Da África para o Brasil: detecção de parasitos africanos de Oreochromis niloticus em pisciculturas brasileiras

Resumo

Objetivo

Avaliar a introdução de parasitos branquiais de Oreochromis niloticus na bacia do rio Paranapanema, norte do Paraná, sul do Brasil, assim como inventariar suas ocorrências em pisciculturas brasileiras e discutir os riscos de transmissão para a fauna nativa.

Métodos

As brânquias de 632 espécimes de peixes de quatro estações de piscicultura na bacia do rio Paranapanema foram analisadas. Os parasitos foram coletados, processados e identificados de acordo com procedimento específico. A revisão da literatura foi realizada para compilar registros de ocorrência de espécies parasitas branquiais em outras bacias hidrográficas brasileiras.

Resultados

Um total de sete (7) espécies de parasitos foi registrado, sendo cinco (5) do gênero Cichlidogyrus, uma (1) de Scutogyrus (Ancyrocephalidae, Monogenoidea) e uma (1) de Lamproglena, Lamproglena monodi (Copepoda, Lernaeidae), todas nativas da África. Algumas dessas espécies foram registradas em pisciculturas localizadas em outras cinco bacias hidrográficas brasileiras. No entanto, neste estudo, um número maior de espécies parasitas africanas foi registrado em pisciculturas no norte do Paraná (sete espécies), na bacia do rio Paranapanema, sendo Cichlidogyrus rognoni relatada apenas para essa bacia.

Conclusões

Os resultados confirmam a introdução destes parasitos africanos juntamente com o hospedeiro O. niloticus e o estabelecimento dessas espécies em águas brasileiras, uma vez que muitos espécimes pertencentes às espécies aqui identificadas apresentaram atividade reprodutiva por pelo menos um período do ano. Embora apenas L. monodi tenha sido registrada parasitando espécies nativas brasileiras, dados relatados para outros países demonstram o risco iminente de transmissão desses parasitos de O. niloticus para ciclídeos nativos.

Palavras-chave:
água doce; espécies não nativas; invasão; Neotropical; tilápia do Nilo