia-amarela ( Cassia ferruginea ), cássia-rosa ( Cassia javanica ), ipê ( Handroanthus sp.), palmeira-leque-da-china ( Livistona chinensis ) e coqueiro ( Cocos nucifera ). Essas espécies assumem um padrão, em sua maioria, como exóticas, então na “moda’ à época, e de crescimento rápido.

No início da década de 1930 o Parque do Derby ainda seguia com todo seu esplendor, passando a contar com playground instalado pela prefeitura em 15 de agosto de 1930, 45 45 A actuação profícua… ( 1930 ). prometido aos munícipes desde 1929. “Como tem sempre sucedido desde a inauguração dos brinquedos que a prefeitura, em boa hora, ali instalou […]. o Parque do Derby encheu-se antes de ontem de numerosas crianças que, acompanhadas de seus familiares, deram nota alegre da tarde” 46 46 Festas ( 1930 , p. 4). . Ressalta-se que muitos equipamentos infantis vieram da “Europa e outros foram confeccionados, a vista do catálogo, nas oficinas da Prefeitura. São divertimentos infantis próprios para jardins e muito usados nas principais cidades dos Estados Unidos e da Europa, e que, aplicados aqui, tem constituído o encanto da petizada” 47 47 Brinquedos para crianças… ( 1930 , p. 8). .

Contudo, pouco durou o momento de glória do Parque do Derby, pois em janeiro de 1931 já se encontravam publicados nos principais jornais locais relatos do processo de seu abandono. Tal situação logo inquietou a população recifense, visto que em tão breve tempo se tornou um local de significativa importância e destaque como espaço livre público da cidade. Dentre essas notícias jornalísticas destaca-se a do Diario da Manhã de 29 de janeiro de 1931, apontando que o “Recife é uma cidade (e sobretudo uma cidade tropical) sem parques nem jardins de importância. A não ser a tentativa do parque do Derby, tudo mais não passa, nesse gênero, de pequenos canteiros pretenciosos e meia dúzias de árvores mal plantadas e malcuidadas” 48 48 A proposta da remodelação… ( 1931 , p. 1). .

Como é possível observar, tais denúncias sobre a falta de conservação abarcavam todos os parques, praças, jardins e vias arborizadas do Recife, tornando-se uma constante nos principais jornais da cidade durante a década de 1930. É nesse contexto que o paisagista Roberto Burle Marx, aos 25 anos de idade – muitas vezes chamado, nos jornais da época, de arquiteto-jardinista, urbanista, engenheiro, jardineiro oficial e arquiteto –, é convidado, em 1934, pelo então governador de Pernambuco Carlos de Lima Cavalcanti (1930-1935), para assumir o Setor de Parques e Jardins da Diretoria de Arquitetura e Urbanismo e repensar tais espaços livres públicos da cidade, como destacado na matéria “Cousas da cidade: os jardins do Recife” publicada no Diario de Pernambuco de 1935.

Vamos ver o que vai sair dos projetos do sr. Burle Marx sobre os jardins do Recife. Evidentemente, no meio de seus planos há muita literatura . Mas, há também coisas aceitáveis. O sr. Burle Marx quer aproveitar a flora local , o que é uma coisa extremamente simpática. E pretende realizar o que este jornal tem reclamado insistentemente durante anos a fio: um jardim tropical . O sr. Antonio de Góes não tinha menor bom gosto […]. em matéria de arborização ele só via uma coisa: o “fícus”. Em matéria de jardim, o “eucalipto” porque crescia depressa. E o resultado são os horrores de que o Recife está cheio. Acolhamos as reformas do sr. Burle Marx numa expectativa simpática. Si ele trazer os jardins, como o irmão rege sua orquestra, estamos de parabéns . 49 49 Cousas da cidade… ( 1935 , p. 2).

Tendo como princípios projetuais a higiene, a educação e a arte, Burle Marx foi responsável pelo Plano de Aformoseamento do Recife, que fazia parte de uma estrutura de modernização da cidade guiada pelos ideais de Luiz Nunes, então chefe da Diretoria de Arquitetura e Urbanismo. Uma de suas grandes preocupações ao pensar os jardins no Recife era dar à população um amplo serviço de ajardinamento público, em que pelo menos houvesse ar puro e relativa liberdade para passeios e repouso nas tardes quentes, uma vez que o Recife era uma cidade pobre e com a maioria da população morando em casinhas estreitas, sem ar, sem luz e sem conforto, 50 50 Cf. Marx ( 1987 ). além de disseminar a importância do uso das plantas nativas. Dessa forma, o paisagista conferiu aos seus jardins uma função social e ambiental, além de estética.

O período de profusão paisagística de Burle Marx no Recife da década de 1930, compreendendo de dezembro de 1934 a dezembro de 1937, configura-se como uma nova fase que pela qual o Recife passou em termos de modernização de seus espaços públicos, uma vez que é nessa época que nascem os primeiros jardins públicos de caráter moderno do Brasil. Com a implantação dessa nova feição de jardim, o caráter pitoresco do Parque do Derby é alterado em busca de uma perspectiva moderna, que segue os preceitos do momento artístico e social pelo qual o país passava. No entanto, a permanência dos elementos que marcaram os anos 1920 nesse espaço livre público ainda fazem ressoar o Recife do início do século XX, que merece ser registrado e rememorado até os dias atuais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo Catalano e Panzini, 51 51 Catalano e Panzini, op. cit. para compreender a história do jardim, sua arquitetura e composições formais, é preciso realizar uma investigação específica que considere os registros históricos existentes e relacionados aos diferentes momentos que envolveram a área verde ao longo do tempo. De acordo com Katie Fretwell, a especialista em jardins históricos:

Apenas quando nós compreendemos profundamente um jardim, sua história antiga, seu estado presente e como cada parte se relaciona com o todo, é que podemos começar a avaliar sua significância e elaborar recomendações para sua conservação. […] Há três principais aspectos interligados no trabalho de pesquisa acerca de um jardim – a pesquisa histórica, para elucidar seu passado; o trabalho de campo, para registrar o desenho atual e suas características; que também pode revelar vestígios e indícios para estudar o passado; análise dos achados e elaboração de suposições. As pesquisas deveriam ser holísticas, tanto em termos físicos ou materiais – o jardim e sua moldura, o ambiente em que está inserido, a relação com a edificação e a paisagem mais distante. 52 52 Fretwell, op. cit ., p. 63, 65.

A análise das fontes primárias textuais e visuais revelou como o Parque do Derby se consolidou enquanto um jardim emblemático da cidade do Recife desde o momento de sua concepção e como se configura até hoje enquanto um marco na paisagem recifense. Seu projeto paisagístico, idealizado entre 1924 e 1926, destaca o pensamento de uma época e um momento político-administrativo forte, que marcou o processo histórico da cidade, principalmente no âmbito de projetos que buscava a modernização e melhor urbanidade.

Mesmo após a remodelação realizada por Burle Marx em finais da década de 1930 – que até hoje configura-se como uma lacuna histórica, por não se saber até que ponto foi implementado, já que em 1937, momento em que o Parque do Derby entra em obras, o paisagista foi expulso do Recife por motivos políticos –, identificaram-se elementos do traçado, da vegetação e de ornamentos que remetem aos anos 1920.

Embora tenha sido um curto período estudado, percebeu-se que o Parque do Derby passou por momentos ora de prestígio, destacado principalmente pelos jornais e intelectuais da época, como um exemplar espaço livre público da cidade a ser replicado devido a seu caráter social, ora por momentos de falta de conservação, expressando a falta de entendimento de algumas gestões públicas quanto à importância dos espaços ajardinados como reflexo da modernização da cidade. No entanto, ainda diante de contrapontos em sua história, o Parque do Derby continuou sendo um espaço que reflete e rememora o caráter pitoresco do Recife.

Diante desse entendimento, ao qual se chegou a partir dos resultados obtidos nesta investigação, é possível afirmar que o Parque do Derby, hoje Praça do Derby, pode ser lido como um jardim em forma de palimpsesto. Aponta-se a necessidade de, posteriormente, continuar traçando essa narrativa histórica e desvelando essas camadas que reforçam sua importância como marco da modernização do Recife. Conforme afirmam Rojo e Porcel, 53 53 Rojo e Porcel, op. cit . o jardim deve ser como um documento vivo, pois reúne, além de sua origem, seu processo de construção e modificação ao longo do tempo, sendo, portanto, entendido como uma obra de arte aberta.

REFERÊNCIAS   Fontes impressas

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Livros, artigos e teses

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    » https://doi.org/10.18227/rct.v0i0.7010.
  • WAISMAN, Marina. O interior da história: historiografia arquitetônica para uso de latino-americanos. São Paulo: Perspectiva, 2013.
  • 1
    Cf. Silva, Ferreira e Silva ( 2021 SILVA, Pollyana Martins da; FERREIRA, Italo Cintra; SILVA, Joelmir Marques da. Por uma historiografia da praça do derby: um jardim histórico de burle marx. Revista de Ciência e Tecnologia, Boa Vista, p. 1-17, 2021. DOI: https://doi.org/10.18227/rct.v0i0.7010 .
    https://doi.org/10.18227/rct.v0i0.7010...
    ).
  • 2
    Catalano e Panzini ( 1990CATALANO, Mario; PANZINI, Franco. Giardini storici: teoria e tecniche di conservazione e restauro. Roma: Officina, 1990. ).
  • 3
    Cf. Correia ( 1999CORREIA, Telma de Barros. Comércio e lazer no início do século: o caso do derby no recife. Pos FAUUSP, São Paulo, n. 7, p. 37-60, 1999. DOI: 10.11606/issn.2317-2762.v0i7p37-60.
    https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762....
    ).
  • 4
    Cf. Santos ( 2019SANTOS, Luisa Acioli dos. O projeto da paisagem de sistema de parques e planos para o Recife (1917-1943). 2019. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano) –Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019. ).
  • 5
    Cf. Silva ( 2007 SILVA, Aline de Figueirôa. O projeto paisagístico dos jardins públicos do Recife de 1872 a 1937. 2007. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano) –Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007. Disponível em: https://bit.ly/4366yku . Acesso em: 10 mar. 2023.
    https://bit.ly/4366yku...
    ).
  • 6
    Ibid .
  • 7
    Waisman ( 2013WAISMAN, Marina. O interior da história: historiografia arquitetônica para uso de latino-americanos. São Paulo: Perspectiva, 2013. ).
  • 8
    Cf. Rojo e Porcel ( 1999ROJO, Tito; PORCEL, Manuel Casares. Especificidad y dificultades de la restauración en Jardinería. XXVII Boletín del Instituto Andaluz del Patrimonio Histórico, Andalucía, v. 7, n. 27, p. 138-145, 1999. ).
  • 9
    Em um dos primeiros artigos publicados na Itália sobre o restauro de jardins históricos, Desideria Pasoline dall’Onda em “Restauto del verde storico nella pianificazione del territorio”, de 1975, sintetiza bem o quanto é complexo trabalhar com o elemento vegetal de forma a manter o caráter projetual, e afirma: “Assim, a partir da realidade de hoje, o jardim no curso dos séculos sofreu várias sobreposições e metamorfose vegetal o que podemos deduzir que é necessário observa-lo e estuda-lo quase como um palimpsesto” (1975, p. 30). Nesse sentido, o palimpsesto no jardim histórico é entendido como uma sobreposição de camadas ao longo do tempo – umas mais visíveis que outras – e que devem ser lidas para uma efetiva ação de conservação, principalmente no processo de restauro, em que se deve escolher o tempo histórico a restaurar de forma a não cometer um falso artístico e/ou falso histórico. Assim, autores como Mario Catalano e Franco Panzini ( 1990CATALANO, Mario; PANZINI, Franco. Giardini storici: teoria e tecniche di conservazione e restauro. Roma: Officina, 1990. ), Carmen Añón-Feliú ( 1993AÑÓN-FELIÚ, Carmen. El jardín histórico: notas para una metodologia previa al proyecto de recuperación. In: Jardins et sites historiques. Madrid: Doce Calles, 1993. p. 312-325. ), Katie Fretwell ( 2001FRETWELL, Katie. Digging for history. In: CALNAN, Mike; FRETWELL, Kate. Rooted in history: studies in garden conservation. London: The National Trust, 2001. p. 63-83. ), Saúl Alcántara Onofre ( 2002ALCÁNTARA ONOFRE, Saúl. La arquitectura de jardines artísticos históricos. In: ALCÁNTARA ONOFRE, Saúl; ALAVID PÉREZ, Efren Arturo; MARTÍNEZ SÁNCHEZ, Félix Alfonso. Diseño, planificación y conservación de paisaje y jardines. México, DF: Universidad Autónoma Metropolitana, 2002. p. 17-28. ), Maria Adriana Giusti ( 2004GIUSTI, Maria Adriana. Restauro dei giardini: teorie e storia. Firenze: Alinea, 2004. ) e Joelmir Marques da Silva ( 2020SILVA, Joelmir Marques da. Restauro e integridade: do concreto ao efêmero. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 28, p. 1-35, 2020. DOI: 10.1590/1982-02672020v28e2.
    https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28...
    ), ao tratarem da conservação de Jardins Histórico, corroboram esse entendimento.
  • 10
    Cf. Añón-Feliú, op. cit.
  • 11
    Cf. Silva ( 2020SILVA, Joelmir Marques da. Restauro e integridade: do concreto ao efêmero. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 28, p. 1-35, 2020. DOI: 10.1590/1982-02672020v28e2.
    https://doi.org/10.1590/1982-02672020v28...
    ).
  • 12
    Cf. Best ( 1972BEST, John W. Como investigar en educacíon. Madrid: Morata, 1972. ).
  • 13
    Sobre o Parque… ( 1924SOBRE O PARQUE do Derby. Jornaes de hontem [Diario do Estado]. Diario de Pernambuco, Recife, p. 2, 11 out. 1924. , p. 2).
  • 14
    Pernambuco ( 1926PERNAMBUCO. Mensagem apresentada ao Congresso Legislativo em 7 de setembro de 1926, pelo Dr. Sergio Loreto, governador do Estado de Pernambuco. Recife, Sessão 3, legislatura 12, 1926. ).
  • 15
    Freyre ( 1924FREYRE, Gilberto. A restauração oportuna. Diario de Pernambuco. Recife, PE, p. 2, 18 out. 1924. , p. 2).
  • 16
    Ibid ., p. 2, grifo nosso.
  • 17
    Pernambuco ( 1924PERNAMBUCO. Mensagem apresentada ao Congresso Legislativo em 6 de março 1924, pelo Dr. Sergio Loreto, governador do Estado de Pernambuco. Recife, Sessão 3, legislatura 11, anexo 12, p. 92, 1924. ).
  • 18
    Op. cit. , p. 2.
  • 19
    Vida urbana… ( 1931VIDA URBANA: o Recife e a ação de Amauri de Medeiros. Diario de Pernambuco, Recife, p. 3, 3 dez. 1931. , p. 3).
  • 20
    Freyre ( 1955FREYRE, Gilberto. Revendo o Derby. Diario de Pernambuco, Recife, p. 4, 10 abr. 1955. , p. 4).
  • 21
    Op. cit ., p. 3.
  • 22
    Ibid .
  • 23
    As obras… ( 1924aAS OBRAS do Derby. Revista de Pernambuco, Recife, ano 1, n. 3, p. 16, 1924a. ) e Pernambuco ( 1925PERNAMBUCO que marcha. Fon Fon: Semanario Alegre, Politico, Critico e Espusiante, Rio de Janeiro, p. 1, 11 set. 1925. ).
  • 24
    A exposição… ( 1924aA EXPOSIÇÃO […] Flores e Plantas. Diario de Pernambuco, Recife, p. 3, 26 out. 1924a. , p. 2).
  • 25
    Jornaes de hontem ( 1924JORNAES de hontem. [Diario do Estado]. Diario de Pernambuco, Recife, p. 2, 19 dez. 1924. , p. 2).
  • 26
    Congresso do Estado… ( 1925CONGRESSO DO ESTADO. Camara dos Deputados. A Provincia, Recife, p. 1, 8 abr. 1925. , p. 1), Faculdade de Medicina… ( 1925FACULDADE de Medicina do Recife. Diario de Pernambuco, Recife, p. 3, 21 maio 1925. ) e Kelner ( 1997 KELNER, Salomão. A Faculdade de Medicina do Recife integrada à UFPE. Estudos Universitários, Recife, v. 19, n. 1, p. 153-192, 1997. Disponível em: https://bit.ly/43j5Gtb . Acesso em: 9 set. 2022.
    https://bit.ly/43j5Gtb...
    ).
  • 27
    Cf. Sá Carneiro e Silva ( 2007 SÁ CARNEIRO, Ana Rita; SILVA, Aline de Figueirôa. Os prenúncios do paisagismo moderno: o PARQUE do derby no “novo Recife” de 1925. CECI, Olinda, v. 9, p. 1-10, 2007. Disponível em: https://bit.ly/3MCNbug . Acesso em: 10 mar. 2023.
    https://bit.ly/3MCNbug...
    ).
  • 28
    As obras do Parque… ( 1924cAS OBRAS do Parque do Derby. Revista de Pernambuco, Recife, ano 1, n. 2, p. 40, ago. 1924c. , p. 40, grifo nosso).
  • 29
    A exposição… ( 1924aA EXPOSIÇÃO […] Flores e Plantas. Diario de Pernambuco, Recife, p. 3, 26 out. 1924a. , p. 2, grifo nosso)
  • 30
    Id ., 1924bA EXPOSIÇÃO. O grande êxito do certamen. O algodão e seus productos. Uma estatística interessante. As collecções do Instituto Archeologico. A sala do Livro e da Imprensa. O dia do Jockey Club. Diario de Pernambuco, Recife, p. 2, 21 out. 1924b. , p. 3.
  • 31
    Almanach de Pernambuco ( 1929ALMANACH DE PERNAMBUCO. Recife, ano 31, 1929. ).
  • 32
    Freyre ( 1955FREYRE, Gilberto. Revendo o Derby. Diario de Pernambuco, Recife, p. 4, 10 abr. 1955. , p. 4).
  • 33
    A actividade do Departamento… ( 1924A ACTIVIDADE do Departamento de Obras Publicas. As obras do Parque do Derby. Revista de Pernambuco, Recife, ano 1, n. 3, set. 1924. ).
  • 34
    Os terrenos do Derby ( 1924OS TERRENOS do Derby. As obras do Parque do Derby. Revista de Pernambuco, Recife, ano 1, n. 5, nov. 1924. ).
  • 35
    Uma obra administrativa… ( 1924UMA OBRA administrativa correspondendo às aspirações do povo. Revista de Pernambuco, Recife, ano 1, n. 6, dez. 1924. ).
  • 36
    O terceiro anniversário… ( 1925aO TERCEIRO anniversario do Governo. Revista de Pernambuco, Recife, ano 2, n. 17, nov. 1925a. ).
  • 37
    Id ., 1925bO TERCEIRO anniversario do Governo. A parada escolar no Derby. Revista de Pernambuco, Recife, ano 2, n. 18, p. 29, dez. 1925b. .
  • 38
    Freyre ( 1924FREYRE, Gilberto. A restauração oportuna. Diario de Pernambuco. Recife, PE, p. 2, 18 out. 1924. ).
  • 39
    Pernambuco ( 1925PERNAMBUCO. Mensagem apresentada ao Congresso Legislativo em 6 de março de 1925, pelo Dr. Sergio Loreto, governador do Estado de Pernambuco. Recife, Sessão 1, legislatura 12, 1925. ).
  • 40
    Almanach de Pernambuco ( 1929ALMANACH DE PERNAMBUCO. Recife, ano 31, 1929. ).
  • 41
    Exposição Geral de Pernambuco ( 1924aEXPOSIÇÃO Geral de Pernambuco. Diario de Pernambuco, Recife, p. 1, 29 ago. 1924a. , p. 1).
  • 42
    Id ., 1924bEXPOSIÇÃO Geral de Pernambuco. Jornal do Recife, Recife, p. 2, 20 set. 1924b. , p. 2.
  • 43
    Arborização da cidade ( 1927ARBORIZAÇÃO da cidade. Diario de Pernambuco, Recife, p. 1, 18 mar. 1927. , p. 1, grifo nosso).
  • 44
    O embellesamento dos jardins… ( 1928O EMBELLESAMENTO dos jardins de Recife. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 nov. 1928. ).
  • 45
    A actuação profícua… ( 1930A ACTUAÇÃO profícua e brilhante do Dr. Costa Maia a frente da Prefeitura do Recife. Brinquedo para creanças nos jardins do Recife. Ilustração Brasileira, Rio de Janeiro, ano 11, n. 121, set. 1930. ).
  • 46
    Festas ( 1930FESTAS. Diario de Pernambuco, Recife, p. 4, 2 nov. 1930. , p. 4).
  • 47
    Brinquedos para crianças… ( 1930BRINQUEDOS para crianças nos jardins do Recife. A Provincia, Recife, p. 8, 6 set. 1930. , p. 8).
  • 48
    A proposta da remodelação… ( 1931A PROPOSTA da remodelação do Bairro de Santo Antonio. Diario da Manhã, Recife, p. 1, 29 jan. 1931. , p. 1).
  • 49
    Cousas da cidade… ( 1935COUSAS da Cidade: os jardins do Recife. Diario de Pernambuco, Recife, p. 2, 28 maio 1935. , p. 2).
  • 50
    Cf. Marx ( 1987MARX, Roberto Burle. Arte e paisagem. São Paulo: Nobel, 1987. ).
  • 51
    Catalano e Panzini, op. cit.
  • 52
    Fretwell, op. cit ., p. 63, 65.
  • 53
    Rojo e Porcel, op. cit .
  • SILVA, Joelmir Marques da, SILVA, Jônatas Souza Medeiros da; FERREIRA, Italo Cintra; SILVA, Pollyana Martins da. Praça do Derby, o pitoresco jardim recifense. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 32, p. 1-25, 2024.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Abr 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    08 Jun 2023
  • Aceito
    30 Nov 2023
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