Acessibilidade / Reportar erro

Distúrbios funcionais esofágicos na avaliação pré-operatória de cirurgia bariátrica

RESUMO

CONTEXTO:

A obesidade é fator de risco independente para sintomas esofagianos, doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e alterações motoras. Pacientes com obesidade tipo III, candidatos à cirurgia bariátrica foram submetidos a endoscopia digestiva alta (EDA) e também realizaram esofagomanometria (EMN) e pHmetria prolongada (PHM) como parte da avaliação pré-operatória.

OBJETIVO:

Em um grupo de pacientes com obesidade tipo III em pré-operatório de cirurgia bariátrica, descrever os achados endoscópicos, manométricos e pHmétricos, correlacionando-os com a presença de sintomas típicos de DRGE.

MÉTODOS:

Estudo retrospectivo, de pacientes com obesidade tipo III, candidatos a cirurgia bariátrica. A avaliação clínica focalizou a presença de sintomas típicos de DRGE (pirose/regurgitação); todos foram submetidos a EMN, PHM e a maior parte à EDA, realizada previamente.

RESULTADOS:

Foram incluídos 114 pacientes, 93 (81%) do sexo feminino, média de idade de 36 anos e IMC médio de 45,3. Sintomas típicos de refluxo foram referidos por 43 (38%) pacientes e 71 (62%) eram assintomáticos. EDA foi realizada por 82 (72%) pacientes, havendo anormalidades esofagianas em 36 (42%). Entre os anormais, havia hérnia hiatal (HH) em 36%, esofagite erosiva (EE) em 36% e HH + EE em 28%. A EMN foi anormal em 51/114 (45%). Entre os anormais, predominou o esfíncter esofagiano inferior (EEI) hipotenso em 32%, seguido por motilidade esofagiana ineficaz (MEI) em 25%, esôfago em quebra-nozes (19%), EEI hipotenso + MEI (10%), EEI intra-torácico (6%), EEI hipertenso (4%), aperistalse (2%) e acalasia (2%). Dentre os 43 sintomáticos, 23 (53%) apresentavam EMN anormal, sendo que em 31 dos 71 (44%) assintomáticos a EMN também era anormal (P=0,30). A PHM revelou refluxo anormal em 60 (53%) pacientes. Predominou o refluxo anormal biposicional (42%) seguido do refluxo supino (33%) e refluxo ereto (25%). Dentre os 43 pacientes sintomáticos, 26 (60%) apresentavam PHM anormal, sendo que em 34 dos 71 assintomáticos a PHM também era anormal (48%) - P=0,19.

CONCLUSÃO:

Alterações manométricas foram comuns em obesidade tipo III, sendo as mais frequentes o EEI hipotenso, seguida de motilidade ineficaz. A maioria dos pacientes era assintomática. Mais da metade dos pacientes apresentou refluxo anormal à PHM. Não houve diferença significativa entre o achado de refluxo anormal e a presença de sintomas. Não houve relação entre o achado de alterações motoras e a presença de sintomas.

Palavras-chave:
Cirurgia bariátrica; obesidade; alterações funcionais do esôfago

Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas de Gastroenterologia e Outras Especialidades - IBEPEGE. Rua Dr. Seng, 320, 01331-020 São Paulo - SP Brasil, Tel./Fax: +55 11 3147-6227 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: secretariaarqgastr@hospitaligesp.com.br