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Papel da biópsia da incisura angular no estadiamento da gastrite e na avaliação de risco do câncer gástrico

RESUMO

Contexto:

A atrofia gástrica (AG) e a metaplasia intestinal (MI) são estágios iniciais do desenvolvimento do câncer gástrico. As avaliações são baseadas no Sistema de Sydney Atualizado, que inclui uma biópsia da incisura angular (IA), e nos sistemas de estadiamento de risco de câncer gástrico Operative Link on Gastritis Assessment (OLGA) e Operative Link on Gastritis Assessment using Intestinal Metaplasia (OLGIM).

Objetivo:

Comparar as classificações OLGA e OLGIM com e sem biópsia da IA. Além disso, determinar a prevalência de Helicobacter pylori (HP) e alterações pré-neoplásicas (AG e MI) em diferentes regiões biopsiadas e identificar os achados exclusivos da IA.

Métodos:

Estudo observacional, prospectivo, descritivo, unicêntrico, com 350 pacientes sem diagnóstico de câncer gástrico, submetidos à endoscopia digestiva alta com biópsias na Gastroclínica Itajaí, no período de março de 2020 a maio de 2022. A classificação histopatológica da gastrite seguiu o Sistema de Sydney Atualizado, e a avaliação do risco de câncer gástrico seguiu os sistemas OLGA e OLGIM. A metodologia aplicada avaliou os escores dos sistemas OLGA e OLGIM com e sem a avaliação da biópsia da IA. A análise estatística foi realizada por meio de medidas descritivas (frequências, porcentagens, média, desvio padrão, intervalo de confiança de 95%). As classificações foram comparadas usando os testes de Kruskal-Wallis ou Wilcoxon. Para analisar a relação entre as frequências, foi usado o teste exato de Fisher bilateral. O escore de Wilson com correção de continuidade foi aplicado ao intervalo de confiança.

Resultados:

A idade média foi de 54.7 anos, com 52.57% de pacientes do sexo feminino e 47.43% do sexo masculino. A comparação entre o protocolo de biópsias utilizado (corpo + antro [CA] vs corpo + antro + incisura angular [CAI]) e os estágios OLGA e OLGIM mostrou uma diminuição significativa em ambos os sistemas de estadiamento quando o protocolo de biópsia restrito ao corpo e ao antro foi aplicado (OLGA CAI vs CA; P=0.008 / OLGIM CAI vs CA; P=0.002). A prevalência de lesões pré-malignas (GA, MI e displasia) da mucosa gástrica foi de (33.4%, 34% e 1.1%, respectivamente) na amostra total. A região do antro exibiu um número significativamente maior de alterações (P<0.001), com exceção da infecção por HP, que estava presente em 24.8% dos pacientes.

Conclusão:

A biópsia de IA é importante porque aumentou o número de casos diagnosticados em estágios mais avançados de MI e AG. O estudo teve limitações, sendo a principal delas o tamanho relativamente pequeno da amostra, composta principalmente por indivíduos saudáveis, embora em sua maioria idosos.

Palavras-chave:
Câncer gástrico; atrofia gástrica; metaplasia intestinal; diagnóstico; fator de risco; Helicobacter pylori

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