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Tumores carcinóides do cólon: estudo clinicopatológico de 23 doentes de uma única instituição

CONTEXTO: Carcinóides cólicos, excluindo aqueles que se originam no apêndice cecal, são extremamente raros. Devido a esta raridade, as características e comportamento desta neoplasia permanecem indefinidas. OBJETIVO: Rever as características clinicopatológicas de doentes operados por carcinoma cólico. MÉTODO: Vinte e três doentes (12 homens e 11 mulheres) foram operados. A média de idade dos doentes foi de 63,0 ± 12,9 anos (42 a 85 anos). Os dados clínicos e histopatológicos dos doentes com diagnóstico patológico de tumor carcinóide e submetidos ao tratamento cirúrgico no período de 30 anos (1977-2007) foram obtidos a partir dos prontuários. A sobrevivência atuarial dos doentes foi estimada pelo método de Kaplan-Meier, considerando-se como óbito específico aquele devido ao tumor carcinóide. Resultados - A média de tempo decorrida entre o início dos sintomas e o tratamento cirúrgico foi de 8,3 meses (1,5 a 20 meses). O sintoma mais frequente encontrado foi dor abdominal seguida por anorexia ou perda de peso, diarréia, massa abdominal palpável e sangramento pelo reto. Não foram observados doentes com síndrome carcinóide. A lesão estava localizada no ceco em 16 (69,6%) doentes, no cólon sigmóide em 3 (13,0%), no colo ascendente em 3 (13,0%) e no cólon transverso em 1 (4,3%). Vinte e um (91,3%) doentes foram operados com intenção curativa. Disseminação da doença para o fígado e peritônio foi encontrada em dois (8,7%) doentes que foram submetidos ao desvio intestinal. A média do tamanho das lesões intestinais foi 3,7 ± 1,2 cm (1,5 a 6,2 cm). Lesões múltiplas (duas ou mais) ocorreram em três (13,0%) casos. Nas lesões ressecadas, os linfonodos estavam comprometidos em 10 (47,6%) e livres em 11 (52,4%). Invasão venosa e infiltração neural estavam ambas presentes em cinco (23,8%) doentes. A neoplasia penetrava a muscularis propria em todos as lesões ressecadas. Quatro (17,4%) doentes apresentaram outra neoplasia maligna primária. Três (13,0%) doentes faleceram devido a complicações pós-operatórias e outros cinco (21,7%) morreram devido às metástases metacrônicas ou recidiva local. Quinze doentes (65,2%) permanecem vivos e sem sinais de doença ativa. A média do período de seguimento foi de 12 anos (1,2 a 18 anos), a média de tempo de sobrevivência foi de 50,7 ± 34,2 meses e o índice de sobrevivência de 5 anos foi 62.7%. CONCLUSÕES: Os tumores carcinóide do cólon localizam-se, geralmente, no cólon direito e podem ser clinicamente ocultos até que atinjam estádios avançados. Devido ao índice relativamente baixo de sobrevivência, é recomendado que, além da ressecção cirúrgica padronizada, seja realizada vigilância intensa para doença metastática, especialmente durante os 2 primeiros anos após a operação. Doentes com carcinóide do cólon necessitam de avaliação de todo o trato gastrointestinal para verificar a presença de outras neoplasias malignas primárias, além de seguimento pós-operatório por período maior de tempo, pois a recidiva após 5 anos não é incomum.

Neoplasias colorretais; Tumor carcinóide; Carcinoma neuroendócrino


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