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Gastrostomia endoscópica percutânea em crianças e adolescentes: 15 anos de experiência em um hospital terciário

RESUMO

CONTEXTO:

A gastrostomia endoscópica percutânea (GEP) é uma importante opção de nutrição enteral para crianças e adultos, sendo considerada uma técnica segura, eficaz e vantajosa em comparação às outras vias de alimentação complementar. Permite a alimentação contínua, a alimentação em pacientes com distúrbios de deglutição de causa neurológica ou outros, a administração de dietas ou medicamentos não palatáveis, todos com baixos índices de complicações e mortalidade.

OBJETIVO:

Avaliar as principais indicações e complicações de pacientes pediátricos submetidos à GEP e o impacto no estado nutricional de pacientes submetidos à GEP para suplementação nutricional, comparando peso, índice de massa corporal (IMC) e estatura com referências da Organização Mundial de Saúde.

MÉTODOS:

Estudo observacional e retrospectivo de 152 crianças e adolescentes submetidos à GEP, no período de janeiro/2003 a dezembro/2018. Foram incluídos pacientes até 18 anos de idade na época do procedimento. As complicações relacionadas ao procedimento foram divididas em menores e maiores. Pacientes com indicação de GEP para suplementação nutricional foram avaliados quanto ao ganho de peso, altura e IMC, por meio do escore Z no dia do procedimento e 6 meses; 1 ano; e 2 anos após o procedimento.

RESULTADOS:

As indicações para GEP foram distúrbio de deglutição de causa neurológica (67,1%), necessidade de suplementação nutricional (25%), distúrbio de deglutição de origem mecânica (6,6%), e indicação de descompressão gástrica (1,3%). Complicações menores ocorreram em 57,8% dos pacientes e complicações maiores em 9,8%. A técnica de tração correspondeu a 92,1% e a punção, 7,9%. A taxa de mortalidade foi de 1,3%. Trinta e oito pacientes tinham indicação de suplementação nutricional. Nestes, houve aumento gradativo tanto do IMC quanto do peso, com variação estatisticamente significativa da mediana P=0,0340 e P=0,0105, respectivamente, mais evidente nos pacientes renais crônicos. A altura não variou significativamente (P=0,543).

CONCLUSÃO:

A GEP mostrou-se uma opção vantajosa como forma auxiliar de alimentação em pacientes pediátricos, tendo como principais indicações a disfagia de causa neurológica e a necessidade de suplementação nutricional, com baixa prevalência de complicações maiores e mortalidade. Este estudo também mostrou a importância da GEP em pacientes com necessidade de suplementação nutricional, possibilitando a passagem dos pacientes desnutridos para escores nutricionais de peso adequados à idade.

Palavras-chave:
Gastrostomia endoscópica percutânea; indicações; complicações; complementação nutricional

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