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“NA REAL PRESENÇA DE VOSSA MAJESTADE”: AS PETIÇÕES ULTRAMARINAS E A GOVERNAÇÃO COLONIAL (SÉCULO XVIII) 1 1 Parte das reflexões aqui discutidas tiveram origem em um curso de curta duração de pós-graduação ministrado na Unifesp, ao lado da Profa. Dra. Andréa Slemian, no âmbito do pós-doutorado desenvolvido na instituição com financiamento FAPESP (2019/00456-0) bem como das discussões estabelecidas no bojo do grupo de pesquisa “Circuitos oceânicos: petições e comunicação política da América portuguesa ao Império do Brasil” e no desenvolvimento do projeto “Petições Coloniais: comunicação política e representação social no Império Português”, coordenado por Andréa Slemian e financiado pela FAPESP (processo 2021/09104-0). Agradeço, ainda, ao Prof. Dr. Luiz César de Sá Jr. pelas indicações intelectuais e pela leitura atenta do manuscrito. A responsabilidade pelas considerações e opiniões aqui expostas são, como de maneira usual, da autora.

“IN YOUR MAJESTY’S ROYAL PRESENCE”: OVERSEAS PETITIONS AND THE COLONIAL GOVERNANCE (18TH CENTURY)

Resumo

O objetivo deste artigo é examinar o mecanismo peticionário como modalidade particular de comunicação política entre os vassalos do ultramar português, em especial da América Portuguesa, e o monarca, a partir de seu Conselho Ultramarino. Pretende-se perscrutar os vários usos das petições e seus enquadramentos nas lógicas governativas da colonização enquanto canal institucional amplo, multifacetado e dinâmico de relacionamento entre as pessoas e o poder régio sediado em Lisboa. Considerando as potencialidades analíticas da reconstituição ordenada do circuito petição - forma de tramitação - resposta, parte-se do corpus documental tutelado pelo Arquivo Histórico Ultramarino, cotejando tanto a documentação peticionária propriamente dita, na forma dos Avulsos, como os circuitos decisórios plasmados nos livros de registro da instituição (Códices). Em um primeiro momento, é feita uma análise discursivo-formal das petições. Em seguida, as dinâmicas jurídico-institucionais de tratamento e a resposta das petições das partes são discutidas, a partir dos Livros de Registro de Provisões do Conselho Ultramarino. A principal hipótese defendida é a de que as petições e suas vias de tramitação e resposta sinalizam práticas de governança, modelos de submissão e formas de controle nem sempre explicitados pela historiografia ou consideradas como meramente protocolares. Elas são, não obstante, reveladoras das práticas institucionais do complexo organizacional régio português em suas relações com as sociedades coloniais.

Palavras-chave:
Petições; Conselho Ultramarino; Império português; Provisões

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