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Hepatite C no sistema público de saúde brasileiro: impacto da doença

RESUMO

CONTEXTO:

A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) é uma das principais causas de hepatite C crônica e provoca implicações graves para pacientes, familiares e sistema de saúde.

OBJETIVO:

Os objetivos deste estudo foram: analisar a gravidade da fibrose hepática, comorbidades e complicações da hepatite C; examinar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), a perda de produtividade e o uso de recursos e custos no sistema público por pacientes brasileiros com hepatite C crônica, genótipo tipo 1.

MÉTODOS:

Foi realizado um estudo transversal, multicêntrico em pacientes com hepatite C crônica genótipo-1 para avaliar a carga da doença no sistema público de saúde brasileiro entre novembro de 2014 e março de 2015. Os pacientes foram submetidos a uma elastografia hepática transitória (FibroScan) para avaliar a fibrose e a uma entrevista composta por um questionário desenvolvido para o estudo e cinco questionários padronizados: EQ-5D-3L, HCV-PRO, e WPAI:HepC.

RESULTADOS:

Foram recrutados 313 pacientes. A amostra foi composta predominantemente por mulheres (50,8%), caucasianos/brancos (55,9%) e indivíduos empregados (39,9%). A média de idade foi 56 (DP=10,4) anos. Em média, os pacientes com HCV esperaram 40,6 (DP=49,6) meses entre o diagnóstico e o primeiro tratamento. Ademais, 42,8% dos pacientes que realizaram o FibroScan tinham cirrose; a comorbidade mais frequente foi doença cardiovascular (62,6%) e a complicação mais comum as varizes esofágicas (54,5%). Os resultados também mostraram que “dor e desconforto” foi a dimensão de QVRS mais afetada (55,0% dos pacientes relataram alguns problemas) e que a média do escore do HCV-PRO foi 69,1 (DP=24,2). Em relação à perda de produtividade, o componente do WPAI:HepC mais afetado foi atividade diária (23,5%) e entre os pacientes empregados, presenteísmo foi mais frequente do que absenteísmo (18,5% vs 6,5%). Os custos diretos médicos totais com essa amostra foi de 12.305,72USD por paciente em um período de dois anos; o tratamento medicamentoso representou 95% desse total.

CONCLUSÃO

Esse estudo mostrou a maioria dos pacientes possui cirrose, apresenta alta prevalência de doenças cardiometabolicas e varizes esofágicas, QVRS reduzida principalmente em termos de dor/desconforto e dano na produtividade, especialmente presenteísmo. Adicionalmente, nós demonstramos que o HCV impõe uma carga econômica no sistema de saúde brasileiro e que os medicamentos correspondem à maioria dos custos.

DESCREITORES:
Hepatite C; Cirrose hepática; Qualidade de vida; Efeitos psicossociais da doença

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